Revista Preguiça do PET-Letras – 2ª edição

04/12/2020 15:39

A revista (des)acadêmica do PET Letras proporciona a interação social e criativa dos alunos dos diversos cursos de graduação da universidade.

A segunda edição conta com produções literárias de estudantes dos cursos de Letras da UFSC, além das ilustrações e colagem de duas artistas mais que especiais!

Após três anos, a Preguiça retorna de cara nova, organizada e produzida integralmente por mulheres.

Agora deixa de preguiça e vem conhecer essa edição lindona!

Boa leitura!

 

*Ilustração por Lara Norões Albuquerque

PDF DA REVISTA AQUI

 

#fotodescrição: Sequência de ilustrações em forma similar a de aquarela de três rostos do bicho-preguiça, da esquerda para a direita as ilustrações passam de tons mais escuros para tons mais claros, todas em escala de cinza.

Comunicação não violenta: uma forma empática de se relacionar

30/11/2020 19:12

Mayumi Motta Esmeraldino,
Bolsista PET-Letras
Letras Francês

Você já ouviu falar em Comunicação não violenta? Sabe como funciona e para que serve?

A CNV (Comunicação não violenta) foi desenvolvida pelo psicólogo norte americano Marshall Rosenberg, que após crescer em uma realidade inamistosa queria entender como pessoas que passaram por situações hostis conseguiam desenvolver relações afetuosas. Trata-se de uma metodologia comunicacional baseada na observação de si e do outro, que leva a conexões mais profundas, motiva o indivíduo a ter maior compaixão e o auxilia no desenvolvimento da empatia.

Fonte: imagem da internet*

Com a utilização da CNV é possível desenvolver relações mais afetuosas, se libertar das falhas de comunicação, ser claro sem ofender, resolver conflitos de maneira amorosa e ainda distinguir emoções de sentimentos. As comunicações ficam mais fluidas, a divergência se perde e nossas falas passam a um lugar de maior conivência com os nossos valores, gerando relações mais significativas e verdadeiras.

A CNV se desenvolve em quatro passos não mecânicos, que nos ajudam a organizar e entender nossas ideias, sentimentos e necessidades para comunicar. São eles a observação, sentimentos, necessidades e pedido.

(1) Observação: o primeiro passo da CNV é observar de maneira mais neutra possível o que está acontecendo em determinada situação, o que incomoda ou não em nós e no outro, sem criar julgamentos. O julgamento nos afasta de uma escuta empática, desvalidando o outro e consequentemente nos coloca em uma linguagem de defesa, o que pode gerar conflito.

(2) Sentimentos: o segundo passo da CNV, após observar de maneira neutra, é a distinção do que é emoção e do que é sentimento. A partir disso, identificamos quais sentimentos estão sendo gerados em nós e no outro com determinada situação. É importante que esses sentimentos sejam nomeados para que possam ser expressados. Mágoa, medo, raiva, felicidade etc.

(3) Necessidades: o terceiro passo é onde encontramos a empatia. Ao conseguirmos entender a necessidade do outro, que está intrinsicamente ligada aos sentimentos gerados, conseguimos também nos colocar no lugar dele, nos igualamos e então a empatia é criada. Da mesma forma, podemos perceber as nossas próprias necessidades. Rosenberg afirma que por trás de todo comportamento agressivo existe uma necessidade não atendida. Quando expressamos o que necessitamos deixando explícito os sentimentos ligados ao que queremos, com compaixão e empatia, as probabilidades de sermos atendidos é muito maior.

Um exemplo que Rosenberg dá em seu livro, intitulado Comunicação Não Violenta, exemplifica de forma simples estes três primeiros passos.

Roberto, quando eu vejo duas bolas de meias sujas debaixo da mesinha e mais três perto da TV (observação), fico irritada (sentimento), porque preciso de mais ordem no espaço que usamos em comum (necessidade). (ROSENBERG, 2003, p. 26).

(4) Pedido: o pedido possivelmente é o passo mais difícil, pois precisa ser específico. Do contrário, os passos anteriores não surtirão os efeitos desejados. Rosenberg sugere que nesse passo se usa uma linguagem positiva, em forma de afirmação e que se evite solicitações vagas.

Você poderia colocar suas meias no seu quarto ou na lavadora? (ROSENBERG, 2003, p. 26).

A CNV é uma forma de reavaliarmos a nossa forma de falar e de escutar, de criar uma ponte para comunicações mais eficazes, de inclusão do diferente e, ainda, de autoconhecimento. Reconhecer o que sentimos, o que necessitamos e fazer pedidos, nos tira do piloto automático, tornando-se assim um grande desafio, mas que pode ser um agente transformador para uma sociedade mais evoluída. A CNV pode ser aplicada nas relações afetivas, familiares, no trabalho e até mesmo com desconhecidos, basta que se esteja aberto a se aprofundar em si e no outro.

Agora que você já conhece a CNV, vamos praticá-la!

Referência: 
ROSENBERG, Marshall. Comunicação Não Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 2. ed. São Paulo: Ágora, 2003.

* descrição da imagem: desenho texturizado do perfil de duas pessoas destacadas em cinza de frente uma para a outra diante de um fundo rosa pastel.  À esquerda há uma pessoa que tem, dentro de sua cabeça, uma nuvem azul caindo gotas de chuva e dois raios amarelos saindo dessa nuvem. Ela toca a pessoa da direita colocando a mão sobre o ombro dela. A pessoa da direita tem,  dentro de sua cabeça, uma nuvem azul menor com menos gotas de chuva e um sol resplandecente amarelo saindo de trás da nuvem para sua direita.

 

Tags: comunicaPET

Filmes como Resposta aos Dilemas Linguísticos do Castelhano

25/11/2020 17:01

 Sarah Ortega,
Bolsita PET-Letras
Letras Espanhol

A aprendizagem de um novo idioma é, na maioria dos casos, um grande desafio. Lidar com todas as frustrações, que esse lento e complexo processo de estudo requer, exige um considerável jogo de cintura. Afinal, aprender uma nova sintaxe, novos sons fonéticos (nas línguas orais), superar uma limitação expressiva, não é uma tarefa fácil.

Contudo, não cortemos as asas desses seres corajosos aspirantes a bilíngues ou poliglotas. Apesar dos pesares, aprender uma língua poderá ser um momento de crescimento pessoal, profissional e de divertimento. Sendo assim, por que não apimentar essa labuta com uma aprendizagem mais descontraída?

Reflitamos sobre o uso de produções cinematográficas na aprendizagem de línguas. Filmes, séries ou curtas-metragens podem oferecer uma grande ajuda por darem conta de abarcar múltiplos fatores que afetam a língua: a compreensão oral/ gestual, ritmo/ prosódia, conhecimento das expressões em uso num determinado contexto, como os falantes se relacionam, as comidas, vestimentas…  Por meio dessas produções, há um vasto universo de conhecimentos linguísticos, culturais e históricos que podem ser trabalhados.

Tomo como exemplo o idioma castelhano:
Existe uma grande reflexão acerca dos usos dos pronomes de segunda pessoa — Tú, vos, usted — que variam conforme contextos de formalidade e informalidade, dependendo do país o emprego de um não é tão comum ou a lógica de uso pode se inverter. Tal dilema é muito bem trabalhado em alguns filmes em que aparecem diversas reflexões acerca desse uso da segunda pessoa e do que se pode inferir.

Talvez pareça um clichê ter como primeiro exemplo a série espanhola “La casa de papel”, mas há uma cena, em específico, que expressa com perfeição meu ponto sobre uma das reflexões linguísticas acerca da segunda pessoa. Neste caso peninsular: a mudança de Usted (formal) para Tú (informal), condiz a uma aproximação dos falantes, que estão se envolvendo amorosamente.

Fonte: imagens 1 e 2 de “La casa de papel” (lado a lado)*

Como segundo exemplo, trago a recente série do Netflix “Alguien tiene que morir

Fonte: imagens 3, 4 e 5 de “Alguien tiene que morir” (unidas em sequência)**

Ainda na região peninsular: a mudança do uso de usted (formal) para tú (informal), pode ser interpretado como uma afronta e resistência decolonial por parte da mulher mexicana mais nova, que seria a nora de uma espanhola elitista e xenófoba. Através do contexto, compreende-se que a persistência do uso “Tú” pela nora na terceira imagem é uma forma de tratar de igual por igual, em outras palavras, romper com a hierarquia e estabelecer uma relação simétrica.

Por fim, a possibilidade de ensino por meio de filmes é tremenda, não excluo aqui a relevância dos livros didáticos, obras literárias ou dicionários, mas uma tentativa de abarcar textos não tão presentes no estudo/ensino de idiomas. Sendo assim, que tal dar um tempo na gramática e ver um filme no idioma que deseja aprender? Talvez, não solucione algumas dúvidas que outras ferramentas podem sanar, mas estou certa de que não sairá perdendo – em quesitos linguísticos!

Descrição das imagens:

* Imagem 01: Printscreen cena da série “La casa de papel”. Na imagem de fundo fosco, estão presentes dois personagens, um deles o Professor – possui cabelo castanho liso, usa óculos, tem barba e veste uma camisa branca, gravata e blazer cinzas. Em segundo, está Raquel, uma mulher de cabelo longo, liso e castanho claro, na cena veste um blazer preto. Ambos estão posicionados de perfil e muito próximos. Há no print uma legenda de letras brancas escrito em espanhol, que corresponde a fala de Raquel: “Ya va siendo hora de dejar de tratarnos de usted, ?no crees?”

*Imagem 02: Printscreen da continuação da cena descrita na primeira imagem, Professor e Raquel, igualmente posicionados, há uma legenda indicando a fala do Professor para Raquel com letras roxas que dizem: “Yo creo que es momento de tutearnos, sí.”

**Imagem 03: Printscreen da série “Alguien tiene que morir”. Há um fundo fosco em que podemos distinguir um abajur aceso. Focado em uma velha senhora, cabelos lisos e presos, usa brincos de ouro e sobre seu blazer preto há um broche de uma pena, também de ouro. A imagem possui legenda em dizeres brancos que indicam a fala da senhora: “¿Ya no me tratas de usted?”

**Imagem 04: Printscreen de continuação da cena, a velha continua sua fala: “Pero, ¿qué se puede esperar de una mexicana cualquiera?”

**Imagem 05: Printscreen de continuação da cena, agora a imagem mostra a figura de uma mulher sentada em uma cadeira. A mulher tem cabelos lisos e castanhos que vão até seus ombros, veste um grande sobretudo marrom. Há legenda indicando sua fala em dizeres brancos: “No se puede confiar en alguien como tú”.

Tags: comunicaPET

I Jornada de Educação e Diversidade do PET Letras UFSC: por uma educação anticapacitista

19/11/2020 21:08

Entendendo que a educação de qualidade é um direito de todos, é urgente que se considerem em nossos debates sobre o assunto também os vários atravessamentos que interferem e compõe esse processo, como gênero e sexualidade, raça e etnia, etc., já que nós, professores e estudantes, somos todos parte da diversidade humana. Nessa perspectiva, a I Jornada de Educação e Diversidade do PET Letras UFSC: por uma educação anticapacitista surge da necessidade de se promover discussões que não só considerem a diversidade e as diferenças no âmbito da educação, mas também sejam constituídas, dentro das possibilidades, pelos próprios sujeitos. O grupo das pessoas com deficiência compõe uma minoria que precisa estar em constante luta, seja pelo respeito aos seus direitos e acessibilidade para suas atividades diárias, seja pelo mínimo de respeito que lhes é negado de tantas formas todos os dias.

Levando em conta que ainda são poucas  as discussões que tematizem de forma tão aberta as questões  das pessoas com deficiência e sua relação com a docência, que tanto nos toca enquanto cursos de letras, este evento será um importante canal para troca de informações relevantes e experiência entre pessoas com e sem deficiência, pesquisadores, discentes e docentes, ainda mais com seu alcance potencializado por seu formato on-line. Precisamos abrir espaços para que questões como essa sejam visibilizadas e consideradas de forma cuidadosa e responsável, contribuindo para aumentar e fortalecer esse debate dentro e fora da academia.

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PROGRAMAÇÃO:

02 de dezembro
19h00

Palestra de abertura:
Educação e Diversidade: o que é capacitismo?

Adriana Dias
Mestre e Doutora em Antropologia Social pela UNICAMP.

03 de dezembro
14h00

Mesa redonda:
O (anti)capacitismo no âmbito universitário.

Moderador: Daniel Guilherme Gonçalves – PET-Letras UFSC

Acauã Pozzino
Graduando em Letras Espanhol (UERJ)

Saulo Wellington
Graduando em Letras Inglês (UFCG)

João Gabriel Ferreira
Egresso de Letras Libras (UFSC)

19h00

Mesa redonda:
Professores/as por uma educação anticapacitista.

Moderadora: Ana Maria Santiago – PET-Letras UFSC

Luana Tillmann
Professora no Instituto Federal Catarinense

Tarso Germany Dornelles
Professor na rede pública da grande Florianópolis

Luciana Viegas
Professora na rede municipal de São Paulo

Inscrições, clique aqui!

Veja nosso convite em Libras:

A cidade onde não estamos: representatividade de pessoas com deficiência

17/11/2020 15:17

Ana Maria Santiago,
Bolsista de Acessibilidade
Letras – Português

Quantas pessoas com deficiência frequentam os mesmos lugares que você? E os seus círculos de convivência? Quantas são suas colegas, professoras, amigas? Essa pergunta é feita com certa frequência em relação às outras minorias, mas, mesmo assim, geralmente, estamos no final da lista. Dessa lista de minorias, que nem deveria existir. Só que dizer que a opressão contra as pessoas com deficiência é estrutural também significa que existe um lugar que querem que ocupemos para que outros continuem a ocupar o seu lugar de privilégios.

Fonte: imagem da internet*

Voltando à pergunta inicial. Já tem a resposta? Então, por quê? Será que somos poucos? Será que queremos ficar em casa? Na realidade, acho que sabemos que está longe de ser tão simples quanto isso. Por que não estamos em todos esses lugares? Talvez porque nos ensinaram que não deveríamos estar, não é mesmo? Não com uma palavra ou outra, mas sistematicamente por meio de atitudes cotidianas. É possível dizer que nossa presença, por vezes, incomoda. Sabe o porquê disso? Porque somos encarados como “um desafio”; porque nos querem em casa e em alguns instituições específicas; porque acham que não somos responsabilidade de ninguém; porque você, agora mesmo, está duvidando de todas essas coisas.

E a cidade? A cidade, arquitetonicamente planejada, nos diz que não pertencemos a ela. As calçadas, os prédios e as paisagens, enfim, as pedras e todo o concreto gritam que foram feitos para um tipo de pessoa que não somos nós. O ônibus passando impassível e o semáforo silencioso sussurram ou mesmo gritam que precisamos nos adaptar, não o contrário. Contudo, ninguém deveria precisar se adaptar à própria cidade, não é mesmo? Pois é. Motivos práticos não faltam. Além disso, a informação que só chega em um formato, em uma foto ou em três línguas, sendo que nenhuma delas é Libras, por exemplo. O fato é a cidade em que não estamos. Não estamos, por quê?

Quando estamos, somos considerados heróis do “por causa” ou do “apesar”; somos a sua fonte inesgotável de dúvidas previsíveis, até desconfortáveis, às vezes. Só que quando importa, vocês não perguntam. Acreditam que sabem o que é melhor para quem somos. Ah, claro que sabem. Somos um suposto modelo de muitas coisas. Todas erradas. Por trás de tudo o que você acha que sabe sobre nós, não somos. De novo: o que resta? Alguém tentando viver a própria vida.

Todavia, uma vez mais, e a pergunta inicial? Estamos falando de uma estrutura, aquela lá dos privilégios, mas também de tantas outras coisas. Ou seja, não é acidental o fato de você conhecer poucas pessoas com deficiência. Ou se envolver com poucas de nós. Não quer dizer que outros fatores também não interfiram, mas pense. Por que não estamos? Pensei, por um tempo, que com quem nos relacionamos ocupasse um âmbito muito individual, mas as nossas relações também são políticas. E, então, ficam as perguntas: quantas pessoas com deficiência frequentam os mesmos lugares que você? E os seus círculos de convivência? Quantas são suas colegas, professoras, amigas?

*Descrição da imagem: A imagem apresenta uma rua com um pouco de água acumulada no chão onde há quatro pares de calçados alinhados horizontalmente na parte superior da imagem. Diante os calçados, há a projeção das sombras de quatro pessoas jovens sobre o chão molhado. A parte superior direita da imagem está mais iluminada e as luzes vão se tornando mais suaves em direção a parte inferior e o lado esquerdo.

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Ócio: vida de preguiça ou de descanso?

12/11/2020 19:36

Nicole da Cruz Rabello,
Bolsista PET-Letras
Letras Inglês

Hoje, quero falar um pouco sobre a pressão de sempre ser produtivo e de manter a sua saúde mental no meio de uma pandemia.

Fonte: Imagem da Internet*

No início do ano, quando a pandemia começou, ali pelo mês de março. Muitos se assustaram, pois, diversas atividades, tanto acadêmicas quanto profissionais, tiveram que parar ou ser radicalmente alteradas. Para alguns durou quinze dias, um mês ou mais, para outros já se passaram sete meses. O fato de ninguém estar preparado foi um ponto bem negativo para nossa saúde mental e física. Além disso, alguns precisaram estar em casa por muito tempo sem saber o que fazer para se manter bem e, até mesmo, como ocupar a mente.

Entretanto, com esse movimento de ter que fazer algo, muitos empregos trouxeram aos seus funcionários o home office. Essa categoria de trabalho se tornou muito popular nesta quarentena, porém tem seus prós e contras. Alguns prós seriam: 1) você pode, na maioria das vezes, organizar seu próprio horário de trabalho; 2) há possibilidade de se dormir um pouco mais, já que não há que se locomover de casa até o trabalho; 3) é possível passar mais tempo com a família e investir mais no lazer.

Por outro lado, alguns dos pontos negativos seriam: 1) ter que lidar com a pressão, tanto pessoal quanto do emprego, por produtividade; 2) não poder estabelecer contato presencial face a face com amigos e colegas de trabalho ou da faculdade — assim como somos seres humanos e fomos feitos para estar em sociedade, o fato de não ter mais essa interação humana prejudica o psicológico; 3) necessidade de uma imediata organização e disciplina dos novos hábitos. Para mim, pessoalmente, foi muito difícil manter tudo isso na minha vida durante a quarentena. Creio que para muitos também foi. Digo isso, pois eu sempre tinha o ambiente do trabalho e o ambiente de lazer separados, e, com a pandemia, tudo se misturou em uma coisa só.

Essa pressão social por produtividade pode ser contextualizada e analisada por diversos pontos de vista tanto sociais quanto econômicos. No passado, há muito tempo, conta-se que, em algumas culturas, o ócio não era um problema. Em certas sociedades, as pessoas trabalhavam em um dado ambiente, por um certo período, como, por exemplo, em um campo ou fazenda, e, então, ao anoitecer, iam para suas casas descansar. Contudo, nossa sociedade atual, o sistema nos impõe estar quase que constantemente trabalhando, a casa se mistura com o trabalho, o dia se mistura com a noite e você nem percebe mais isso. Muitas vezes, os horários de lazer se misturam com os horários de se alimentar. E quando se dá conta, se é que você percebe, já está engolido em uma rotina exaustiva, a qual é, muitas vezes, depressiva e/ou gatilho para ansiedade.

Fonte: Imagem da Internet**

Esse texto é uma mistura de desabafo, alerta e reflexão. Esse texto é quase um relato pessoal de como foi para mim lidar com a quarentena. Me deixei levar pelas minhas obrigações e pela pressão de ter que estar fazendo algo produtivo a todo o momento, já que o ócio não é bem visto pela nossa sociedade, sendo tido como preguiça. Segundo o dicionário Michaelis, ócio é “1- Tempo de descanso; 2- Tempo que dura esse descanso. 4- Aversão a qualquer atividade física ou mental. 5- Qualquer ocupação agradável’’.

As definições são ótimas, adorei. Podemos imaginar que o ócio pode ter um significado totalmente diferente do que temos por definição social. Ele pode ser visto como o tempo em que você para e presta atenção em você mesmo, cuida de você, faz uma comida que você gosta ou, simplesmente, não faz nada. E vale destacar que não há nada errado em não estar fazendo nada.

Entretanto, o que isso tudo tem a ver com saúde mental? Então, entrei em um vórtice tão grande de ter que estar produzindo que não conseguia mais me sentar na frente do computador e não ter uma crise de ansiedade, a mão suava, dava dor de barriga, eu não conseguia mais me concentrar. Meu sono estava totalmente desregulado, assim como minha alimentação, quase inexistente.

Esses e outros fatores me levaram a procurar um tratamento psicológico. E está sendo muito bom não me pressionar tanto e continuar apenas vivendo com qualidade e não apenas sobrevivendo. Se você se sentiu contemplado ou pelo menos percebeu alguns aspectos mencionadas que estão presentes em sua vida nesse momento, PARE TUDO. Repense em como está sua rotina, sua alimentação, seu psicológico. Tire um dia de folga e se puder e for possível deixar para amanhã, deixe.

Não se esqueça que nós só vivemos uma vez e que a nossa vida é preciosa demais para nos deixarmos levar por um sistema tão opressor quanto o nosso pode ser. OCIE-SE.

*descrição: imagem de uma praia com um homem branco sentado com os braços cruzados atrás da cabeça, em uma cadeira de praia com roupas sociais em um dia de sol.

**descrição: desenho de um homem correndo, atravessado por um traço diagonal que o coloca em duas situações. Sua metade do lado esquerdo está com roupas sociais e segura uma pasta preta. E sua metade do lado direito usa roupas de verão e o ambiente é o mar com um coqueiro e uma bola.

Tags: comunicaPET

“Os problemas nas aulas on-line e propostas de solução”: assinado, uma professora.

03/11/2020 16:29

Luciana dos Santos,
Voluntária PET-Letras
Letras – Inglês

Como muitos(as) professores(as), sofri com a necessidade de ensinar de forma remota durante a pandemia. Ninguém esperava por isso. E eu, por exemplo, nunca tive a intenção de dar aulas on-line. Contudo, a vida mudou da noite para o dia e todos(as) tivemos que nos adaptar à nova realidade, denominada por alguns de “novo normal”, e aos problemas que ela trouxe.

É evidente que nós podemos aprender com essa situação e nos tornarmos melhores profissionais. No entanto, isso é um processo e, como todo processo, leva tempo. Ele requer reflexão sobre os problemas que vão surgindo e suas causas, demandando proatividade para encontrar soluções, bem como flexibilidade para mudar.

Fonte: Arquivo pessoal

Considerando isso, discuto os principais problemas que enfrentei durante esse período e apresento algumas soluções que encontrei e que podem ajudar outros(as) professores(as):

1- Escolher a plataforma de reunião on-line que você usará para ensinar: Zoom, Google Meet, Big Blue Button, Jitsi, Skype, Conferênciaweb etc. São tantas opções, certo? Então, como podemos escolher?

Minha sugestão é perguntar a seus(uas) amigos(as) e colegas quais plataformas eles(as) conhecem e utilizam e, em seguida, testar o máximo de sites / aplicativos que puder com seus(uas) alunos(as). E está tudo bem se você não encontrar a plataforma perfeita na primeira tentativa. Portanto, minha sugestão é que você escolha a que tiver mais funções para uma aula mais dinâmica, como salas separadas onde os(as) alunos(as) podem fazer atividades em pequenos grupos e em pares.

2- Como disponibilizar o material para os alunos?

Como você enfrentará situações em que seus(uas) alunos(as) podem ter problemas de conexão, ou talvez você mesmo(a) tenha esse problema e desapareça no meio da aula, é necessário disponibilizar o material posteriormente. Meu conselho é criar uma turma no Google Classroom ou no Edmodo. Você pode postar qualquer coisa lá: o material da aula, tarefas para os(as) alunos(as) fazerem, curiosidades, informações sobre o conteúdo ministrado em aula, memes e vídeos que se relacionam aos conteúdos, ou seja, qualquer coisa que seja relevante à sua aula.

3- As aulas on-line têm um rendimento diferente do das aulas presenciais. Em outras palavras, você se verá criando planos de ensino e planos de aula longos e produtivos, mas nem sempre será capaz de concretizar tudo o que planejou.

Isso ocorre por vários motivos: assistir às aulas on-line demanda uma dinâmica diferenciada e um outro foco atencional. Pode-se dizer que fica mais difícil prestar atenção quando você está em casa, precisando fazer o seu almoço e limpar a casa, por exemplo, ou enquanto toma sol pela janela. Viver um acontecimento histórico chamado “2020”, “COVID-19”, “crise do coronavírus”, ou sei lá como vai chamado esse período em que vivemos hoje, exige muito de cada um de nós, tanto física quanto emocionalmente. E nós, professores(as), não podemos resolver esse tipo problema, por mais que você receba de seus(uas) alunos(as) feedback-desabafos sobre o quanto as aulas presenciais eram melhores para eles(as).

Entretanto, você pode tentar ser mais flexível. Então, faça aulas de Yoga! Brincadeira! Seja flexível e compreensivo(a) com seus(uas) alunos(as) e com você mesmo(a). Ensine, sim, a eles(as) conteúdos relevantes que podem melhorar suas vidas, mas ao menos tente fazer isso de forma um pouco mais leve, priorizando as conexões humanas nesta situação em que você e seus(uas) alunos(as) estão separados(as) e restritos(as) por ferramentas tecnológicas de uma forma um tanto quanto “robotizada”.

4- Você não tem uma resposta tão imediata dos(as) alunos(as) como tem durante as aulas presenciais.

Por isso, durante as aulas, sempre pergunte aos alunos se eles estão bem, peça que liguem a câmera e, se não puderem ou não quiserem fazer isso, peça que respondam via microfone ou chat. Todavia, pergunte se está tudo bem o tempo todo.

5- Ausência por esquecimento da aula. Na quarentena, às vezes, as pessoas não sabem que dia é hoje, que horas são…

Portanto, peça a eles(as) para programarem alarmes e configure, você mesmo(a), lembretes no Google Agenda, por exemplo. E se isso ainda acontecer, seja paciente e tente não levar isso para o lado pessoal. Vivemos tempos complicados em que podemos nos perder em meio às rotinas.

6- Às vezes, os(as) alunos(as) — e você — não estarão tão engajados ou motivados.

Nessas situações, você pode propor aos(às) alunos(as) atividades mais interativas, mais divertidas, nas quais se converse mais. Além de poder explorar jogos durante as aulas. E é importante que você se anime, então prepare um bom espaço em sua casa para dar as aulas, se arrume, e faça dessa ocasião um ótimo momento de interação com seus(uas) alunos(as). Brinque com eles(as).

7- É difícil avaliar se você está exigindo muito ou pouco deles(as).

Alguns(mas) alunos(as) são mais produtivos(as) e outros(as) ficam mais sobrecarregados. Todos nós estamos passando por tempos de produtividade e tempos de improdutividade no famigerado home office. E está tudo bem. Portanto, preste atenção se eles(as) estão fazendo o que você pede e que tipo de feedback eles(as) estão dando sobre as aulas (peça feedback regularmente).

Fonte: Internet*

E meu último conselho é, se você puder, participe de aulas como aluno(a). Esta é uma ótima oportunidade de ver como outros(as) professores(as) estão trabalhando, inspirar-se e, também, entender melhor o ponto de vista de seus(uas) alunos(as).

* Descrição: Imagem de um twite de W. Todd Kaneko (@ToddKaneko). Na sua imagem de perfil, ele é um homem careca, que usa óculos de grau e tem uma barba comprida, atrás dele há livros. O twite está em letras pretas em fundo branco. Nele se pode lerO twite diz: Dear student emailing to assure me you are usually a better student than you have been so far in our class this semester: You are fine. I believe you. We are in a pandemic and I am usually a better teacher than I have been this semester, too. Signed, me. Tradução: Prezado aluno enviando um e-mail para me garantir que você geralmente é um aluno melhor do que tem sido até agora em nossa classe neste semestre: Você está bem. Eu acredito em você. Estamos em uma pandemia e geralmente sou um professor melhor do que fui neste semestre também. Assinado, eu.

** Descrição: Imagem com o print de uma aula na plataforma WebConferência, no topo, as câmeras do petiano Vitor à esquerda e da petiana Luciana à direita, e no meio duas alunas. No centro inferior, um slide com figuras em desenho de ativistas famosos e o título “Human rights activists” em um fundo roxo.

Tags: comunicaPET

Você conhece o alfabeto IPA?

27/10/2020 18:50

Camila Vicentini Camargo,
Bolsista PET-Letras
Letras Italiano

O contato mais aprofundado que eu tive com fonética e fonologia foi na primeira fase do curso de Letras Italiano, na UFSC. Lembro de estudar o alfabeto fonético italiano e de realizar diversas atividades de transcrição fonética. Tudo isso ajudou a melhorar minha pronúncia e gostaria de mostrar como você pode usar o IPA a seu favor no aprendizado de uma língua estrangeira.

Primeiramente, fonética é o estudo de todo o som articulado que pode ser percebido e vocalmente produzido pelo ser humano; já a fonologia estuda como tais sons se comportam e geram significado dentro de um sistema linguístico. O objeto de estudo da fonética são os fones — os sons propriamente ditos — e estes são representados por símbolos fonéticos — aqueles que vemos muitas vezes em dicionários unilíngues, bilíngues ou plurilíngues, ao lado da palavra pesquisada, normalmente entre colchetes. É sobre esses símbolos que vamos conversar hoje.

O IPA, Alfabeto Fonético Internacional (International Phonetic Alphabet), é uma espécie de gráfico que organiza e classifica todos os sons existentes em línguas já registradas — conforme novas línguas são registradas, novos sons são adicionados ao gráfico.

Fonte: International Phonetic Association*

Os sons são classificados por ponto e modo de articulação, no caso das consoantes, e por altura da língua e abertura da boca, no caso das vogais. Cada parte do nosso aparelho fonador tem um nome específico e esses nomes ajudam a classificar os sons. Por exemplo: as consoantes [f] e [v] são consoantes labiodentais, pois para reproduzi-las encostamos os dentes superiores no lábio inferior; e são fricativas, por permitirem uma passagem do ar com fricção pela boca. Assim segue a descrição para cada fone.

Fonte: Fonética e Fonologia do Português**

Além de elencar as consoantes e as vogais, o IPA traz gráficos para outros aspectos da língua, como símbolos que definem sílabas tônicas, sílabas alongadas ou encurtadas e etc., porém eu não os julgaria tão importantes para um primeiro contato.

Contudo, afinal, o que isso tem a ver com o aprendizado de idiomas?

Bom, eu sou uma grande defensora do alfabeto fonético porque — imagine só — se já conhecêssemos os símbolos fonéticos e seus sons desde a época da escola, hoje entenderíamos melhor como reproduzir aquela pronúncia tão temida de determinados idiomas como, por exemplo, o /th/ do inglês; o /r/ do italiano; ou o /u/ do francês.

Uma vez que você aprende como reproduzir cada um dos sons (ou aqueles mais importantes para você no momento), você consegue pronunciar mais facilmente todas as outras palavras que possuem aquele mesmo som, e isso amplia muito a sua bagagem.

Você pode, então, utilizar diversas ferramentas de apoio para aprender o IPA. É possível começar do zero, aprendendo o nome de cada parte do nosso aparelho fonador para, assim, compreender como e onde cada som deve ser articulado – dessa forma você aproveita para entender como o seu corpo funciona e quais sons você reproduz com maior ou menor facilidade. E seria interessante também visitar sites que ofereçam um gráfico do IPA com som, para que se possa trabalhar com a repetição, já que muitos dos sons elencados não existem na língua portuguesa.

Bom, espero ter despertado em você a curiosidade para conhecer esse alfabeto tão especial. Certamente há muito mais conteúdos além do que eu trouxe aqui. Sugiro que você visite os sites indicados no texto e que pratique. Acredito que será muito proveitoso!

Outros sites interessantes:

Localingual

Fonética & Fonologia

Interactive IPA Chart

Phonetic Transcription Exercises

 

*Descrição: Imagem do gráfico completo do alfabeto IPA escrito em preto em fundo branco, com toda a esquematização das consoantes, vogais, diacríticos e outros símbolos.

**Descrição: Ilustração em escala de cinza do aparelho fonador humano com linhas indicando o nome de cada parte e lemos lábios, dentes, alvéolos, ponta da língua, lâmina da língua, palato duro, dorso da língua, cavidades nasais, véu do palato, úvula, faringe, pregas vocais e epiglote.

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Banho de sol: ao amanhecer ou após o almoço?

19/10/2020 15:04

Juliana Maggio,
Bolsista PET-Letras
Letras – Português

O verão está chegando e o sol começa aparecer com maior incidência. Mas e daí? Provavelmente, você já deve ter ouvido que o sol é um vilão para a saúde da pele humana, e isso não está totalmente errado. Entretanto, isso também não significa que devemos nos esconder dentro dos nossos edifícios, ou sair sempre debaixo de uma sombrinha (como algumas pessoas costumam fazer, você já viu?).

Em uma simples busca pela internet podemos encontrar várias páginas falando dos malefícios, mas também dos benefícios (talvez até em maior quantidade). Entre os benefícios podemos citar: qualidade do sono; redução da depressão; melhoras nos sintomas da TPM; fortalecimento de ossos e dentes; melhora nos aspectos das acnes, psoríase, dermatites; enfim, são muitos os benefícios e poderíamos ficar horas aqui listando e comentando sobre cada um deles. Portanto, o que vale é que o banho de sol é muito importante para o nosso desenvolvimento e para a manutenção do bem estar, sempre se valendo de certos cuidados e precauções.

Fonte: Imagem da Internet*

Boa parte dos benefícios citados é graças à síntese da vitamina D, que, na verdade, é um hormônio ativado e produzido pela pele e que é encontrado também, mas em menor proporção, em alimentos como peixes (atum, sardinha…), fígados, cogumelos, ovos, entre outros. Esse hormônio, como já ouvimos falar, é responsável por uma série de funções em nosso organismo, por exemplo, está associado diretamente à absorção de cálcio, que previne a osteoporose e, também, os incidentes com cáries dentais.

Outro aspecto muito importante é a prevenção dos cânceres, não apenas os de pele, mas outros tantos como os de pulmão. Além disso, aumenta os níveis de serotonina, um dos neurotransmissores responsáveis pela sensação de felicidade, concentração e satisfação, contribuindo para um sono de qualidade, aliviando os desagradáveis sintomas da TPM, diminuindo os quadros de depressão e até mesmo ajudando no emagrecimento.

Fonte: Arquivo pessoal**

Agora, que já elencamos os pontos principais, vamos trazer sentido a eles? Nesse caso, vale observar que é normal ter mais disposição e facilidade ao realizar nossas tarefas nos dias de sol. Isso tudo é consequência de todas as ações já comentadas. Em muitos países no norte do globo, os índices de tristeza e depressão são mais elevados do que em países na linha do Equador ou abaixo dele. Isso porque no Norte, a incidência solar é menor o que dificulta a síntese da vitamina D.

Portanto, o sol é imprescindível para a vida na Terra, desde nós Seres Vivos até os Não Vivos. Deste modo, devemos ter sempre o bom senso e saber que mesmo se tratando de um “remédio natural e gratuito”, ele pode, sim, nos oferecer alguns riscos. Para isso, devemos sempre dosar nossa exposição sem proteção ao tempo mínimo necessário, que consiste basicamente no tempo em que sua pele leva para começar a ficar avermelhada. Esse tempo varia de pele para pele, sendo as peles mais claras as que devem ficar menos tempo ao sol, e as peles mais escuras, mais tempo. Não há regra quanto ao tempo, você deve observar, por exemplo, com o auxílio de um relógio e assim seguir diariamente.

Outro ponto muito relevante, que divide opiniões, diz respeito ao horário dessa exposição. Alguns especialistas dizem que deve ser antes das 10h da manhã e depois das 16h. Já outros, com base em estudos científicos mais recentes, sugerem que esse período é depois das 10h até antes das 16h. A polêmica consiste no fato de que o sol das 10h às 16h é o mais intenso e mais propenso a causar câncer de pele, por conta dos raios UVB, todavia, é o momento em que há maior absorção da vitamina D. Ai é que está o ponto que reforçamos o bom senso quanto à exposição ao sol.

Então, é isso: bom senso para caprichar no banho de sol, para ter uma boa saúde física e mental!

* Descrição: Na imagem vemos um girassol virado para o sol que está ao fundo. Aparece apenas a parte superior da flor, onde vemos as pétalas e o miolo. Encontramos tons de amarelo em contraste uns com outros, e o verde do caule e das folhas do girassol, se sobressai.

** Descrição: Na fotografia, encontramos o horizonte de uma praia. Ao fundo, com a luminosidade do sol, vemos o mar em seus variados tons de azul e verde, e ondas brancas; O céu azul sem nuvens e uma curta extensão de areia cor de creme. Em primeiro plano, criando a sombra, vemos um emaranhado formado por galhos de árvores, cipós e arbustos.

Sugestões de leitura:

Clínica Vita. Especialistas listam os benefícios do banho de sol para a saúde. Disponível em: < https://vitaclinica.com.br/blog-da-vita/especialistas-listam-os-beneficios-do-banho-de-sol-para-a-saude/ >. Acesso 12 out 2020.

LÚCIA, Laura. A vitamina do Sol. 2019. (13m54s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=GZ9ax7im9zU >. Acesso 13 out 2020.

VIDIGAL, Lucas. Brasileira que mora na Noruega conta como é viver sem sol durante semanas no inverno ártico. Disponível em: < https://g1.globo.com/mundo/noticia/2018/12/07/brasileira-que-mora-na-noruega-conta-como-e-viver-sem-sol-durante-semanas-no-inverno-artico.ghtml >. Acesso 12 out 2020.

XAVIER, Angela. Sol, como a vitamina D pode curar doenças graves. 2017. (15m09s). Disponível em: < https://www.youtube.com/watch?v=V9kCXE-qrMo >. Acesso 13 out 2020.

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Língua e memória: ‘eine Hommage an meinen Vater’

14/10/2020 12:04

Vítor Pluceno Behnck,
Bolsista PET-Letras
Letras – Inglês

Há pouco mais de um ano eu perdi o meu pai. Foi um grande choque para mim porque eu, no auge dos meus 17 anos, no primeiro ano de faculdade e morando sozinho, não sabia muito bem o que sentir ou dizer a respeito. Meu pai era descendente de imigrantes alemães que vieram para o Brasil em 1824, mais ou menos. Eles fundaram uma colônia no interior do Rio Grande do Sul, e é de lá que vem toda minha família paterna. Como eu sei disso? Bem, meses antes de seu falecimento, precisamente nas férias de inverno de 2019, eu comecei uma busca incessante para entender como eu vim parar aqui, no sul do Brasil. Por parte de mãe não houve nenhum registro; mas por parte de pai, consegui uma série de documentos que me levaram até meu trisavô. Cheguei até a descobrir que minha tia, irmã mais velha da geração do meu pai, lembrava de algumas palavras que os mais velhos falavam no dialeto que trouxeram lá no século XIX — completamente diferente do que se fala nos dia de hoje, por sinal.

Fonte: Deutsch Welle*

Meu pai chegou a ficar sabendo de algumas das descobertas que eu e meu irmão fizemos, e logo depois que ele faleceu, me matriculei nos Cursos Extracurriculares de Alemão da UFSC. Só quem já estudou Língua Estrangeira sabe: as primeiras aulas de nível A1 são uma maravilha. Depois? Vish… Só um santo na causa para explicar todas as declinações e os trennbare Verben. Já se tornaram incontáveis as tantas vezes que eu ouvi coisas como: “Alemão? Você é louco”; ou, até mesmo, a famigerada frase: “A vida é muito curta para aprender alemão”. Contudo, a realidade é que eu amo essa língua! Para além do apego afetivo, o alemão é uma língua desafiadora, com diferenciais muito idiossincráticos que a tornam um desafio solucionável, mas que necessita de apreço e atenção. Se você tem interesse em mergulhar nesse universo, eu recomendo os websites da DW Deutsch Lernen e Germanofonia e os canais Alemanizando e Deutsch und Deutschland.

Para além de ser uma mini crônica sobre a minha vida e uma referência à minha experiência como aprendiz de uma nova língua, essa matéria também é um manifesto clamando pelo entendimento de língua como um componente crucial para o patrimônio histórico e cultural das sociedades humanas. É sempre bom lembrar que a herança linguística no Brasil é um privilégio, pois o apagamento histórico, cultural e linguístico de minorias acontece no país desde que certas caravelas atracaram aqui lá pelos 1500. Com a morte de anciões de aldeias indígenas por conta da COVID-19, 190 línguas de povos originários correm perigo de sumir. Para mim, estudar alemão é manter viva em mim a memória daqueles que já partiram e fizeram com que eu estivesse aqui hoje. É lembrar meu pai, meus avós e todos que vieram antes. Isso não deveria ser um privilégio. Não podemos mais normalizar tantas tragédias. Precisamos agir. História, memória e língua sempre caminham juntas!

*Fotodescrição: fotografia tirada à noite com uma câmera analógica. Uma multidão está em frente ao Bundestag, sede do parlamento alemão, comemorando a Reunificação Alemã, no dia 3 de outubro de 1990. O Bundestag é composto por uma parte central, com cinco pilares de concreto e uma cúpula no topo. Nos lados esquerdo e direito, há a continuação do prédio que levam a duas torres maiores, com a bandeira da Alemanha (composta pelas cores preta, vermelha e amarela, de cima para baixo) em seus topos. A multidão que está na frente do Bundestag usa roupas com estilo dos anos 80, segurando bandeirinhas da Alemanha e gravetos com faíscas saindo da ponta. Ao fundo, há vários fogos de artifício e bandeiras não-identificáveis (provavelmente dos estados da Alemanha) no lado direito do Bundestag.

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