Programa de Educação Tutorial dos Cursos de Letras da Universidade Federal de Santa Catarina
  • História da educação de surdos

    Publicado em 04/10/2024 às 14:54

    Por Gustavo Flores

    Bolsista de Acessibilidade PET-Letras

    Letra-Libras

    [Interpretação , tradução e legendagem de Taynara Muller]

     


  • A sátira à ganância humana e aos velhos costumes em contos de Lima Barreto e Shirley Jackson

    Publicado em 02/10/2024 às 08:24

    Por Ingryd Giovanna e Manoela Raymundo

    Bolsistas PET-Letras

    Letras-Inglês

    Você já parou para pensar em que direção nosso mundo está indo? Em alguns momentos, práticas que seguimos sem questionar podem estar moldando a sociedade de formas que não percebemos. Frequentemente, mantemos hábitos sem considerar plenamente suas consequências. E se as ações carregassem um peso maior do que imaginamos?

    Nos contos “A nova Califórnia”,  de Lima Barreto, e “A Loteria”, de Shirley Jackson, somos levados a explorar estas questões. Ambas histórias mostram sociedades a princípio vivendo num cotidiano pacífico, com as pessoas seguindo suas vidas e suas tradições. No entanto, à medida em que os eventos se desenrolam, percebemos que algumas práticas são sombrias e que os personagens não realizam reflexões críticas e revelam desprezo pelas consequências de seus atos.

    Descrição da imagem: Ilustração com fundo amarelo; no meio da imagem, o desenho de um crânio humano apoiado em pilhas de dinheiro; ao lado, há o esqueleto de duas mãos. Fonte: Ilustração retirada do Google Imagens.

     

    “A Nova Califórnia”, conto de Lima Barreto escrito em 1910, nos apresenta a história da pacata cidade de Tubiacanga, no interior do Rio de Janeiro. Tudo acontece quando a cidade recebe um novo habitante, Raimundo Flamel, um homem reservado e bem apessoado, julgado sábio e famoso pelos outros moradores da cidade pela quantidade de cartas do mundo todo que recebia e pelos apetrechos não usuais que possuía em sua casa. Certo dia, o Doutor Flamel visita o farmacêutico Bastos, dizendo ter feito uma grande descoberta; antes de revelar para o mundo sábio, precisava de 3 testemunhas conceituadas para presenciarem sua experiência. Poucos dias depois, porém, o químico, após apresentar seus testes, sai de Tubiacanga e nunca mais é visto.

    Pouco tempo após a saída do químico da cidade, a pacífica Tubiacanga sofreria com casos de roubo de covas. Desde o mais até o menos religioso, do mais novo até o mais velho, achavam um sacrilégio, comparando com casos criminais que ocorreram no Rio de Janeiro. Logo, todos da cidade procuravam por quem estava profanando o “Sossego”, vigiando o cemitério à procura do culpado. Porém, os desejos pessoais de cada um na cidade eram mais fortes do que qualquer crença ou ideal que os mantinha protegendo o cemitério. No dia seguinte à invasão aos cemitério, Tubiacanga amanheceu com mais mortos do que “Sossego” tivera nas últimas décadas.

    Descrição da imagem: Ilustração preta e branca de várias pessoas brigando por ossos.

    Fonte: imagem retirada do Google Imagens

    “A Nova Califórnia” é um texto humorístico de Lima Barreto, com referências a outras pessoas e acontecimentos e mensagens de como a ganância pode corromper o homem. O título é uma sátira à Corrida do Ouro, que aconteceu nos Estados Unidos no século XIX, quando mais de 300 mil pessoas migraram e imigraram para a Califórnia para conseguir minerar ouro. Quanto ao químico, Raimundo Flamel é uma referência direta a dois famosos sábios, Raimundo Lúlio, escritor e filósofo catalão, e Nicolas Flamel, alquimista francês conhecido por lendas de ter fabricado a pedra filosofal e ter transmutado ouro.

    O conto satiriza a ganância do ser humano e como centenas de pessoas se voltariam umas contra as outras pelo ouro, desde adultos brigando e machucando uns aos outros até crianças revirando o túmulo de parentes à procura dos maiores ossos. Na crítica à ambição feita por Barreto, os parágrafos onde são descritos os pensamentos, vontades e desejos dos moradores são fortes e banhados de hipocrisia, mas não foram adaptados para a edição do texto lançado em 2010 pela Companhia das Letras.

    Descrição da imagem: Ilustração de um grupo de crianças empilhando pedras e, ao fundo, uma roda de adultos conversando.

    fonte: Imagem retirada do google Imagens

     

    Já o conto “A Loteria”, escrito por Shirley Jackson e publicado pela primeira vez em 1948, questiona a moralidade das tradições e desafia as convenções sociais. Em uma pequena cidade “agraciada” por uma colheita abundante, um belo dia ensolarado se inicia. As crianças, entretidas, conversam sobre a escola enquanto empilham cuidadosamente pedras selecionadas, optando pelas mais refinadas e redondas. Adultos e jovens seguem em direção à praça, conversando e trocando fofocas. Ali, irá acontecer o sorteio anual conhecido como “A Loteria”. Este evento promete ser breve, pois todos precisam voltar para casa, preparar o almoço e seguir com suas obrigações diárias.

    Reunidos na praça, ao redor de uma velha caixa preta, deteriorada pelo tempo remete à origem da tradição. Alguns moradores começam a questionar a continuidade do sorteio, mencionando que cidades vizinhas já aboliram a prática. Nesse momento, o Sr. Warner intervém, afirmando que os jovens não compreendem a verdadeira importância da Loteria, que supostamente garante a colheita abundante da cidade.

    Descrição da imagem: Ilustração de uma caixa preta com a tampa aberta e diversos papéis dobrados dentro.

    fonte: Imagem retirada do google Imagens

    À medida em que o sorteio se inicia, a narrativa revela que grande parte da tradição foi esquecida ou descartada. Esse esquecimento coletivo indica como a comunidade se afastou das origens e significados que sustentavam essa prática, sem uma análise crítica do que estão fazendo e por que o fazem. A tradição é realizada com um automatismo baseado na crença de que “sempre foi assim e sempre deve ser assim”. Dessa maneira, a pressão para manter a tradição impede a análise crítica sobre as práticas coletivas.

    Conforme o clima de brincadeira e fofoca se dissipa e novas questões emergem, os moradores se tornam inquietos, passando a língua nos lábios. A atmosfera tensa leva o leitor a se perguntar se essa loteria é realmente um evento agradável ou se carrega um peso sombrio. Ao final, somos levados a refletir: para que servem as tradições? Quais delas são desumanas? E, ao tomarmos consciência dessas questões, devemos desconsiderá-las ou reconsiderá-las?

    Como se vê, ambas histórias oferecem uma crítica de como a ganância e a conformidade podem levar a consequências desastrosas. “A nova Califórnia” nos alerta sobre os perigos da ambição desmedida, quando os valores morais se desfazem diante da busca por lucro, enquanto “A Loteria” desafia a aceitação inquestionável das tradições, mostrando que práticas enraizadas podem se tornar insustentáveis e cruéis. Dessa forma, as provocações de Barreto e Jackson nos instiga a agir com consciência e responsabilidade em relação às escolhas que fazemos como sociedade.

     

    REFERÊNCIAS

    JACKSON, Shirley. A Loteria. Nova Iorque: The New Yorker, 1948.

    BARRETO, Lima. A Nova Califórnia. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.


  • Miley Cyrus: Just an Ordinary Girl

    Publicado em 18/09/2024 às 07:28

    Por Hanna Boassi

    Bolsista PET – Letras | CNPq

    Letras-Português

     

    Miley Cyrus conquistou seu lugar em 2006, quando deu vida a personagem Hannah Montana na série homônima no Disney Channel, que, além de tê-la lançado ao estrelato, também a consolidou como uma das figuras mais influentes de uma geração. Em agosto deste ano, no evento D23 da empresa, Miley foi nomeada a artista mais jovem ao receber o título de Disney Legend, concedido a artistas que deixaram uma marca duradoura na história da empresa e na cultura pop.

    Em seu discurso ela refletiu sobre sua trajetória, destacando a importância de Hannah Montana em sua carreira, também mencionou sua fase rebelde: “Houve um burburinho naquele escritório da Disney, onde há rumores de que eles criam todos nós, crianças da Disney. Eu definitivamente não fui criada em um laboratório, e se fui, deve ter havido um bug no sistema que causou meu mau funcionamento em algum lugar entre os anos de 2013 e 2016. Desculpe, Mickey”.

    Descrição da imagem: Se observa em um fundo luminoso rosado a cantora Miley Cyrus vestida de preto segurando seu título de Disney Legend no evento D23 promovido pela empresa Disney.

    A fala de Miley ao receber o título demonstra sua habilidade em equilibrar sua gratidão com uma crítica à maneira como a cultura pop lida com o crescimento das figuras públicas que iniciaram muito jovens em sua carreira. Ao mencionar o “burburinho” e a ideia de que os atores mirins são criados em laboratórios, Miley ironiza a expectativa de perfeição e controle associada às “crianças da Disney”, já que há uma tendência em idealizar e manter esses artistas em um estado de eterna juventude e pureza, o que cria uma dicotomia entre a figura pública/personagem e a pessoa real que está em constante transformação.

    Esse bug mencionado por ela em seu discurso representa a quebra dessa idealização, apontando para o período entre 2013 e 2016, quando Miley passou por uma fase de desvinculação da imagem inocente e doce de Hannah Montana, adotando uma postura mais provocativa e experimental em sua carreira e em sua vida pessoal, estreando com seu álbum Bangerz (2013). O pedido de desculpas a “Mickey” representa uma forma de reconciliação, reconhecendo tanto o valor da experiência trabalhando na Disney quanto a necessidade de afirmar sua individualidade.

    Descrição da imagem: A imagem é a capa do álbum “Bangerz” da Miley Cyrus. No centro, Miley está posando em frente a um fundo com plantas estilizadas. Ela veste um casaco preto longo com uma abertura na parte inferior, sem calças ou saia visível. Seu cabelo está penteado para trás, e ela usa batom vermelho e joias douradas, incluindo um colar com um pingente. Na parte superior esquerda, há um retângulo inclinado com a palavra “Bangerz” escrita em uma fonte cursiva rosa neon, que adiciona um toque retrô e vibrante ao visual. O fundo é uma mistura de cores gradientes que vão do rosa ao roxo, com o nome “Miley Cyrus” em letras espaçadas na parte superior e inferior da imagem.

    É nesse contexto de renegociação da sua própria imagem que a música Used to Be Young se torna um ponto central em sua trajetória. Lançada em agosto de 2023, a canção expressa a reflexão sobre quem ela era no passado e quem ela é hoje, retratando uma despedida do seu antigo eu e deixando as consequências de atitudes imprudentes para trás.

    It’s not worth cryin’ about

    the things you can’t erase

    like tattoos and regrets

    words I never meant

    and ones that got away.

     

    Miley se utiliza da música para articular e negociar sua identidade, refletindo sobre sua trajetória e respondendo às expectativas e julgamentos da mídia e público, ressaltando que se lembra de todos os momentos de “loucura” que viveu quando era jovem; hoje, aos 30 anos, não se vê mais da mesma forma.

    O uso de pronomes pessoais permite que ela se expresse diretamente a partir de suas experiências e sentimentos; ao usar “eu” para relatar suas memórias, ela estabelece um vínculo pessoal com o ouvinte e também destaca a separação de suas versões:

    I know I used to be crazy

    I know I used to be fun

    You say I used to be wild

    I say I used to be young

    You tell me time has done changed me

    That’s fine, I’ve had a good run

    I know I used to be crazy

    That’s cause I used to be young

     

    A repetição da frase “I used to be” reforça a ideia de mudança e evolução, ao mesmo tempo que reconhece e aceita seu passado. A interação com o pronome “você” sugere uma conversa com o público, enfatizando a percepção externa contra a própria compreensão de suas experiências.

    Ironicamente, a música Ordinary Girl, presente na trilha sonora da série Hannah Montana em 2010, também destaca questões sobre uma dupla identidade. Miley interpreta duas pessoas distintas: a estrela pop Hannah Montana e a adolescente comum Miley Stewart. Essa dualidade não apenas reflete a complexidade da vida pública e privada de um artista, mas também simboliza o conflito entre a persona pública e a identidade pessoal.

    Em Ordinary Girl, a personagem Hannah expressa o contraste da imagem idealizada com quem ela é de verdade, a canção explora a frustração de viver sob os holofotes e a dificuldade de manter a privacidade; a música revela uma conexão com a vida real de Miley Cyrus:

    I’m just an ordinary girl

    Sometimes I’m lazy, I get bored

    I get scared, I feel ignored

    I feel happy, I get silly

    I choke on my own words

     

    I make wishes, I have dreams

    And I still want to believe

    Anything can happen in this world

    For an ordinary girl

    A reflexão presente na canção antecipa a renegociação mais madura de sua identidade expressa em Used to Be Young, onde ela continua a explorar e afirmar sua autonomia frente às expectativas e rótulos impostos pela mídia.

    Descrição da imagem: Se observa a cantora Miley Cyrus no videoclipe de sua música I Used to Be Young, ela tem cabelos loiros, está chorando e veste uma camiseta com a imagem do Mickey Mouse sob um corset de paetês vermelho.

     

    No videoclipe da música, Miley faz uma escolha simbólica ao vestir uma camiseta com a imagem do Mickey Mouse, servindo para representar sua conexão com o passado na Disney, mas também oferece uma camada de ironia e crítica, ao utilizar da imagem, ela enfatiza a complexidade de sua jornada e a tensão entre a nostalgia e sua evolução pessoal mais conturbada.

    A trajetória de Miley Cyrus, desde sua estreia no Disney Channel até sua nomeação como Disney Legend, é uma narrativa rica em transformações; através de sua carreira Miley navegou entre a imagem doce e idealizada de uma estrela teen e a realidade de suas próprias mudanças e desafios pessoais. Ao afirmar sua autonomia e reconhecer o impacto de suas escolhas, a cantora oferece um testemunho de uma luta pela autenticidade em uma realidade que frequentemente tenta definir e limitar a identidade de figuras públicas.


  • Seleção para pessoas voluntárias | PET-Letras

    Publicado em 17/09/2024 às 10:35

    O PET-Letras da UFSC abre vagas para pessoas voluntárias.

    Podem se inscrever estudantes dos Cursos de Graduação em Letras da UFSC que tenham disponibilidade de 20 (vinte) horas semanais e que atendam aos requisitos apresentados no edital.

    Vejamos:

    1. o período de inscrição será das 12h do dia 18 de setembro às 12h do dia 4 de outubro de 2024;
    2. as inscrições são gratuitas e deverão ser feitas somente por meio do envio do Atestado de Matrícula e do Histórico Escolar para o e-mail petletrasufsc@gmail.com com o assunto: INSCRIÇÃO EDITAL 06/2024/PET e apenas no período indicado;
    3. as inscrições enviadas fora do prazo estabelecido no Edital ou sem o envio do Atestado de Matrícula (2023.2) e do Histórico Escolar atual serão indeferidas;
    4. as inscrições homologadas serão divulgadas na página http://petletras.paginas.ufsc.br/ no dia 5 de outubro de 2024, até 19h.

    O edital completo pode ser lido AQUI.

    NOVIDADE: RESULTADO DA PRIMEIRA ETAPA

    De acordo com o edital 06/2024 do PET-Letras da UFSC, estão aprovadas na primeira etapa do processo de seleção de pessoas voluntárias:

    Emily Joanna Alves Wietcowski
    Rafaela Monticelli
    Caetano Padial Lucas
    Julia Martins
    Raphael Pacheco Caldeira

    A segunda etapa é de entrevistas, que serão realizadas no dia 14 de outubro, entre 9h e 10h30min, coletivamente. O link será enviado para todas as pessoas aprovadas na primeira etapa.

    RESULTADO FINAL

    Emily Joanna Alves Wietcowski – aprovada em primeiro lugar

    Julia Martins – aprovada em segundo lugar

    NÃO CLASSIFICADOS

    Rafaela Monticelli – ausente e  não classificada
    Caetano Padial Lucas – não classificado
    Raphael Pacheco Caldeira – ausente e não classificado

    As candidatas aprovadas receberão email com as informações para o ingresso no PET-Letras.


  • O diário e os exercícios de si

    Publicado em 16/09/2024 às 08:29

    Por Débora Klug
    Bolsista PET – Letras
    Letras – Português

    Em Roma, nos anos 1950, havia fiscais em frente às tabacarias aos domingos, para regular a venda exclusiva do tabaco, e de nenhum outro produto além desse. A razão dessa imposição não é clara. Ao menos, aqueles que tinham gosto pela substância não corriam o risco de sofrer a abstinência dominical. É no cenário de uma tabacaria cheia em um domingo, e de um fiscal enganado, que inicia  o processo de transgressão de Valeria, uma mulher de 43 anos, casada e com dois filhos. Saiu em um domingo de manhã para comprar as flores decorativas da mesa da cozinha e charutos para o marido, Miguel, antes que esse acordasse. Cadernos de capa preta, como aqueles que se levava para a escola, estavam expostos perto do caixa da tabacaria, e logo despertam o interesse da mulher. Ela compra um caderno, um pouco a contragosto do vendedor, que indica o fiscal na porta da loja, mas vende mesmo assim. Valeria sai com o caderno escondido embaixo do casaco,  imaginando escrever seu nome em letras grandes e legíveis na primeira folha, como fazia quando criança, com os cadernos da escola.

    É assim que começa o livro Caderno Proibido, de Alba Céspedes, publicado originalmente em 1952. Esse caderno se tornará o diário de Valeria, em um movimento de libertação e culpa , durante a tomada de consciência da sua condição como mulher na sociedade.

    Descrição da imagem: Do lado esquerdo há a imagem em preto e branco de uma mulher branca, com cabelo curto, acendendo um cigarro. Está com um óculos de armação escura, os dedos são adornados por anéis, e o braço esquerdo por um bracelete. Veste uma camisa com babados brancos e um casaco ou blazer escuro. Essa mulher é Alba de Céspedes.  Do lado direito da imagem, em um fundo vermelho, observa-se a capa de um livro. Nela, há a imagem do busto de  uma mulher sentada, utilizando uma camisa de botão. Ela possui cabelos até os ombros. Seu rosto está coberto pelo nome do livro, em um quadro azul escuro com uma fina borda vermelha, escrito “Caderno Proibido” em letras maiúsculas; logo abaixo “Alba de Céspedes”. Ao fundo há almofadas listradas, e um quadro de uma árvore pendurado na parede.

    É interessante perceber que o livro todo se estrutura como um diário. A narração, portanto, é em primeira pessoa, o que aproxima o leitor da mente da personagem, e permite acompanhar juntamente com Valeria seu processo de escrita de si. A personagem possui sentimentos conflituosos pelo caderno. Ao mesmo tempo que é atraída por ele, tem um interesse em escrever, ela também sente que é algo errado. A frase inaugural do livro (e do diário) é a seguinte “Fiz mal em comprar este caderno, muito mal. Mas agora é tarde demais para lamentar, o estrago está feito. ” (De Céspede 1962, p. 1).

    Antes mesmo de começar a escrever, ela precisa urgentemente esconder o caderno, mas não sabe onde. Se os filhos ou o marido acharem vão tomar para si, e não havia a possibilidade de ela atestar a posse do caderno, pois seu desejo de escrever não seria levado em consideração.

    No processo de tentar esconder o caderno, Valeria percebe que não possui um espaço da casa que seja seu. Mirella, a filha, tem um quarto e em uma gaveta chaveada guarda seus pertences particulares; Ricardo, o filho mais velho, possui também um quarto só seu e sempre utiliza a única escrivaninha da casa para estudar; Valeria ainda compartilha com o marido o quarto e não há delimitação dos espaços de cada um. Então, resta-lhe um saco na cozinha onde se guarda os trapos para limpeza. Um lugar que só ela acessa, pois é a única da casa que realiza os serviços domésticos: um símbolo do lugar da mulher na sociedade. Um lugar submisso, legado aos trabalhos domésticos.

    À Valeria era reservado o lugar de esposa, mãe e cuidadora da casa. Mas nunca um lugar onde poderia desenvolver uma subjetividade. A todo momento relata sentir culpa. Como se fizesse algo errado ao escrever. Como se não estivesse sendo útil. Como se perdesse tempo. Mas é no ato da escrita que a mulher lentamente percebe sua condição, percebe que não havia justiça ali, e tem um novo olhar sobre as situações hodiernas. Com o tempo, Valeria escreve cada vez mais. O que antes eram poucos minutos escrevendo, se torna mais de um momento por dia dedicado à escrita. Mas escrever é um ato sempre realizado às escondidas. Valeria passa noites em claro para escrever sem ser perturbada.

    O exercício de escrever no diário, nesse sentido, é um exercício de tomada de consciência. É uma tomada de consciência das ações cotidianas. O que se escreve, de acordo com Blanchot (2005), passa a se enraizar no cotidiano, e na maneira como se enxerga o cotidiano.

    O diário íntimo, que parece tão livre de forma, tão dócil aos movimentos  da vida e capaz de todas as liberdades’ já que pensamentos, sonhos, ficções, comentários de si mesmo, acontecimentos importantes,  insignificantes, tudo lhe convém, na ordem e na desordem que se quiser,  é submetido a uma cláusula aparentemente leve, mas perigosa: deve respeitar o calendário. Esse é o pacto que ele assina. O calendário é seu  demônio, o inspirador, o compositor’ o provocador e o vigilante.  Escrever um diário íntimo é colocar-se momentaneamente sob a proteção  dos dias comuns, colocar a escrita sob essa proteção, e é também  proteger-se da escrita, submetendo-a à regularidade feliz que nos  comprometemos a não ameaçar. O que se escreve se enraíza então, quer  se queira, quer não, no cotidiano e na perspectiva que o cotidiano  delimita. (Blanchot, 2005, p. 270).

    É na inscrição desse ritual cotidiano, ao se submeter ao calendário provocador e vigilante, que a transformação em Valeria passa a ocorrer, de maneira controversa, com culpa e por vezes sem felicidade.

    São duas da madrugada, levantei para escrever, não conseguia dormir. A culpa, mais uma vez é deste caderno. Antes, eu esquecia rápido o que acontecia em casa; mas agora, desde que comecei a anotar os eventos cotidianos, mantenho-os na memória e tento compreender por que se produziram. Se é verdade que a presença oculta desse caderno dá um sabor novo à minha vida, devo reconhecer que não serve para torná-la feliz. (De Céspedes, 2022. p. 23)

     

    Quanto mais Valeria se percebe no mundo (através da escrita revela sua subjetividade), mais desejo tem de escrever, de enfrentar os dilemas e contradições que vive. Ela passa a sonhar intensamente em ter um espaço seu, para que possa escrever. Um cubículo que seja, qualquer lugar que seja possível pensar. Alegoricamente, esse cubículo é como um simulacro de interioridade, um local onde todos os pensamentos e sentimentos possam se alojar, mesmo que desordenados. Um lugar recluso, sem perturbações, onde Valeria poderia elaborar o que ela quer dizer, e dizê-lo.

    Às vezes eu precisaria ficar sozinha; […] sonho ter um quarto só para mim […] Eu me contentaria com um cubículo. No entanto, jamais consigo me isolar, e só renunciando ao sono é que encontro um tempinho para escrever aqui. Se, quando estou em casa, interrompo o que estou fazendo, ou à noite, na cama, paro de ler e olho o vazio, há sempre alguém que pressurosamente me pergunta em que estou pensando. (De Céspedes), 2022. p. 71-2)

    Ressoa nessa passagem algo dito anos antes, em 1928, em duas conferências na Universidade de Cambridge. O tema em questão era o papel das mulheres na ficção literária, e a convidada era Virginia Woolf. As conferências e dois artigos escritos pela autora resultaram no livro Um teto todo seu, publicado originalmente em 1929. No primeiro capítulo, Woolf defende que as mulheres não estão presentes no cânone literário, e não escrevem tantas obras de ficção comparadas aos homens pois “[…] a mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu se pretende mesmo escrever ficção; e isto, como vocês vão ver, deixa sem solução o grande problema da verdadeira natureza da mulher e da verdadeira natureza da ficção” (Woolf, 2004, p. 8). Ou seja, para as mulheres escreverem precisam de um lugar onde possam de fato exercer a escrita, uma atividade que exige concentração, reflexão e tempo. Para isso é necessário recursos financeiros. Se a natureza das mulheres era casar, ter filhos e cuidar da casa, onde e quando poderiam escrever? E a produção de ficção literária seria, portanto, de natureza masculina? Woolf escreveu na década de 1920, e De Céspedes em 1950, quarenta anos de diferença, e as condições da mulher não mudaram muito.

    É interessante pensar que, a partir da afirmação de Woolf, entendemos que escrever também é um trabalho. Supera a ideia de que um escritor deve-se valer de inspiração, talento ou algo de natureza ininteligível. É um exercício sobre a linguagem e com a linguagem. Uma mulher é tão capaz de fazê-lo quanto um homem, se dadas as condições para tal, se para ela for possível desenvolver sua habilidade com a escrita.

    O diário, apesar de ser perturbador (com um traço demoníaco, como diria Blanchot) e apesar de muitas vezes trazer angústia para Valeria, também a leva ao momento em que se olha no espelho, se reconhece em seus traços, em sua pele, e sente alegria. Nesse momento se materializa em reflexo e em sentimento o ato da escrita como radical tomada de consciência de si. Antes do diário, Valeria parecia não saber se reconhecer no mundo verdadeiramente. É a partir da ruptura que a escrita de si incita, através da elaboração dos relatos e pensamentos de seu cotidiano, que ela percebe quem é e quem pode ser.  É em sua própria vivência, e a partir de sua própria vivência, que ela cria sua subjetividade e reconhece sua presença potente no mundo.

    REFERÊNCIAS

    BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

    DE CÉSPEDES, Alba. Caderno proibido. Rio de Janeiro: Editora Companhia das Letras, 2022.

    WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Tordesilhas, 2014.


  • Novas turmas de idiomas | 2024.2 | Inglês nível 2 e Libras Iniciante

    Publicado em 13/09/2024 às 13:56

    AULAS DE IDIOMAS PARA 2024.2 PRESENCIAL E ON-LINE: cursos abertos para toda a comunidade com carga horária de 30 horas!

    O PET-Letras oferecerá 2 turmas de idiomas para 2024.2. As inscrições serão exclusivamente on-line, a partir de 13 de setembro e até 20 de setembro. Confira abaixo as turmas e os links de inscrição!

    Inglês Nível 2: quintas, das 18h às 20h (presencial)
    Professora: Henrique
    Início das aulas 26/09
    Fim das aulas 28/11
    Link de inscrição: http://inscricoes.ufsc.br/inglesnivel2

    Libras Nível 1: terças, das 19h às 20h30min (online)
    Professora: Rafael
    Início das aulas 24/09
    Fim das aulas 26/11
    Link de inscrição: http://inscricoes.ufsc.br/librason

    NOVO!

    RELAÇÃO DE ESTUDANTES SELECIONADOS(AS) PET-IDIOMAS 2024.2 – INGLÊS (NÍVEL 2) | Aulas Sala 231 – CCE – Bloco A | Quintas-feiras das 18h às 20h

     

    RELAÇÃO DE ESTUDANTES SELECIONADOS(AS) PET-IDIOMAS 2024.2 – LIBRAS (NÍVEL 1) ONLINE | link a ser enviado para as pessoas selecionadas

     

     


  • Adaptação de obras literárias: “As meninas”, de Lygia Fagundes Telles

    Publicado em 06/09/2024 às 08:09

     

    Por Daniely de Lavega

    Bolsista PET Letras – CNPq

    Letras Português

    A relação entre a literatura e o cinema gera debates acalorados entre os críticos. Há movimentos que defendem a “autonomia do cinema”, assim como existem os que consideram a literatura como “arte verdadeira”. Entretanto, também há teóricos que não julgam essa relação como prejudicial para algum dos lados. Segundo Amorim (2010), tanto a literatura quanto o cinema são estruturas da linguagem, bem como ambas as artes se constituem, principalmente, por meio do gênero narrativo. A literatura e o cinema se assemelham por serem artes narrativas, que contam uma história, sendo justificável que o cinema tenha se apropriado da literatura para impulsionar seu próprio desenvolvimento.

    Hutcheon (2011) argumenta que, atualmente, as adaptações estão em todos os lugares: na televisão, no cinema, no teatro, nos quadrinhos, nos videogames, em parques temáticos e muito mais. Em seu livro Uma teoria da adaptação, a autora também levanta uma discussão importante sobre a tendência de considerar as adaptações como inferiores. De fato, há um pensamento disseminado de que as adaptações não alcançam a consistência artística das obras literárias. Em vista disso, a autora sugere os seguintes questionamentos:

    Se as adaptações são, por definição, criações tão inferiores e secundárias, por que estão assim presentes em nossa cultura e, de fato, em número cada vez maior? Por que, de acordo com as estatísticas de 1992, 85% de todos os vencedores da categoria de melhor filme no Oscar são adaptações? Por que as adaptações totalizam 95% de todas as minisséries e 70% dos filmes feitos para a TV que ganham Emmy Awards? (Hutcheon, 2011, p. 24).

     

    Contudo, o que é, afinal, uma adaptação? De acordo com os dicionários, o termo “adaptar” significa ajustar, alterar, tornar adequado. Sendo assim, Hutcheon (2011) propõe o estudo da adaptação a partir de três perspectivas diferentes: como uma entidade ou produto formal, como um processo de criação ou como um processo de recepção.

    Como uma entidade ou produto formal, a adaptação pode ser vista como a transposição de uma obra para outro meio ou formato. Essa “transcodificação” pode resultar em uma mudança de perspectiva, ou seja, em recontar a história sob um novo ponto de vista. Como um processo de recriação, a adaptação envolve tanto a (re)interpretação quanto a (re)criação da obra original, permitindo uma apropriação do texto-fonte e sua reinvenção. Por fim, enquanto processo de recepção, a adaptação pode ser entendida como uma forma de intertextualidade, ou seja, um palimpsesto.

    Em vista disso, adaptar um texto literário seria uma forma de analisá-lo ou interpretá-lo, permitindo a criação de diversas adaptações a partir de uma única fonte. Portanto, uma adaptação cinematográfica seria uma leitura de uma obra literária, que permite novas interpretações do público e não deve ser definida como inferior ao texto-base (Amorim 2010).

    Com fundamento nisso, refletindo sobre a adaptação como leitura, seria possível discutir a qualidade da adaptação em relação ao texto original? Seria possível utilizar o argumento da crítica contemporânea de que “o filme não é fiel ao livro”?

    Para Hutcheon (2011), adaptar não tem relação com fidelidade. Sendo assim, fidelidade não deve ser um parâmetro de julgamento para as obras adaptadas. A autora salienta que, por um longo tempo, esse critério foi comum para discutir as obras adaptadas, principalmente quando se tratava de obras literárias canônicas. Já para Amorim (2010), o mito da fidelidade pode ser classificado como preconceito, considerando que todas as adaptações são leituras. Portanto, exigir fidelidade seria como exigir uma leitura única e universal de um texto literário.

    Para exemplificar o que foi discutido, podemos analisar o romance As Meninas, de Lygia Fagundes Telles, publicado em 1973. Tendo como cenário o cotidiano urbano de São Paulo durante a Ditadura Militar (1964-1985), o livro apresenta a trajetória de três jovens mulheres com personalidades e objetivos muito distintos. A narrativa é conduzida de forma alternada entre um narrador onisciente e três narradoras-personagens.

    Ana Clara Conceição, uma jovem de origem pobre, mira o casamento como uma forma de melhorar sua posição social, apesar de seus problemas com a dependência química. Lia de Mello Schultz, uma ativista social, se empenha em libertar seu namorado, que está detido pela Ditadura Militar. Enquanto isso, Lorena Vaz Leme, que vem de uma família abastada, busca superar seus traumas pessoais por meio de um relacionamento com um homem casado.

    A adaptação para o cinema, feita por Emiliano Ribeiro e lançada em 1995, oferece uma visão diferente das protagonistas, refletindo a leitura particular do diretor ao transformar o romance em filme.

    Descrição da imagem: Drica Moraes, Adriana Esteves e Cláudia Liz em uma cena da adaptação de As Meninas. Na imagem, a personagem de Adriana Esteves está dentro de uma banheira, enquanto Drica Moraes e Cláudia Liz permanecem próximas, interagindo com ela em uma conversa intensa. Imagem encontrada no Google Imagens.

     

    No filme, Lia é interpretada por Drica Moraes, uma atriz magra, alta e branca, contrastando com a descrição da personagem no romance, que é gorda, desleixada e tem um cabelo indomável. Lorena, vivida por Adriana Esteves, demonstra uma personalidade mais racional do que no livro. Já Ana Clara, interpretada por Cláudia Liz, é a que mais se assemelha à personagem original: muito vaidosa e frequentemente vista sob a influência de álcool e drogas ao longo do filme.

    No livro, a alternância entre as narradoras dá origem a uma narrativa fragmentada, criando uma estrutura mais caótica e confusa. Em contrapartida, na adaptação para o cinema, a história segue um formato mais linear, tanto em termos de tempo quanto de espaço, uma vez que o ponto de vista é externo. Isso torna o contexto histórico, social e político mais explícito e fácil de compreender. Dessa maneira, a adaptação do diretor enfatiza a repressão e a violência que marcaram o período da Ditadura Militar.

    É relevante notar que o filme inclui cenas que não estão presentes no romance. A exclusão de algumas cenas e a adição de outras, que retratam a brutalidade da Ditadura Militar, reforçam a ideia de que a intenção de Emiliano Ribeiro é justamente denunciar essa realidade. No entanto, ambas as obras tratam com maestria a relação entre o contexto histórico e o desenvolvimento das personagens.

    Podemos concluir que tanto a literatura quanto o cinema se encontram no ato de contar histórias, porém são formas autônomas de expressão (Amorim, 2010). Devido à tentativa de atingir a burguesia, o cinema se apropriou de obras literárias canônicas como textos-fontes, tornando a adaptação parte de nossa cultura contemporânea. Por último, vimos a questão da fidelidade da adaptação em relação à obra literária, que se revelou um mito quando contemplamos o filme como uma leitura do texto-fonte, uma leitura que é suscetível a múltiplas interpretações. Portanto, a adaptação deve ser vista como algo diferente da mera reprodução.

     

    REFERÊNCIAS

     

    AMORIM, Marcel Álvaro de. Ver um livro, ler um filme: sobre a tradução/adaptação de obras literárias para o cinema como prática de leitura. In: XIV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA, 4., 2010, Rio de Janeiro. Anais […]. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2010. p. 1725-1739. Disponível em: http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/publicacoes.html. Acesso em: 2 jul. 2023.

     

    HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. Tradução de André Cechinel. 2. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011.


  • As festas universitárias e a cultura surda: os sinais

    Publicado em 03/09/2024 às 16:26

    Por Lara Malafaia Vieira

    Bolsista de Acessibilidade PET-Letras

    Letras-Libras

    Na Semana de Letras Libras (SELL), que ocorre anualmente no mês de Novembro, são realizadas palestras, minicursos e apresentações de pesquisas, nas formas de  comunicação oral ou banner. No ano de 2022, tive a oportunidade de participar pela primeira vez como ouvinte e ano passado, 2023, apresentei meu primeiro trabalho, junto com um amigo (Bruno Camargo), intitulado “Uma mão sinalizando e a outra no copo: uma proposta de sinais para as festas universitárias de Florianópolis”.

    A ideia do nosso exercício de projeto e deu origem à apresentação ocorreu durante um almoço no restaurante universitário da UFSC, onde eu estava sentada na presença de dois amigos, uma surda e um ouvinte. Durante a conversa tocamos no assunto “festas universitárias”, as quais frequento sempre que possível. Ao relatar o nome de cada uma das festas, precisávamos criar estratégias para explicar para a surda os trocadilhos presentes nos nomes em português e com isso, pensar em como criar os sinais que mantivessem o trocadilho também em Libras.

    Descrição da imagem: quatro imagens de festas universitárias. A primeira é uma mancha amarela com roxo escrito “PATOLOKO” com um desenho de um pato com óculos escuro e moletom roxo. A segunda tem um fundo vermelho onde está escrito “ENFERNIZA” com um estetoscópio com uma cauda triangular. A terceira tem fundo roxo com uma escrita em branco “INSANITÁRIA”; sobre o “ns” há imagem de um cogumelo vermelho com uma bola branca do videogame SuperMario. A quarta tem fundo amarelo onde aparece um brasão escrito “UNI 2021”; além disso, nela há  três tipos de bolas e a frase “spring break” numa faixa, embaixo.

    Quadros e Schmiedt (2006) relatam que um dos papeis das línguas é a manifestação das culturas, dos valores e dos padrões sociais de um determinado grupo social. Consideramos que estes tipos de entretenimento também são parte da cultura universitária, então, após diversos encontros, selecionamos 21 festas da UFSC e UDESC, montando os sinais. Dois, os gravamos. Todos os sinais foram criados com a participação de pessoas surdas para que pudessem ajudar com a fidelidade dos trocadilhos.

    Durante a inscrição para o SELL organizamos um banner para ser apresentado, pois percebemos que as festas movimentam, em média, dez mil pessoas tanto da comunidade interna quanto externa das universidades. Quando estão distantes dos corredores e dos trabalhos acadêmicos, os universitários procuram esses eventos como forma de distração, lazer e diversão. As festas também são locais ótimos para socializar e integrar com outros universitários.

    Descrição da imagem: QR Code com os vídeos dos 21 sinais das festas universitárias.

     

    No final da criação destes sinais e da criação do banner, tínhamos o trabalho e o  apresentamos. Todos que passavam por lá, surdos e ouvintes, professores e alunos, ficaram curiosos sobre os sinais e a história de cada um deles. Depois do SELL, pude perceber que os surdos começaram a usar os sinais naturalmente. Hoje, vemos a importância da comunidade surda participar desses eventos e de participarem das discussões sobre os mesmos.

    REFERÊNCIA

    QUADROS, Ronice Muller de; SCHMLEDT, Magalli L. P. Idéias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC, 2006. 120 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf.

     


  • RedaPET – 2024.2

    Publicado em 02/09/2024 às 14:46

     

    RedaPET (curso gratuito de aulas de Redação com foco no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – e Vestibular da UFSC)

    Projeto criado pelo PET Letras da UFSC onde serão ofertadas aulas abordando gêneros textuais diversos, bem como o estudo das redações com foco na Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e da Redação para o Vestibular Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    Inscrições de 02 de setembro de 2024 ao dia 16 de setembro de 2024.

    Duração: início previsto para o dia 03 de setembro e término no dia 03 de Dezembro de 2024.

    Inscrições: http://inscricoes.ufsc.br/redapet2


  • Curso de Português para Imigrantes e Refugiados – presencial

    Publicado em 30/08/2024 às 14:53

    O PET-Letras oferecerá 3 turmas do curso de Português para imigrantes e refugiados. Todos os cursos são presenciais.

    As inscrições serão exclusivamente on-line, a partir de 30 de agosto e até 13 de setembro. Confira abaixo as datas e os links de inscrição!

    Iniciante
    Curso para quem compreende pouco da língua e tem dificuldade de comunicação nas situações do dia a dia. O objetivo do curso é oferecer estruturas básicas de comunicação para que os alunos se sintam mais seguros na sua rotina em Florianópolis. Aulas às terças-feiras ou às quintas-feiras, das 19h às 21h.

    Duração do curso nível Iniciante:
    Turma de terça-feira: de 17/09/2024 a 17/12/2024;
    Turma de sexta-feira: de 20/09/2024 a 20/12/2024.

    Intermediário
    Curso para quem utiliza a língua portuguesa nas situações do dia a dia com interferências da sua língua materna. O objetivo do curso é desenvolver a comunicação na língua portuguesa para que os alunos possam se expressar da melhor forma na sua rotina em Florianópolis. Aulas às quartas-feiras, das 19h às 21h.

    Duração do nível Intermediário:
    Turma de quarta-feira: de 18/09/2023 a 18/12/2024.
    Links inscrições:

    INICIANTE – TURMA DE TERÇAhttp://inscricoes.ufsc.br/iniciante120242

    INICIANTE – TURMA DE SEXTA: http://inscricoes.ufsc.br/iniciantes220242

    INTERMEDIÁRIO: http://inscricoes.ufsc.br/intermediario20242