O apagamento histórico das mulheres na ciência
Isabella Flud,
Bolsista PET-Letras
Letras – Português
Se o assunto for “os maiores cientistas do mundo”, já sabemos que nomes como Albert Einstein e Charles Darwin com certeza serão citados durante a discussão. Entre ícones mais contemporâneos, ainda temos figuras como Carl Sagan e Stephen Hawking, todos eles são ícones extremamente relevantes para a ciência da humanidade. Mas você já parou para pensar quantas mulheres foram apagadas durante a história da ciência? Seja em qualquer nacionalidade ou área de estudo, como exatas, humanas ou biológicas.
Ícones mundiais como Elizabeth Blackwell e Marie Curie possuem um pouco mais de visibilidade, apesar de não conhecerem, especificamente, o legado de cada uma. Elizabeth Blackwell (1821-1910) foi uma médica britânica, considerada a primeira mulher que se formou em medicina nos Estados Unidos e a primeira mulher a ter registro médico no Conselho Médico Geral. Junto de sua irmã, abriram a New York Infirmary for Indigent Women, uma clínica que atendia mulheres indigentes e com vulnerabilidade socioeconômica, além de também terem fundado duas escolas de Medicina destinadas às mulheres, a Woman’s Medical College e a London School of Medicine for Women.
Já Marie Curie foi uma física e química polonesa, com naturalização francesa, foi a primeira mulher a estudar as partículas radioativas. Descobriu os elementos químicos urânio, polônio e o rádio. Além de entender como os efeitos radioativos podem ser prejudiciais para o corpo humano, também difundiu o uso de rádio durante o tratamento de câncer, a conhecida radioterapia. Foi a primeira mulher que ganhou dois prêmios Nobel, um na área de Física e outro na área da Química.
Já sabemos que o número de pesquisadores vêm aumentando no país, mesmo em meio às dificuldades, como a falta de investimento e a frequente interrupção ou corte de bolsas. O Brasil não é favorável para o pesquisador brasileiro, ainda mais se o seu gênero é feminino. Nos dados abaixo, exponho as áreas da ciência em que as mulheres do Brasil são maioria, de acordo com o relatório “A jornada do pesquisador através de lentes de gênero” (2020 p.158), elaborado pela empresa Elsevier, uma das maiores dominantes mundiais das publicações científicas, investigou a participação ativa de pesquisadores em 15 países, incluindo o Brasil.
Tabela 1: As áreas da ciência em que as mulheres do Brasil são maioria
Área | Gênero | Percentual |
Bioquímica | Feminino | 52.7% |
Masculino | 47.2% | |
Enfermagem | Feminino | 73.0% |
Masculino | 26.9% | |
Farmacologia | Feminino | 57.6% |
Masculino | 42.3% | |
Imunologia e Microbiologia | Feminino | 57.7% |
Masculino | 42.3% | |
Medicina | Feminino | 52.7% |
Masculino | 47.2% | |
Neurociência | Feminino | 54.3% |
Masculino | 45.6% | |
Odontologia | Feminino | 52.4% |
Masculino | 47.5% |
Fonte: Elsevier Gender Report (2020 p. 158)
Para mudar este cenário a Assembleia Geral da ONU definiu o dia 11 de fevereiro como o Dia Internacional das Mulheres e Meninas na Ciência, com o intuito de reconhecer e incentivar a participação feminina na ciência. A partir desta temática tão importante, te convido a conhecer uma história em quadrinhos que exalta o protagonismo negro e feminino na ciência brasileira, “Meninas e Mulheres na Ciência”, que conta a história de uma menina negra que sonha em ser cientista e traz diversos aspectos do cotidiano brasileiro.
Fonte: Divulgação*
Seguimos pesquisando, seguimos resistindo!
Referência:
ELSEVIER. The Researcher Journey Through a Gender Lens, Amsterdam, 2021, p. 158. Disponível em <https://www.elsevier.com/__data/assets/pdf_file/0011/1083971/Elsevier-gender-report-2020.pdf> Acesso em dez 2021.
*Descrição: Uma imagem na vertical, fundo mesclado em rosa, azul e roxo com três pessoas. O título “meninas e mulheres na ciência” aparece no topo da imagem, na cor branca, com destaque para a palavra “ciência” que está na cor preta e amarela. A primeira é uma menina branca com cabelo liso e castanho, de franja, camiseta rosa e short verde, com uma mão em cada bochecha, demonstrando alegria. A segunda pessoa é uma mulher negra com cabelo crespo bem escuros, usando um jaleco, camiseta verde e calça jeans, está segurando um tubo de ensaio com um líquido verde por dentro enquanto sai fumaça. A terceira pessoa é um menino branco, cabelo curto e escuro, usando uma camisa polo vermelha, está segurando uma parte de uma parede e não aparece por inteiro.