RELAÇÃO DAS TURMAS COM OS(AS) ESTUDANTES SELECIONADOS(AS)

22/05/2022 00:21

Abaixo você encontra a relação de turmas, horários, salas e ESTUDANTES SELECIONADOS(AS)

TURMA 1
(PRESENCIAL)

Profa. Sophia Valentim de Andrade
Monitora Daniely de Lavega

Francês (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Quartas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 25 de maio

SALA: 246 (CCE, BLOCO A)

TURMA 2
(PRESENCIAL)

Prof. Hassur Mikael Dambrós Scapin
Monitora Manoela Raymundo

Italiano (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Terças-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 24 de maio

SALA: 246 (CCE, BLOCO A)

TURMA 3
(PRESENCIAL)

Prof. Giorgio Buonsante
Monitor Angelo Perusso

Italiano (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Quartas-feiras, das 14h00 às 15h30
Início dia 25 de maio

SALA: 248 (CCE, BLOCO A)

TURMA 4
(PRESENCIAL)

Prof. Leonardo Machado Peres
Monitora Franciane Rodrigues

Inglês (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Sextas-feiras, das 18h00 às 19h30
Início dia 27 de maio

SALA: 246 (CCE, BLOCO A)

TURMA 5
(PRESENCIAL)

Profa. Dienifer Leite
Monitora Laiara Serafim

Inglês (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Quintas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 26 de maio

SALA: 246 (CCE, BLOCO A)

TURMA 6
(PRESENCIAL)

Prof. Vinicius da Silva Floriano
Monitora Emmanuele Santos

Japonês (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Sextas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 27 de maio

SALA: 248 (CCE, BLOCO A)

TURMA 7
(PRESENCIAL)

Profa. Susana Echeverria
Monitor Pedro Pedrollo

Espanhol (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Terças-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 24 de maio

SALA: 248 (CCE, BLOCO A)

TURMA 8
(PRESENCIAL)

Profa. María Teresa García-Casillas
Monitor Andres Garcés

Espanhol (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Segundas-feiras, das 14h00 às 15h30
Início dia 23 de maio

SALA: 248 (CCE, BLOCO A)

TURMA 9
(ON-LINE)

Prof. Diogo Assis Pereira
Monitoras Vitória Amancio e Mariane Pordeus

Libras (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Quartas-feiras, das 15h00 às 16h30
Início dia 25 de maio

https://conferenciaweb.rnp.br/webconf/pet-letras-ufsc

TURMA 10
(PRESENCIAL)

Prof. Gustavo da Silva Flores
Monitora Mariane Pordeus

Libras (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Terças-feiras, das 14h00 às 15h30
Início dia 24 de maio

SALA: 238 (CCE, BLOCO A)

TURMA 11
(PRESENCIAL)

Profa. Andreza Vitória Bobsin Batista
Monitora Vitória Amancio

Libras (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Quintas-feiras, das 14h00 às 15h30
Início 26 de maio

SALA: 248 (CCE, BLOCO A)

TURMA 12
(PRESENCIAL)

Profa. Emmanuele Santos e Prof. Angelo Perusso
Monitora Débora Klug

Português para estrangeiros (nível 1)

RELAÇÃO DE ESTUDANTES

Segundas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 23 de maio

SALA: 246 (CCE, BLOCO A)

ATENÇÃO: ESTEJA ATENTO(A) AOS HORÁRIOS.CHEGUE UM POUCO ANTES NO DIA DA PRIMEIRA AULA (AS SALAS ESTÃO INDICADAS ACIMA).

Seleção de estudantes para os cursos de línguas – PET-Idiomas 2022.1

17/05/2022 18:01

Quer aprender uma nova língua ou aperfeiçoar suas habilidades comunicativas?


Então aproveite essa oportunidade:
cursos gratuitos de diferentes línguas!

As inscrições do PET-Idiomas estão abertas das 12h00 do dia 18 de maio de 2022 às 15h00 do dia 21 de maio de 2022.

1) as inscrições somente serão realizadas por meio do sistema de inscrições da UFSC no período indicado acima;

2) cada candidato poderá se inscrever em SOMENTE UMA TURMA e cada turma terá o máximo de 25 alunos;

3) os cursos são gratuitos e abertos a todos e a todas e compreendem 15 horas presenciais e 15 horas de desenvolvimento de estudos e aprendizagem extraclasse requeridas pelos professores;

4) os cursos ocorrerão presencialmente na UFSC ou de forma remota, on-line, através da plataforma WebConf, cujo link será disponibilizado para os alunos no início das aulas;

5) as vagas serão distribuídas por meio de sorteio e o aluno deverá verificar as listas das turmas que serão disponibilizados neste site no dia 22 de maio a partir das 18h00;

6) durante a primeira semana de aulas (ENTRE OS DIAS 23 E 27 DE MAIO), será realizada uma segunda chamada, caso haja desistências (será considerada desistência a ausência à primeira aula, sem justificativa oficialmente registrada);

7) as aulas têm início previsto para a semana do dia 23 de maio de 2022 e término até o dia 27 de julho de 2022, conforme o cronograma de cada turma;

8) a matrícula será realizada na primeira aula e o aluno deverá se comprometer a frequentar as aulas e a concluir o curso, sob pena de não mais poder concorrer a vagas em atividades promovidas pelo PET-Letras;

9) a certificação será concedida mediante 75% de frequência aos encontros e aproveitamento satisfatório, avaliado pelo(a) professor(a).

10) nesse semestre só serão oferecidas turmas de NÍVEL1. Provavelmente, algumas turmas de conversação em diferentes línguas serão oferecidas no PET-Grupos nas próximas semanas. Fique atento!

Abaixo você encontra a relação de turmas e horários. Inscreva-se APENAS PARA UMA TURMA

TURMA 1 (PRESENCIAL)

Profa. Sophia Valentim de Andrade
Monitora Daniely de Lavega

Francês (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Quartas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 25 de maio
TURMA 2 (PRESENCIAL)

Prof. Hassur Mikael Dambrós Scapin
Monitora Manoela Raymundo

Italiano (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Terças-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 24 de maio
TURMA 3 (PRESENCIAL)

Prof. Giorgio Buonsante
Monitor Angelo Perusso

Italiano (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Quartas-feiras, das 14h00 às 15h30
Início dia 25 de maio
TURMA 4 (PRESENCIAL)

Prof. Leonardo Machado Peres
Monitora Franciane Rodrigues

Inglês (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Sextas-feiras, das 18h00 às 19h30
Início dia 27 de maio
TURMA 5 (PRESENCIAL)

Profa. Dienifer Leite
Monitora Laiara Serafim

Inglês (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Quintas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início 26 de maio
TURMA 6 (PRESENCIAL)

Prof. Vinicius da Silva Floriano
Monitora Emmanuele Santos

japonês (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Sextas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 27 de maio
TURMA 7 (PRESENCIAL)

Profa. Susana Echeverria
Monitor Pedro Pedrollo

Espanhol (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Terças-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 24 de maio
TURMA 8 (PRESENCIAL)

Profa. María Teresa García-Casillas
Monitor Andres Garcés

Espanhol (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Segundas-feiras, das 14h00 às 15h30
Início dia 23 de maio
TURMA 9 (ON-LINE)

Prof. Diogo Assis Pereira
Monitoras Vitória Amancio e Mariane Pordeus

Libras (nível 1)

CLIQUE AQUI! (on-line)

 

Quartas-feiras, das 15h00 às 16h30
Início dia 25 de maio (aulas no webconf)
TURMA 10 (PRESENCIAL)

Prof. Gustavo da Silva Flores
Monitora Mariane Pordeus

Libras (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Terças-feiras, das 14h00 às 15h30
Início dia 24 de maio
TURMA 11 (PRESENCIAL)

Profa. Andreza Vitória Bobsin Batista
Monitora Vitória Amancio

Libras (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Quintas-feiras, das 14h00 às 15h30
Início 26 de maio
TURMA 12 (PRESENCIAL)

Profa. Emmanuele Santos e Prof. Angelo Perusso
Monitora Débora Klug

Português para estrangeiros (nível 1)

CLIQUE AQUI!

Segundas-feiras, das 12h10 às 13h40
Início dia 23 de maio

ATENÇÃO: A identificação de inscrições duplicadas em mais de uma turma implicará no cancelamento completo da inscrição.

Línguas artificiais: você sabe o que são?

15/05/2022 19:58

Hanna Boassi,
Bolsista PET-Letras
Letras Português

Sabemos que uma língua natural é aquela que se desenvolve espontaneamente dentro de comunidades, enquanto uma língua artificial, ou conlang (constructed languages), é criada com intuitos científicos, tecnológicos ou ficcionais. Na cultura popular, no universo ficcional de livros, filmes e séries, é muito comum observar a criação de línguas artificiais, tais como: a língua Atlante, no filme Atlantis, da Disney; Klingon, na franquia de Star Trek; a Ofidioglossia (língua das cobras) nos filmes de Harry Potter, entre outras.

Em Atlantis – O Reino Perdido (2001), temos a história de um cartógrafo e linguista chamado Milo Thatch que encontra um antigo manuscrito que pode ajudá-lo a encontrar finalmente o reino de Atlantis. Para o filme, o linguista norte-americano Marc Okrand criou a língua artificial chamada Atlante, tendo seu próprio alfabeto criado por John Emerson — junto de Okrand. Eles utilizaram como base um sistema antigo de escrita, Okrand também desenvolveu a língua Klingon, da franquia de Star Trek (1966) — essa um pouco mais complexa, tendo em vista que alguns fãs da franquia estudam e aprendem a falar, foi criado o Instituto da Língua Klingon em 1992, uma organização que se dedica a estudar e ensinar a língua ficcional.


Fonte: Imagem da Internet*

Outra franquia de filmes que conta com a criação de uma língua artificial é Harry Potter, com a aparição no seu primeiro filme Harry Potter e a Pedra Filosofal (2001) a Ofidioglossia é a capacidade de falar a língua das cobras, os personagens ofidioglotas na saga são em sua maioria descendentes de Salazar Sonserina, com exceção de Harry Potter que obteve sua habilidade através de Lord Voldemort. O linguista responsável pela criação da língua das cobras foi Francis J. Nolan, a língua não possui vogais redondas (O, Ó e U) e nem consoantes bilabiais (M, P e B), isso para que se aproxime o máximo possível dos sons que as cobras produzem, isso porque a boca das cobras não são flexíveis para se arredondar.

Além da cultura popular, as línguas artificiais podem ser criadas para serem utilizadas em situações de comunicação reais, isso com o objetivo de se tornarem a segunda língua falada e escrita por um grupo de pessoas que não compartilham do mesmo idioma (BATTISITI et al., 2022). Exemplo disso seria o esperanto que foi criado por Ludwig L. Zamenhof, no final do século XIX, com base em línguas europeias. A ideia é que a língua se torne universal, não de maneira que substitua as línguas oficiais dos países, mas, sim, servindo como uma segunda língua que seja utilizada e entendida por todos, outra língua artificial oficial é o gestuno que é uma língua auxiliar internacional utilizada normalmente pelos surdos em conferências internacionais ou em situações informais quando viajam.

A criação de línguas artificiais é muito popular e requer muito estudo, apesar de que para nós, telespectadores, pareça algo simples e apenas com intuito de entretenimento. Entretanto, os linguistas responsáveis por tais empreitadas buscam sempre criar “línguas completas” com alfabeto, gramática e fonemas.

*Descrição da imagem: Representação de uma cena do filme Atlantis – O Reino Perdido (2001) da Disney. A imagem mostra o personagem Milo Thatch lendo e apontando para um livro escrito na língua Atlante. O personagem é caucasiano, com cabelos castanhos curtos, usa um óculos e possui um lápis atrás da orelha. No fundo da imagem, no canto superior esquerdo se vê uma pilha de livros grossos em cima de uma mesa.
REFERÊNCIAS

BATTISITI, Elisa et al. Língua Artificial. In: BATTISITI, Elisa; OTHERO, Gabriel; FLORES, Valdir do Nascimento. Conceitos básicos de linguística: noções gerais. São Paulo: Contexto, 2022. p. 123-124.

Recomendações de leitura:

Ofidioglossia, Harry Potter Wiki, disponível em: <https://harrypotter.fandom.com/pt-br/wiki/Ofidioglossia#:~:text=Ofidioglossia%20%C3%A9%20a%20capacidade%20natural,muito%20rara%20e%20normalmente%20heredit%C3%A1ria>. acesso em: 7 maio 2022.

HOCHSPRUNG, Vitor. Teremos Tom Holland como linguista? 7 mar. 2022. Instagram: @vitorlinguistica. Disponível em: https://www.instagram.com/p/Ca0MVvNP0Wp/?igshid=YmMyMTA2M2Y=. Acesso em: 07 mai. 2022

HOCHSPRUNG, Vitor. Harry Potter e a Linguística. 22 jul. 2021. Instagram: @vitorlinguistica. Disponível em: https://www.instagram.com/p/CRoc4YFhGlh/?igshid=YmMyMTA2M2Y=. Acesso em: 07 mai. 2022

Dia das Mães: origens e reflexões sobre essa comemoração

10/05/2022 17:23

Emmanuele Amaral Santos,
Bolsista PET-Letras
Letras Português

Oficializado, em 1932, durante o governo de Getúlio Vargas, o segundo domingo de maio foi “[…] consagrado às mães, em comemoração aos sentimentos e virtudes que o amor materno concorre para despertar e desenvolver no coração humano […]”, como declara o texto da lei que regulamenta o feriado de Dia das Mães no Brasil.

Tanto a escolha da data quanto a ideia de homenagear os “sentimentos e virtudes” da maternidade surgiram politicamente a partir de Anna Jarvis, uma mulher estadunidense que se baseou nas vivências religiosas e pessoais da própria mãe, como uma oração apresentada para Anna ainda na infância e participação em um grupo de mulheres que se dedicaram aos cuidados de soldados no contexto da Guerra Civil Americana.

O Dia das Mães foi oficializado em todos os estados americanos apenas em 1911, e, pouco tempo depois, a própria Anna Jarvis chegou criticar o propósito comercial que a data rapidamente ganhou nos EUA, assunto discutido pela pesquisadora Katharine Lane Antolini  na obra Memorializing Motherhood: Anna Jarvis and the Struggle for Control of Mother’s Day (“Em Memória da Maternidade: Anna Jarvis e a Luta pelo Controle do Dia das Mães”). Além de trazer os comentários de Anna sobre os chamados “aproveitadores do comércio” como as floriculturas que aumentam seus preços na época do Dia das Mães, o livro também reflete sobre o processo histórico de idealização da data e as suas repercussões contraditórias que levaram Anna a pedir desculpas por ter “criado” a comemoração.

Fonte: Recorte de uma imagem da internet*

É interessante refletir sobre como esse modelo estadunidense de feriado foi importado para o Brasil, tanto na perspectiva religiosa quanto na repercussão mercadológica. Na propaganda da década de 1960/70 que ilustra este texto, por exemplo, percebe-se o uso das rosas como imagem da maternidade remetendo à Maria na simbologia cristã e à ideia de presente como já ressaltou a própria Anna Jarvis.

Atualmente, outros desdobramentos comerciais dessa celebração no Brasil podem ser percebidos em propagandas que ora reforçam o estereótipo da mãe como guardiã e cuidadora do lar para a venda de eletrodomésticos ora refletem superficialmente sobre contextos contemporâneos de independência financeira feminina e maternidade solo. Deste modo, o segundo domingo de maio ainda parece enfrentar uma dualidade mercadológica e cristã semelhante a que marca a sua origem, o que demonstra que a luta pelo controle do Dia das Mães ainda está em aberto.

 

 

*Descrição de imagem: Reprodução digital de uma propaganda em preto e branco sobre o Dia das Mães. À direita da imagem, uma mulher sorridente com cabelos ondulados levantando uma criança de colo acima de sua cabeça, olhando para ela como se estivesse brincando. A criança usa um macacão e segura um pequeno pano. No canto superior esquerdo, está escrito “O Dia das Mães…” em fonte cursiva e sublinhado e, logo abaixo, em outra tipografia: “Dia de gratidão”, na primeira linha, e “dos filhos…”, na seguinte. No canto inferior esquerdo, aparece o desenho de um ramo com rosas e folhas.

Tags: comunicaPET

Um diálogo com a Morte: “A menina que roubava livros”

02/05/2022 17:42

Daniely Karolaine de Lavega,
Bolsista PET-Letras
Letras Português

Se você está em busca de um livro que o devaste como a perda de um ente querido, A menina que roubava livros, escrito pelo australiano Markus Zusak, com sua primeira publicação no Brasil pelas mãos da Intrínseca, em 2007, é a alternativa perfeita para você. Apesar de sua adaptação cinematográfica, dirigida por Brian Percival e lançada em 2014 nos cinemas brasileiros, ser brilhante, ela não é capaz de transmitir com precisão a complexidade da narradora desenvolvida por Zusak.

A menina que roubava livros é um romance narrado pela Morte.

Com absoluta sinceridade, tento ser otimista a respeito de todo esse assunto, embora a maioria das pessoas sinta-se impedida de acreditar em mim, sejam quais forem meus protestos. Por favor, confie em mim. Decididamente, eu sei ser animada, sei ser amável. Agradável. Afável. E esses são apenas os As. Só não me peça para ser simpática. Simpatia não tem nada a ver comigo. (ZUSAK, 2010, p. 9, grifo do autor).

Liesel Meminger, a pequena ladra de livros que protagoniza essa história, é filha biológica de uma comunista perseguida pelo nazismo. Devido às circunstâncias, a mulher envia Liesel e o irmão mais novo desta para um subúrbio alemão, onde um casal extremamente pobre deseja adotá-los por dinheiro. Porém, o menino falece no decorrer da viagem de trem e é enterrado por um homem que deixa cair um livro no solo coberto de neve. O manual do coveiro é o primeiro livro surrupiado pela menina. Tendo a Segunda Guerra Mundial como cenário e um judeu escondido no porão de sua nova casa, Liesel é ensinada a ler por seu pai adotivo e encontra, na literatura, uma maneira de sobreviver à violência da Alemanha Nazista — que gera trabalho em dobro a Morte.

Liesel escapa da Morte três vezes. Entre os anos de 1939 e 1943, a Morte acompanha os passos de Liesel e narra, com assombro e uma pitada de humor ácido, os acontecimentos em torno da ladra de livros. A narradora demonstra nutrir uma afeição inusitada pela menina, descrevendo-a como uma especialista em ser deixada para trás. As reflexões que a Morte realiza acerca das ações humanas nos leva a pensar profundamente sobre nossa existência e o quão cruel o homem é capaz de ser. É impossível ler a história fictícia de Liesel Meminger e não relembrar a trágica história vivida por Anne Frank.

O ser humano não tem um coração como o meu. O coração humano é uma linha, ao passo que o meu é um círculo, e tenho a capacidade interminável de estar no lugar certo, na hora certa. A consequência disso é que estou sempre achando seres humanos no que eles têm de melhor e de pior. Vejo sua feiura e sua beleza, e me pergunto como uma mesma coisa pode ser as duas. Mas eles têm uma coisa que eu invejo. Que mais não seja, os humanos têm o bom senso de morrer. (ZUSAK, 2010, p. 426).


Fonte: Amazon.*

A menina que roubava livros, com suas 480 páginas, é um livro que nos afeta como um desastre. Como uma obra premiada e classificada como favorita em muitas estantes, a história de Liesel e sua louvável narradora não nos permite dormir antes de alcançar a última página. Além das interessantes reflexões que o livro propõe, ele mostra o papel de refúgio e transformação que a leitura pode exercer em nossas vidas. Depois de finalizar a leitura de A menina que roubava livros, como nossa ilustre narradora declara certo dia, posso-lhes afirmar: “Os seres humanos me assombram” (ZUSAK, 2010, p. 478).

Referência:

ZUSAK, Markus. A menina que roubava livros. 2. ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2010. 480 p. Tradução de Vera Ribeiro.

*Descrição da imagem: A capa do livro é predominantemente branca, representando um solo coberto de neve. Na parte inferior, há um asfalto estreito por onde a silhueta de uma pessoa de vestimenta longa caminha segurando um guarda-chuva vermelho. Um pouco acima, lê-se o título do livro em duas cores: “a menina que roubava…”, em preto, e “…livros”, em vermelho. Um pouco acima do título, lê-se o nome do autor na cor preta. Ao lado esquerdo do título e do nome do autor, há uma árvore seca. No canto superior direito, encontra-se o logotipo da editora, que consiste em uma letra I minúscula em preto (tendo seu ponto em vermelho) com o nome da editora escrito verticalmente em branco em seu interior.

O retorno ao presencial: uma expectativa realizada

27/04/2022 16:11

Débora Klug,
Bolsista PET-Letras
Letras Português

Parte deste texto foi desenvolvida em um carro em movimento. Em uma viagem de 850 quilômetros pela frente, e um destino muito esperado: Florianópolis. O momento chegou, com dois anos de atraso, mas chegou, estamos finalmente retornando às atividades presenciais. Muita coisa aconteceu nesses anos, e trazemos as cicatrizes provindas das crises que vivenciamos. Foram dois anos que, para mim, pareceram cinco; mas ao mesmo tempo tenho a impressão de que foi um período em suspenso, aéreo, inacessível e inconcluso. O que fazer com as coisas que eu vi, ouvi e vivi na pandemia, mas que parecem tão distantes? E o que fazer com o que estamos vivendo agora — o retorno ao presencial —, mas que também parece tão distante?

Alguns acreditam que a pandemia causou uma individualização maior de nós mesmos, o “eu” foi forçado a se separar de “outros”, e deixou essa marca de distanciamento, que foi, obrigatoriamente, físico, mas também psíquico. E, agora, o iminente parece distante.

Fonte: Imagem da Internet*

Eu — assim como muitos outros estudantes — ingressei na universidade na modalidade remota. Nunca havia vivido a dinâmica presencial, não tinha ideia de como ela funciona. Era difícil imaginar a presencialidade sem ser tomada por ansiedades e expectativas. Por outro lado, algo que a pandemia nos obrigou foi a lidar com expectativas frustradas. Uma vida toda sonhando com o ingresso na universidade, precedido da tensão do pré-vestibular, com as promessas de compensação repousando nos momentos do primeiro encontro com os colegas, das comemorações da calourada, da participação ativa nas dinâmicas acadêmicas. Entretanto, a realidade foi uma tela, foi virtual. Adaptações foram necessárias, e, apesar disso, ainda havia uma empolgação com o início da vida universitária. Contudo, a modalidade remota logo saturou e levou à exaustão. O tempo em excesso nas telas foi desgastante, cansou os olhos e cansou a mente. A capacidade de concentração foi se fragmentando, e realizar obrigações simples passou a ser um desafio torturante.

Por diversas vezes eu pensei em desistir dos estudos. Conversando com os professores nas aulas, percebi a preocupação deles quanto ao aumento da evasão nas disciplinas. Vivemos momentos difíceis. O que me motivou a continuar foi a expectativa do retorno ao presencial. E cá estamos nós. É empolgante e energizante, ao mesmo tempo em que há uma sensação de estranhamento. Ter contato com o espaço físico da universidade é muito diferente, em comparação com a prisão dos escritórios, quartos, salas etc. em que fomos obrigados a permanecer trabalhando nesses últimos dois anos. Para mim é revigorante o ato de caminhar nos corredores espaçados, ou entre as calçadas envoltas de grama e árvores. Trocar de sala e transitar geograficamente entre espaços, e não virtualmente; através de passos e não de cliques.

Conhecer, finalmente, as pessoas que estiveram comigo nesses momentos remotos, vê-las fisicamente, corporalmente, é algo que parecia ser inimaginável. Mas agora é real, realmente real, e não virtual. É emocionante.

Por fim, desejo a todos, todas e todes um ótimo retorno, nunca esquecendo, claro, das medidas de proteção!

*Descrição da imagem: Uma foto da entrada principal do campus da UFSC em Florianópolis, no bairro Trindade. A rua centralizada na imagem possui uma fila de carros estacionados à esquerda. Na direita é possível ver algumas pessoas transitando na calçada. Em volta há grama e árvores, e no último plano da imagem é possível ver parte de um morro. No foco principal da foto há duas colunas, uma do lado direito e outra do lado esquerdo da rua, que sustentam uma placa grande e retangular azul, onde se lê em letras brancas “Bem-vindo à Universidade Federal de Santa Catarina”.

Tags: comunicaPET

Seleção de Bolsistas e Voluntários – PET-Letras 2022.1

15/04/2022 15:19

O PET-Letras torna público o processo seletivo para preenchimento de 03 (três) vagas para bolsista e até 06 (seis) vagas para voluntários(as) no Programa de Educação Tutorial. Podem se inscrever estudantes dos Cursos de Graduação em Letras da UFSC que tenham disponibilidade de 20 (vinte) horas semanais e que atendam aos requisitos apresentados no edital: Edital 01-PET-Letras-2022.1 (clique aqui).

Período de inscrição: 12h00min do dia 18 de abril de 2022 às 12h00min do dia 22 de abril de 2022

Divulgação das inscrições homologadas: 25 de abril de 2022, após as 18h00min. nesta página.

INSCRIÇÕES HOMOLOGADAS, CLIQUE AQUI!

Primeira etapa: 26 de abril de 2022 – sem a presença do(a) candidato(a)

Resultado da primeira etapa: 26 de abril de 2022, após às 18h00min. (divulgação do horário da segunda etapa que ocorrerá presencialmente na sala do PET-Letras).

RESULTADO DA PRIMEIRA ETAPA, CLIQUE AQUI!

Segunda Etapa: 27 de abril de 2022, quarta-feira (12h00min.)

Banca da entrevista: Prof. Carlos Rodrigues, Profa. Silvana Aguiar dos Santos, Camila Vicentini (petiana) e Vítor Pluceno (petiano).
Intérpretes de Libras-Português: Mariane Pordeus (estagiária de Acessibilidade) e Vitória Amâncio (estagiária de Acessibilidade).

Resultado Segunda Etapa e Final: 28 de abril de 2022, após às 18h00min.

RESULTADO DA SEGUNDA ETAPA, CLIQUE AQUI!

RESULTADO FINAL, CLIQUE AQUI!

Antes de se inscrever, leia atentamente o Edital.

Conheça mais o PET-Letras, assista ao vídeo (legendas disponíveis).

Tags: edital

Como é que chama o nome disso?

11/04/2022 20:16

Sofia Quarezemin,
Bolsista PET-Letras
Letras Português

 

Uma hora de fila de espera ao lado de uma estante de livros para adoção. Demorei muito para prestar atenção porque olhando rapidamente só enxergava livros didáticos, mas o tédio era tamanho que considerei me divertir explorando cada título daqueles. Que linda história, a do meu encontro com “Como é que chama o nome disso?” (ANTUNES, 2006). Me chamou atenção primeiro pelas cores; em seguida, pelo título; mais tarde, pelas páginas. O autor, Arnaldo Antunes, é um dos nomes da MPB (Música Popular Brasileira) na atualidade e também desenvolve trabalhos nas artes visuais e nas letras. Essa obra não é sua primeira experiência com poemas visuais, mas é uma vivência ensurdecedora e imagética, que pede para ser lida e degustada aos poucos, ao mesmo tempo em que nos convida a devorá-la. Para conhecer mais da sua produção, o documentário “Arnaldo, Sessenta” passeia pelas várias modalidades artísticas exploradas por Arnaldo Antunes e está disponível na plataforma de streaming Globoplay.

Fonte: plataformamedia.com *

Essa obra, que é um compilado de poemas, músicas, ensaios e experimentações, não poderia ser melhor intitulada: “Como é que chama o nome disso?”; já que este é o pensamento que se faz presente em toda a leitura. Tem muito de poesia concreta, muito de arte plástica, muito de prosa, muito de aventura, claramente não se encaixa em gênero textual algum e não se pode separar sua intertextualidade, então como chamar?

A questão que o autor levanta, assim nomeando o livro, nos leva a reflexões efervescentes, porque seus escritos, altamente empíricos, provocam o desejo de compreender algo que, muitas vezes, não está para ser compreendido. É preciso habituar-se com o “não entendi” e seguir as linhas quebradas, deixando para trás essa busca incansável pelo sentido. Muitas coisas na obra de Arnaldo são ilógicas. Muitas coisas são tão lógicas que me pergunto: por que não pensei nisso antes? E me perguntando isso, me pergunto como uma pessoa chegou a essa conclusão tão lógica. Com isso tudo, só fica a pergunta: como é que chama o nome disso?

Fonte: amazon.com**

O livro é dividido em algumas seções. A primeira parte é a antologia poética, com diversas produções poéticas já publicadas e uma inédita (Nada de DNA); nesse conjunto, temos também ensaios e letras de músicas. Em seguida, quarenta páginas de uma entrevista esclarecedora e desconcertante concedida pelo autor a Arthur Nestrovski, Francisco Bosco e José Miguel Wisnik. Por último, ficamos com a bibliografia e a discografia do multi-artista.

Fonte: acervo pessoal***

Ao fim dessa leitura, o que fica é um convite e um incômodo. Passa a ser incômodo escrever em linha reta, da esquerda para a direita, Arial 12, espaçamento 1,5. É um enorme incômodo as folhas serem brancas, as palavras pretas, a linguagem formal, a norma padrão. Por isso reforço o convite, para que possamos brincar com as letras e falar do óbvio mais vezes.

Referências:

ANTUNES, A. Como é que chama o nome disso?. São Paulo: PubliFolha, 2006.

Plataforma Media. Arnaldo Antunes celebra 60 anos com documentário especial no Globoplay. 2020. Disponível em: <www.plataformamedia.com/2020/11/06/arnaldo-antunes-celebra-60-anos-com-documentario-especial-no-globoplay/>. Acesso em: 31 mar. 2022.

*Descrição Imagem 1: Foto em preto e branco em que aparece somente o topo da cabeça de Arnaldo Antunes. Trata-se de um homem branco, com marcas de expressões faciais, sobrancelhas grossas, cabelos curtos grisalhos e olhos claros um pouco caídos em que se reflete a pessoa que o está fotografando.

**Descrição Imagem 2: Imagem da capa do livro. No topo, em letras brancas e de forma, está escrito “arnaldo antunes”. Logo abaixo, alinhada a esquerda, “Como é que chama o nome disso”, com o mesmo tipo de letra. Abaixo, o selo da editora PubliFolha. O fundo é de cor bege, sobre o qual estão várias letras em vermelho, laranja, marrom, que são como repetições do título. Essa sobreposição de letras cria uma confusão visual.

***Descrição Imagem 3: foto em preto e branco em que aparece a página de um livro. Em letras grandes, ocupando a página inteira, lê-se “Todas as coisas do mundo não cabem numa ideia. Mas tudo cabe numa palavra, nesta palavra tudo.

 

 

 

A linguagem cinematográfica influencia a legendagem?

04/04/2022 18:42

Mirelle Araujo Ehrardt,
Bolsista PET-Letras
Letras Alemão

Na atualidade, após a revolução tecnológica que democratizou o acesso às tecnologias e intensificou os processos de globalização e internacionalização, convivemos diariamente com conteúdos audiovisuais, os quais são, muitas vezes, produzidos em países hegemônicos, política e economicamente, que exportam e difundem entre os demais suas produções culturais e seu modo de pensar e de viver.

No cinema, nas séries, nos filmes, na TV, no YouTube, nos videogames — os conteúdos audiovisuais estão em todos os lugares e alcançam um amplo público, o qual necessita da ação tradutória, seja por meio da dublagem, seja por meio das legendas, para compreender a mensagem transmitida. A tradução audiovisual, nesse sentido, torna-se cada vez mais necessária, além de ser, segundo Jorge Díaz Cintas (2004 apud MARTINEZ, 2007), a mais importante, em termos numéricos, visto que esta atinge um público superior ao de outras formas de tradução.

Fonte: SAP*

Principalmente no que se refere à legendagem interlingual, a tradução audiovisual apresenta peculiaridades e desafios próprios, os quais também a diferenciam das demais formas de tradução. Ao envolver diferentes canais semióticos, apresentando tanto os códigos visuais e os códigos acústicos verbais da obra original somados aos códigos verbais escritos, a legendagem aparece, segundo Henrik Gottlieb (1994 apud MARTINEZ, 2007), como uma forma de tradução diagonal. Nessa forma de tradução, o discurso oral é transmitido para a língua-alvo no formato de um discurso escrito, como em uma diagonal, ao mesmo tempo em que se mantém o texto oral na língua estrangeira, ao contrário do que ocorre em traduções lineares como na interpretação (majoritariamente, texto oral ➝ texto oral) ou na tradução literária (majoritariamente, texto escrito ➝ texto escrito). As diferenças inerentes às duas modalidades textuais tornam-se ainda mais explícitas para o espectador na obra legendada, o qual, ao desconhecer as peculiaridades da legendagem, pode sentir um estranhamento com relação às legendas, principalmente quando compreende o idioma falado.

Fora isso, é função do tradutor legendista considerar, entre outros fatores, a velocidade média de leitura, o tempo de entrada e de permanência da legenda em tela, as limitações de espaço, o número limitado de caracteres por linha, de modo a não causar um esforço cognitivo exagerado do espectador para a leitura das legendas, gerando desconforto. Ao levar isso em consideração, fica clara a impossibilidade de transcrição completa do roteiro original na legendagem, o que impõe a necessidade do tradutor legendista encontrar soluções adequadas, utilizando-se, além da criatividade, de um amplo conhecimento tanto da língua estrangeira, quanto da língua materna, no caso da legendagem intralingual.

O conhecimento teórico e linguístico, nesse sentido, são fundamentais, assim como a competência tradutória, entretanto, outro tipo de conhecimento também é primordial para a profissão do tradutor legendista: a compreensão da linguagem cinematográfica. Tal forma de linguagem, a qual surge com o advento do cinema e se expande para outros meios, como por exemplo jogos, propagandas, entre outros, aparece na transformação artística do mundo visível, da imagem do mundo real, “que resulta de  uma  intenção  de  comunicar  um  significado” (AUMONT, 1995, p. 165 apud SILVA, 2012, p. 221). À vista disso, o filme, como um sistema de imagens, tem em si um objetivo narrativo, ou seja, dependendo da forma de narração escolhida, a organização desse sistema de imagens se configura de uma forma determinada, com o objetivo de transmitir um dado significado.

Como exemplo dessa forma de linguagem visual, podemos citar o close, momento em que o rosto do personagem ocupa quase todo o campo visual da tela, fazendo com que o espectador direcione toda a sua atenção para a parte do corpo humano que mais expressa sentimentos, com a intenção clara de levá-lo ao campo emotivo, fazê-lo entender os sentimentos do personagem. Outro exemplo, são as mudanças de enquadramento em técnicas conhecidas como Plongée e Contra-Plongée: no Plongée, palavra francesa que significa mergulho, em que a imagem, geralmente um personagem, é apresentada ao espectador de cima para baixo, ilustrando sua posição de inferioridade; já no Contra-Plongée, ocorre o inverso, a câmera mostra o objeto de baixo para cima, criando um efeito de superioridade e poder.

Por conseguinte, para que a legendagem consiga transmitir para o espectador a mensagem contida na obra original, o tradutor legendista deve estar atento, não só aos desafios linguísticos que sempre se apresentam na tradução, mas também aos significados transmitidos pelos códigos visuais, artisticamente contidos na linguagem cinematográfica. Assim, é notável a complexidade do trabalho do tradutor legendista, profissão que, assim como a dos demais tradutores, merece mais visibilidade e consideração.

Referências

AUMONT, J. et al. A esttica do filme. Campinas: Papirus, 1995.

DÍAZ CINTAS, J. Subtitling: the long journey to academic acknowledgement. In: The Journal of Specialized Translation, n. 1, p. 50-69, 2004.

GOTTLIEB, H. Subtitling: Diagonal translation. In: Perspectives: studies in translatology, v. 2, Dinamarca: Museum Tusculanum Press, p. 101-121, 1994.

MARTINEZ, S. L. Tradução para legendas: uma proposta para a formação de profissionais. Orientador: Márcia do Amaral Peixoto Martins – 2007. Dissertação (Mestrado em Letras) – Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2007.  Disponível em: https://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/colecao.php?strSecao=resultado&nrSeq=10689@1. Acesso em: 25 mar. 2022.

SILVA, Odair J. M. Das origens do cinema às teorias da linguagem cinematográfica: um breve panorama sobre os modos de abordagem do texto fílmico. Visualidades, Goiânia, v. 7, n. 2, 2012. DOI: 10.5216/vis.v7i2.18196. Disponível em: https://www.revistas.ufg.br/VISUAL/article/view/18196. Acesso em: 25 mar. 2022.

*Descrição da Imagem: a imagem é uma fotografia, em que se vê uma mulher de costas para a câmera, sentada em frente a um computador. A mulher, que se encontra no canto esquerdo da imagem, usa uma blusa vermelha e um fone de ouvido. É possível ver uma tira na parte de trás de seu pescoço, a qual pertence provavelmente a seu crachá. Ela tem o cabelo castanho claro curto e liso. Não é possível ver seu rosto. Na tela do computador a sua frente, vê-se a cena de um programa em que cinco personagens, duas mulheres e três homens, com roupas coloridas, conversam. Na parte inferior da tela, é possível ver a legenda em inglês da cena, a seguir: “And this twit refuses to give me my coat.”. Ao lado, na imagem, é possível ver um pedaço de outro computador, em que se encontra um programa de legendagem.

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Um amigo me sugeriu um conto…

31/03/2022 13:06

Moara Zambonim,
Bolsista PET-Letras
Letras Português

Um amigo me sugeriu um conto do argentino Julio Cortázar (1914-1984), parte de Todos os fogos o fogo, publicado em 1966. O autor é considerado um dos grandes escritores modernos e esse conto uma das oito obras-primas contidas na obra. Li “A auto-estrada do sul” e, como meu amigo, fiquei deslumbrada.

Fonte: Imagem da internet, do site iStock.*

O que se narra é o que aconteceu aos que “[…] fizeram a estupidez de querer voltar a Paris pela auto-estrada do sul, num domingo à tarde, quando, apenas saídos de Fontainebleau, tiveram de ir em marcha lenta, parar, seis filas de cada lado (já se sabe que aos domingos a auto-estrada  fica inteiramente reservada aos que voltam para a capital), ligar o motor, avançar três metros, parar, conversar com as duas freiras do 2HP da direita, com a moça do Dauphine à esquerda, olhar pelo espelho retrovisor o homem pálido que dirige um Caravelle, invejar ironicamente a felicidade avícola do casal do Peugeot 203 (atrás do Dauphine da moça) que brinca com a filhinha […]” (CORTÁZAR, 1972, p. 3).

Nessa primeira página do relato, o leitor se vê em ambiente em que personagens, nomeadas como condutoras ou passageiras de veículos, vivenciam uma situação bastante corriqueira, bastante desgastante também. Enfrentam congestionamento que produz doze filas de automóveis, imobilidade angustiante, necessidade de esticar as pernas uma vez ou outra, quando a parada dá oportunidade de se percorrer as filas da direita ou da esquerda, de ver aumentada a lista de tipos de veículos e de observar, discretamente, as atitudes dos demais viajantes, até que começassem a interagir entre si. Não se conhece a causa do engarrafamento, surgem especulações e más notícias trazidas por algum estranho ou outro. Quase todos ouviam o rádio até que as transmissões foram suspensas pelas rádios locais. O isolamento do grupo — “a sensação contraditória de enclausuramento em plena selva de máquinas concebidas para correr” (CORTÁZAR, 1972, p. 4) — e as privações que surgiram em horas e horas de congestionamento levaram à ajuda mútua, à necessidade de alguém comandar o grupo em busca de divisão de tarefas, como obter água e alimentos, em outras células com problemas semelhantes que se constituíram.  O convívio nessa circunstância produziu cuidados especiais com crianças, idosos ou freiras, ajuda de médico quando uma mulher adoeceu ou quando o homem da Caravelle cometeu o suicídio (fechado hermeticamente no porta-malas de seu carro) — o veículo do engenheiro do Peugeot 404 foi transformado em vagão-leito.

Voltaram todos a seus carros, alguns arrancaram com ímpeto. O 404 buscava manter-se paralelo a Dauphine, mas a grande aceleração impedia que as filas se mantivessem paralelas. Os motoristas do grupo adiantavam-se uns dos outros impelidos pelo ritmo da marcha, até que o grupo se dissolveu irrevogavelmente, dando fim à rotina e aos rituais mínimos que haviam vivenciado. “[…] e se corria a oitenta quilômetros por hora em direção às luzes que cresciam pouco a pouco, sem que já se soubesse bem para que tanta pressa, por que essa correria na noite entre automóveis desconhecidos onde ninguém sabia nada sobre os outros, onde todos olhavam fixamente para a frente, exclusivamente para a frente” (CORTÁZAR, 1972, p. 27 -28).     

Em seu trajeto, o leitor conhece o desconforto provocado pela vibração do sol sobre as pistas e as carrocerias, o que “dilatava a vertigem até à náusea” (CORTÁZAR, 1972, p. 5); ao amanhecer, essa necessidade de se agasalhar que nascia com o cinzento da madrugada (p. 15); a atitude dos viajantes que, pelas noites já tão frias, não pensavam em ficar fora dos automóveis. Conhece ainda: “pela primeira vez sentia-se frio em pleno dia, e ninguém pensava em tirar os casacos” (p. 19). “Conhece também a neve que isolava, pouco a pouco, os automóveis” (p. 21). Isso me fez refletir não somente sobre a questão do tempo nesse conto de Cortázar, como, também, sobre o significado que podemos atribuir a essa narrativa. Nela não há caracterização precisa do tempo — “O entardecer não chegava nunca” (p. 5); “Em dado momento” (p. 7); “Por volta das duas horas da madrugada” (p. 16), e, depois de um período, as chuvas e ventos que exasperaram os ânimos e aumentaram as dificuldades, por exemplo —, mas são apresentadas com minúcias as sensações das personagens em distintas situações. Esse é o interesse do autor. Seu modo de construir a narrativa traz uma névoa sobre o tempo dos fatos narrados. Névoa que é produtiva, porque o relato de um engarrafamento, perpassando distintas estações do ano, tira dos fatos narrados a natureza de meros fatos quotidianos, permitindo que alcancem outras dimensões.

Como refere o crítico e historiador literário Mário da Silva Brito (na orelha do livro de Cortázar):

“O quotidiano — como que nos adverte esse mestre da história curta — de um momento para outro é capaz de transformar-se em espanto, atingir o insólito, fazer-se fantasmagórico, alçar-se a atitudes imprevistas, tingir-se de insuspeitadas gamas, revelar-nos desconhecidos recantos do nosso ser”.

Depois da leitura desse conto, continuo lendo, com grande prazer, as narrativas de Julio Cortázar, e recomendo a vocês todos que também o façam!

* Descrição: o desenho mostra diversos carrinhos coloridos (amarelo, azul, verde, rosa, em tons pasteis), assim como alguns semáforos e setas indicando direção.

Referência:

CORTÁZAR, Julio. Todos os fogos o fogo. Rio de Janeiro, Editora Civilização Brasileira, 1972.

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