Imagens em forma de texto: você sabe o porquê da descrição?

19/05/2020 16:35

Ana Maria Santiago,
Bolsista de Acessibilidade
Letras – Português

Talvez você já tenha notado que as fotos postadas nas redes sociais do PET-Letras sempre contam com uma descrição, um texto que explica o que aparece na imagem. Fazemos isso para garantir que mais pessoas possam ter acesso aos nossos conteúdos de forma mais equânime. Então, conheça um pouco mais sobre o assunto e junte-se a nós nesse movimento.

As pessoas cegas ou com baixa visão acessam computadores e celulares através de softwares e aplicativos chamados leitores de tela, que reconhecem as informações da tela e as convertem em fala através de uma voz sintetizada. No entanto, esses recursos ainda não são capazes de interpretar as imagens, daí a necessidade de descrevê-las. Além disso, pessoas com outras deficiências, como autismo, também podem se beneficiar das descrições.

Não é difícil descrever uma imagem. Que tal tentar? Aqui vão algumas dicas simples para começar:

  • Descreva apenas o que você vê. Não emita opiniões ou faça interpretações pessoais sobre a imagem.
  • Seja o mais objetivo possível, mantendo os detalhes importantes.
  • Dizer as cores é importante, ainda mais se elas forem relevantes na imagem.

Agora uma orientação básica:

1. Comece com o tipo da imagem: foto, tirinha, folder etc.
2. Destaque os elementos: o quê, quem, quando e onde.
3. Use verbos para descrever ações ou circunstâncias (faz o quê, como).
4. Se houver texto, transcreva-o integralmente.
5. Utilize termos de acordo com o tom e a intenção da imagem.

Como tudo na vida, descrever imagens também é um hábito. Quanto mais você faz, mais fácil fica. Não se preocupe se acontecer de você errar, às vezes, acontece. Entretanto, não tem segredo. Além disso, não espere ter amigos cegos ou com baixa visão para começar. Descrevendo você abre caminhos e ainda divulga a descrição de imagens para outras pessoas que nunca pensaram nisso.

Lembre-se, acessibilidade nas redes sociais não é um favor, mas sim a construção de uma consciência mais inclusiva que favorece quem a proporciona e quem recebe. Acessibilidade também é garantir o direito de todos terem acesso à imagem, já que se ela está ali, é por algum motivo, não é mesmo? Todos deveriam poder saber qual é esse motivo. Por isso, é tão importante descrever as imagens.

Colabore para tornar a internet um lugar mais confortável: descreva imagens!

Fonte: Arquivo do PET-Letras – Foto de uma oficina de Braille ministrada por Ana Maria Santiago no espaço Zahidé Muzart*

*Fotodescrição: Ana Maria Santiago veste a camisa cinza chumbo com a logomarca branca do PET-Letras e um short colorido. Ana está de pé na lateral de uma mesa com as mãos sobre ela. Dois homens e duas mulheres jovens estão sentados à mesa. Os homens à direita, de frente para a foto, e as mulheres à esquerda de Ana, de costas para a foto. Em primeiro plano, há outra mesa onde estão quatro jovens mulheres, duas de frente e duas de costas para a foto. As mulheres próximas à parede branca estão de cabelo preso com coque e as da esquerda tem cabelos soltos e bem cacheados. Sobre as mesas de madeira, é possível observar folhas, regletes e outros materiais. Ao fundo há um extintor de incêndio, uma parede de vidro refletindo a sala e o fotografo e, à direita, uma porta de vidro aberta. Além do vidro, há uma garota se movimentando e um rapaz sentado.

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Você conhece Grace Nichols e sua obra?

18/05/2020 19:00

Nicole Rabello,
Bolsista PET-Letras
Letras – Inglês

Grace Nichols é uma mulher negra nascida em Georgetown na Guiana em 1950. Ela se tornou famosa depois de ganhar o prêmio Commonwealth Poetry Prize pelo seu primeiro livro de poesias, publicado em 1983, chamado I is a Long-Memoried Woman (em português, Eu,uma mulher com longa memória). A obra foi adaptada para rádio pela BBC e, também, para o cinema.

Então, como ainda não conhecemos Grace e suas obras? Bom, esta pergunta é respondida por muitos escritores negros que têm seus trabalhos invisibilizados, não só pela academia, mas, também, pela mídia. As obras da Grace não têm tradução para o português brasileiro e muitas das pesquisas acadêmicas sobre ela acabam, infelizmente, restritas ao universo acadêmico.

Considerando esse processo de invisibilização e o fato de não termos as obras de Nichols em português brasileiro, apresentaremos para vocês, brevemente, essa mulher negra transbordando de vivências culturais e algumas de suas obras.

Grace Nichols se formou na Universidade de Guiana e trabalhou como professora e jornalista. Neste período, ela viveu, durante um período, em áreas remotas da Guiana, o que teria influenciado muito em sua escrita. Alguns dos temas recorrentes em suas obras são contos do povo guianês, mitos ameríndios e as antigas civilizações sul-americanas, como os Astecas e os Incas. Muitos desses temas estão em suas obras infanto-juvenis, como Come on into My Tropical Garden de 1988 (em português, Entre em meu Jardim Tropical) e Give Yourself a Hug de 1994 (em português, Abrace-se).

 Além das obras acima, vale apena citar algumas outras, tais como: The Fat Black Woman’s Poems de 1984 (em português, Poemas de uma Mulher Negra Gorda), Lazy Thoughts of a Lazy Woman  de 1989 (em português, Pensamentos preguiçosos de uma Mulher Preguiçosa), e Sunris de 1996 (em português, Amanhecer).

Conheci a Grace Nichols através de um professor de Literatura Inglesa durante a minha graduação em Letras-Inglês na UFSC. Ele trabalhou alguns autores de língua inglesa que não eram britânicos, americanos ou neozelandeses. Por isso, a importância de se apresentar essas autoras dentro academia, já que é uma maneira de graduados conhecê-los e, consequentemente, apresenta-los, em seus respectivos campos de atuação, para a comunidade externa. Grace Nichols, assim como outros autores, escreve sobre sua cultura de maneira rica trazendo seus pontos de vista sobre a sociedade e a cultura. O poema que lemos com o professor de literatura se chamava Epilogue (em português, Epílogo) e foi um dos mais recentes publicados por Grace, ele pertence a coletânea chamada I Have Crossed an Ocean: Selected Poems de 2010 (em português, Eu Cruzei um Oceano: Poemas Selecionados).

E aí, gostou de conhecer mais uma autora?

Ficou curioso e quer saber mais sobre essa mulher maravilhosa?

Acesse o site: https://literature.britishcouncil.org/writer/grace-nichols  e encontre mais informações sobre ela.

 


Fonte: British Council – Mike Park*

*Fotodescrição: Imagem  de Grace Nichols em fundo azul. Ela é uma mulher negra de cabelos crespos curtos. Usa óculos com lentes retangulares, brincos com pingentes verdes, casaco preto e um colar composto por pequenas argolas em dourado e azul.

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HQs para desfrutar durante e após a quarentena

15/05/2020 11:32

Luciana dos Santos,
Bolsista PET-Letras
Letras – Inglês

Em tempos desafiadores como o que vivemos, ler um livro para se distrair e se afastar um pouco das notícias pode ser uma tarefa difícil. Por mais que o tempo pareça sobrar, a disposição para tal atividade pode faltar. Algo que sempre me motiva a voltar a ler em épocas de “seca literária” são as HQs (Histórias em Quadrinhos), ou Graphic Novels.

Ao ler uma HQ, torna-se mais fácil adentrarmos em um universo diferente do nosso. Não só mergulharmos em palavras, mas também em imagens que descrevem esse ambiente desconhecido que é retratado na obra. Ler uma HQ, desse modo, pode ser uma estratégia para retomarmos o ritmo de leitura, ao qual éramos acostumados, ou que gostaríamos de ter.

Por que HQs podem ser mais envolventes do que outros livros? Bom, elas captam a nossa atenção através da beleza do traço e das cores, apresentando personagens com os quais temos facilidade de nos identificar. Além disso, a leitura de uma HQ requer uma postura ativa do leitor, graças a um fenômeno, chamado “closure”, que ocorre nas leituras de HQs. Segundo Scott Mccloud (1993), closure é o que acontece ao observamos as partes do quadrinho (que são os quadrados), mas percebendo o total (a história).

Fonte: Arquivo Pessoal (petiana Luciana)*

Portanto, é comum nos envolvermos mais na leitura de uma HQ, já que conectamos os momentos retratados, e, mentalmente, construímos a história. Ademais, as HQs são especiais também por poderem ser relacionadas à infância da maioria de nós. Quem, quando criança, nunca leu ou sentiu vontade de ler os quadrinhos da Turma da Mônica, do Homem Aranha ou um mangá do Naruto?

Há muitas opções de HQs no mercado, baseadas em diferentes visões de mundo e para todos os gostos; afinal: “os quadrinhos são uma das poucas formas de comunicação de massa em que vozes individuais ainda têm chance de serem ouvidas” (MCCLOUD, Understanding Comics: The invisible art, 1993, p. 197, tradução minha). Então, qual HQ ler em meio a tantas opções? Aqui vão algumas sugestões de HQs com menos de 250 páginas:

  • Fun Home: Uma tragicomédia em família (Título original: Fun Home: A Family Tragicomics) (240 páginas): Trata-se de uma obra escrita originalmente em inglês com temática LGBT e familiar, onde a autora Alison Bechdel retrata com toques de ironia e melancolia sua difícil relação com seu falecido pai, além da descoberta da sexualidade de ambos.
  • Bordados (Título original: Broderies) (136 páginas): Apesar de não ser tão aclamado quanto Persépolis, esta obra de Satrapi também merece atenção. Neste quadrinho, lançado em francês, a autora reúne conversas e pensamentos entre ela e as mulheres de sua família sobre amor, sexo, e homens de forma muito bem humorada.
  • Dois irmãos (232 páginas): Baseado no romance de Miltom Hatoum, os irmãos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá adaptaram a história contubada dos irmãos Yaqub e Omar para HQ em português. Mas, aqui, Manaus é retratada em preto e branco, luz e sombra.
  • Cumbe (192 páginas): Nesta HQ, o premiado quadrinista brasileiro Marcelo D’Salete retrata em português de forma impactante a luta e a resistência dos negros no Brasil colonial contra a escravidão.
  • Os Beats: Uma graphic history (Título original: The Beats: A Graphic History) (197 páginas): Pra quem gosta da geração Beat, vale a pena conferir a HQ que conta brevemente a biografia dos autores que fizeram parte do movimento.

Aproveite essas sugestões e desfrute da leitura de HQs durante a quarentena.


Fonte: Reprodução (Fun Home – Editora Todavia; Bordados – Editora Companhia das Letras; Dois Irmãos – Editora Companhia das Letras; Cumbe – Editora Veneta; Os Beats – Editora Benvirá)**

*Foto descrição [imagem 1]: Foto mostrando a petiana Luciana lendo sentada em um sofá cinza claro de costas para a câmera. Ela segura à esqueda uma Graphic Novel  aberta com desenhos preto e branco. Na página da esquerda pode-se ler o título “Gregory Corso” no topo da página. Luciana está vestindo uma blusa de gola vermelho escuro e uma calça cinza escuro. À direta na foto aparece seu cabelo enrolado castanho repartido para a esquerda;

**Foto descrição [imagem 2]: Na imagem aparecem as capas dos livros recomendados. Da esqueda para a direita, a primeiro capa é a de Fun Home, onde há um fundo bege claro, uma janela azul clara mostrando um homem sentado numa poltrona lendo um livro com uma estante de livros atrás dele. Os tons da capa são em azul claro, preto e branco, com o título da HQ e o subtítulo “Uma tragicomédia em família”, em tamanho menor que o título, centralizados em preto com fundo branco no topo. O nome de Alison Bechdel está em preto abaixo do parapeito da janela, que é azul. A segunda capa é a de Bordados, em que aparecem várias mulheres olhando para nós. Elas estão em preto e branco, o funda da capa é amarelo esverdeado. No topo, há o título Bordados centralizado, que está em vermelho, o nome da autora Marjane Satrapi e a logotipo da coleção da editora Quadrinhos na Cia centralizados em azul escuro. A terceira capa é a de Dois Irmãos, em que há repartido por um risco bege claro um rosto ao meio com as cores bege escuro e marrom alternadas, e o título está centralizado no topo em marrom, abaixo dos dizeres “Baseada na obra de Milton Hatoum” à esqueda e “quadrinhos na Cia.” à direita em marrom. Os nomes dos quadrinistas Fábio Moon na esquerda e Gabriel Bá na direita em bege claro abaixo do título. O fundo da imagem é com tons de vermelho e pinceladas de bege. A quarta capa é a de Cumbe, cujo título está em branco como o nome do autor Marcelo D’Salete embaixo do título, que está em tamanho bem maior. O fundo é azul anil e, em primeiro plano, há um homem de cabelos crespos e curtos, sem camisa e usando um colar, segurando uma lança. Há uma árvore ao seu lado esquerdo e plantas em baixo, onde há o nome da editora Veneta. No canto desse primeiro plano, longe do homem, há uma casa com escadas. A última capa é a de Os Beats, onde se intercalam as cores vermelho e amarelo. No topo, no meio e na parte de baixo, estão rostos de três homens, um em cada parte da capa, desde a raíz dos cabelos até a metade do nariz deles. Abaixo do primeiro homem há o título em vermelho, embaixo do título há o subtítulo “Uma graphic history” alinhado à esqueda em amarelo sobre uma linha vermelha que sublinha o título. E entre o homem que está na metade da capa e o que está mais em baixo, está escrito no centro “Roteiro de Harvey Pekar, Nancy J. Peters, Penelope Rosemont, Joyce Brabner, Trina Robbins e Tuli Kupferberg. Editado por Paul Buhle. Arte de Ed Piskor, Jay Kinney, Nick Thorkelson, Summer McClinton, Peter Kuper, Mary Fleener, Jerome Neukirch, Anne Timmons, Gary Dumm, Lance Tooks e Jeffrey Lewis”.

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Poesia na contemporaneidade e a possibilidade de interação autor-leitor

14/05/2020 16:33

Juliana Maggio,
Bolsista do PET-Letras
Letras – Português

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por natureza […] (PAZ, 1982, p.15).

Como podemos constatar nas palavras de Paz, a poesia nascida a tempos atrás, que ao longo do percurso foi se transformando e assumindo diferentes papéis, hoje, em pleno século XXI, não deixa de encantar e arrebatar tantos amantes que buscam na literatura uma forma de ouvir e de exprimir seus sentimentos. Tenha a estética que tiver, a poesia seduz e extrai, de forma simbólica, o que atormenta e ocupa nossos pensamentos.

[…] poema é um caracol onde ressoa a música do mundo, e métricas e rimas são apenas correspondências, ecos, da harmonia universal. (PAZ, 1982, p.15).

Em tempos guiados pelas tecnologias, a arte literária presente nos livros vem cada vez mais sendo transformada em registro virtual, muitas vezes, transitório e os livros mesmo estão ocupando basicamente o ambiente escolar. Além de sugerir um problema, essa transformação característica das novas gerações, entre tantos motivos e consequências, demonstra certa falta de “representatividade temporal”.

Nesse caso, a representatividade temporal seria a relação da produção literária com a época, com as vivências e com os anseios do seu leitor. Entretanto, o modo como a poesia, por exemplo, é apresentada nas escolas nem sempre a aproxima do tempo de seu leitor, já que são apresentadas como objeto de ensino. Comumente, os estudantes recebem poesias antigas, metrificadas e com palavras e versos arcaicos sem uma abordagem adequada por parte dos professores. Trabalhar uma produção literária de outra época não é um problema, desde que ela seja apresentada, contextualizada e abordada de modo a evidenciar suas características e relações com a atualidade. De qualquer forma, há a necessidade de levarmos aos estudantes, leitores atuais, poesias contemporâneas. Isso é de suma importância, pois muitos de seus escritores são de fácil acesso e contato, além de escreverem de forma mais atual.

Com o auxílio das redes sociais, os poetas, escritores e pensadores contemporâneos conseguem interagir facilmente com seus leitores e, inclusive, promover uma interação rica e produtiva. Desta forma, a imagem contemporânea do poeta não é a de um ser intocável, mas, sim, de uma pessoa comum com a capacidade de tocar outras pessoas comuns com suas palavras atuais.

Podemos citar a poeta e publicitária Clarice Freire, mulher nordestina que teve sua arte divulgada inicialmente na internet através de um blog. Freire ficou bem conhecida após criar uma página no Facebook e mais tarde, no Instagram. Clarice compartilha e interage ativamente com seus leitores e admiradores, rompendo com a imagem do “Ser Supremo Intangível”, antes atribuída aos poetas.

Assim o texto poético pode ser trabalhado e abordado em sua produção e manifestação contemporânea próxima aos leitores-estudantes que, além de conhecerem a produção literária atual, passam a ter a possibilidade de aprimorar e desenvolver o gosto literário em contato com o autor.

Por fim, é importante frisar que em qualquer gênero literário, não somente a poesia, é possível explorar essa interação autor-leitor partilhando o mesmo tempo e, até mesmo, espaço, ainda que através do contato virtual. Considerando essa possibilidade — intensificada na contemporaneidade pela tecnologia e, consequentemente, pelas redes sociais —, deixo como sugestão de leitura as poesias de Clarice Freire e sugiro que a procurem no Facebook e no Instagram. Gostaria de finalizar com uma passagem do livro “Pó de Lua nas Noites em Claro” de Clarice Freire:

Abri a gaiola do imaginário,
então libertei os sonhos contidos.
Voaram como o vento por toda a casa
como se não fossem mais proibidos.

Foto: Arquivo Pessoal (petiana Juliana)*

PAZ, Otávio. O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1982.

*Foto descrição: A foto mostra a petiana Juliana sentada no sofá em meio às almofadas, lendo o livro “Pó de Lua nas Noites em Claro” com as folhas amarelas. À sua esquerda há uma parede branca e uma cortina branca com franja vermelha, além de um xícara colorida de chá. Olha para o livro enquanto lê e o segura com as duas mãos. Ela têm a perna esquerda dobrada por baixo da direita (que possui duas tatuagens, uma grande de rosas no meio da canela e outra pequena no pé, que lembra o símbolo do infinito em forma de pena). Juliana tem longos cabelos castanhos e lisos, que estão semi presos na parte superior da cabeça, usa óculos quadrados e tem a pele clara. Está vestindo um roupão bege, o sofá é grande, macio e marrom, e as almofadas são coloridas, duas são com fundo bege e flores vermelhas e a outra é com fundo bege e tiras que lembram ondas em tons de marrom.

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O xadrez como suporte ao desenvolvimento e ao conhecimento de si e do outro.

13/05/2020 17:09

Andréia Gomes,
Bolsista do PET-Letras
Letras – Português

O xadrez é um jogo antiquíssimo e muitas são as histórias contadas sobre a sua origem. Existem relatos de que o xadrez foi idealizado pelo rei Salomão que queria um jogo que não dependesse de sorte, e, sim, da capacidade de raciocínio do jogador; sua origem também é associada aos mandarins que eram contemporâneos a Confúcio e aos egípcios. No Brasil, tem-se notícia de que ele teria chegado no ano de 1808, trazido por Dom João VI, mas que só foi jogado pela primeira vez mais de setenta anos depois.

Um dos princípios deste jogo é tentar prever as jogadas dos adversários, empregando estratégias e fazendo movimentos para emboscadas. Apesar de ser um jogo relativamente fácil de aprender, ele exige muito raciocínio, assim como habilidades de concentração, de planejamento e de tomada de decisões. Nesse sentido, o jogador precisa imaginar jogadas que serão feitas à frente, ou seja, os jogadores precisam exercitar mentalmente a sequência de suas jogadas e das do adversário. Sem dúvida, é um jogo que exige muita prática e que tem como um de seus resultados o desenvolvimento de capacidades de raciocínio.

No contexto de ensino-aprendizagem, o jogo de xadrez  oferece muitos benefícios ao desenvolvimento cognitivo e emocional do aprendiz, jogadores de xadrez tem aguçados e aperfeiçoados sua capacidade de interpretação, sua memória, seu raciocínio lógico, suas habilidades para tomar decisões, sua capacidade de abstração, sua criatividade e sua capacidade de planejamento estratégico, entre outras habilidades, capacidades e, até mesmo, atitudes (aprender a lidar com regras e a respeitá-las, desenvolver a socialização etc.).

Um aspecto importante do xadrez é o desenvolvimento do autoconhecimento. Isso mesmo. Você se conhece e reconhece por meio do xadrez. E se ver no xadrez é se perceber na vida. Como assim? Quando você é ameaçado no jogo, por exemplo, suas opções são contra atacar, recuar e/ou se defender. Portanto, o modo como você responderá a um ataque diz muito sobre como você é. Suas ações e reações no xadrez dizem muito de suas atitudes na vida, demonstram como você lida com os desafios de seu dia a dia. Nesse sentido, é possível conhecer também o seu adversário.

Outra questão, bem polêmica, são as cores das peças do xadrez e o porquê as peças brancas possuem vantagem e, por sua vez, iniciam o jogo. Uma curiosidade sobre isso é que, inicialmente, as peças eram vermelhas e pretas, pois, como eram feitas de madeira, esses tons eram mais fáceis de conseguir. Entretanto, mesmo assim, as peças eram chamadas de brancas e pretas.

Enfim, essas reflexões que apresentamos acima podem ser aplicadas à vida e ao processo de ensino aprendizagem. O xadrez diz muito da história da humanidade. Ele é, sem dúvida, uma ótima ferramenta para você que é professor(a), podendo apoiar o seu trabalho e também os seus alunos no desenvolvimento de diversas capacidades, habilidades e atitudes importantes para a vida. Que tal jogar um pouco de xadrez e levar esse jogo para o cotidiano dos ambientes de ensino-aprendizagem?

Ah, em breve, o PET-Letras estará desenvolvendo um projeto de ensino de xadrez! Fique atento e venha jogar com a gente!

Fonte: Arquivo pessoal (Petiana Andréia jogando xadrez)*

*Foto descrição: Foto estilizada em efeito cartoon mostrando a petiana Andréia sentada à mesa de frente e do busto pra cima. À sua frente há um xadrez sobre a mesa branca. Ela está com as peças pretas e fará sua primeira jogada. Olhando para baixo, ela com a mão esquerda faz a abertura do peão do rei (jogada em que as peças brancas iniciam com E4 e, em seguida, as pretas com E5). Andréia tem cabelos longos, pretos e crespos cacheados jogados para frente e passando os ombros, tem pele parda e usa óculos redondos. Veste uma camisa branca e um moletom rosa.

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O lugar-comum nos cursos de italiano: o que se sabe do outro?

12/05/2020 17:51

Camila Vicentini Camargo,
Bolsista do PET-Letras
Letras – Italiano

Os motivos que levam alguém a buscar cursos de italiano são muitos. Você pode querer aprender um novo idioma porque pretende viajar nas férias ou porque quer tirar a cidadania, por exemplo. Pode ser que tenha uma viagem a trabalho ou para estudar fora. Você pode gostar da cultura do país ou simplesmente achar o idioma atraente. Fique tranquilo(a), toda motivação é válida, ok?

Vamos supor que você decidiu fazer um curso de italiano: e agora? O que você espera encontrar no primeiro dia de aula? Que questões linguísticas e identitárias você acha que serão abordadas? Será que os estereótipos que você carrega sobre os falantes nativos de italiano serão confirmados? Suas expectativas sobre o que é um curso de italiano serão atendidas?

Certamente, um curso de curta duração, com poucas horas, não é suficiente para que se aprenda muito sobre uma nação e suas peculiaridades. Por isso, é importante ir além de modelos tradicionais de ensino e aprendizagem de línguas que já vêm prontos — e que, por vezes, perpetuamos. Nesse sentido, a troca aluno-professor pode reconstruir o ensinoaprendizagem de maneira bem interessante.

Numa aula de italiano, você, muito provavelmente, verá como os italianos falam alto, se vestem bem, gesticulam e comem massa o dia todo. Esse seria um lugar-comum de muitos cursos de italiano. Não é um problema que essas caraterísticas sejam abordadas, desde que entendamos que nem tudo isso é de fato verdade e que, talvez, outras questões culturais que impactam a língua italiana possam ser mais significativas para a evolução de uma discussão em sala de aula.

Por isso, você precisa buscar mais informações sobre a língua e cultura para além desse lugar-comum e, também, ter contato direto com italianos. Ah, que tal buscar grupos de estudantes e falantes de italiano na internet e vir estudar italiano no PET-Letras?

Fonte: Arquivo Pessoal (Fotos da Aula de Italiano no Extracurricular da UFSC)*

*Foto descrição: a foto apresenta um ambiente de sala de aula e foi tirada do canto esquerdo dessa sala. Nela vemos alunos sentados em carteiras olhando para frente em direção da professora Camila, que está esta de blusa preta, óculos e cabelo curto. Ela está sentada, com os cotovelos sobre uma mesa branca e com os dedos cruzados enquanto fala com os alunos.

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How to study English during the quarantine? Dicas para estudar Inglês em casa.

11/05/2020 13:39

Vítor Pluceno Behnck,
Bolsista do PET-Letras
Letras – Inglês

Durante o isolamento social que estamos vivendo, parte de nossa sociedade que consegue e pode ficar em casa tenta se reinventar para reorganizar seu cotidiano. Uma estratégia para manter-se saudável mental e fisicamente é tentar criar uma rotina que não nos sobrecarregue, mas que nos faça sentir bem. Portanto, nessa matéria, apresentamos algumas dicas para quem tem interesse em separar um tempo nesses dias em isolamento para estudar idiomas em casa — em especial, o enfoque de hoje será na Língua Inglesa.

1. A internet pode ser sua melhor amiga

Hoje em dia você pode encontrar informações online sobre praticamente qualquer tipo de conhecimento. Entretanto, é muito importante identificar quais são os conteúdos verídicos e de qualidade. Nossa recomendação são os websites da BBC Learning English e British Council. Nessas páginas é possível encontrar desde testes de nivelamento até conteúdos de nível avançado.

2. Faça uma imersão (sem sair de casa!)

Uma das dicas mais importantes é imergir na língua-alvo. Cole post-its na casa com o nome dos objetos em Inglês, troque o idioma do seu smartphone e dos seus apps, combine com aquele amigo que também estuda ou fala a língua um momento para vocês conversarem em Inglês, troque o idioma e a legenda dos filmes e séries para a língua-alvo… Enfim, busque construir um ambiente que te estimule a vivenciar o Inglês. Aos poucos, as informações vão sendo internalizadas por você e a aprendizagem se torna mais natural.

3. Tenha uma frequência de estudos

Essa parece óbvia, né? No entanto, é necessário frisar: você aprenderá muito mais estudando um pouco a cada dia do que estudando muito apenas um dia por mês. Seu cérebro precisa de tempo para internalizar as informações que você aprende, então coloque uma meta de quantas horas você vai dedicar por dia para estudar. Tenha calma e paciência para aprender e mantenha um ritmo contínuo de estudos, mas evite se sobrecarregar.

4. Estudar em grupo é bem mais fácil

Isole-se apenas fisicamente para evitar a propagação do vírus, mas crie redes de estudo na internet! Existem infinitos grupos e comunidades online que compartilham conteúdos, dicas e ajudam uns aos outros sanando dúvidas e dificuldades. Utilize as redes sociais a seu favor! Além de aprender muito, você pode fazer bons amigos e encontrá-los depois da quarentena.

5. Venha estudar no PET-Idiomas!

Mesmo com vários recursos online, não há nada que substitua uma aula presencial onde você poderá colocar em prática todos os conhecimentos obtidos em casa e aprender ainda mais. Fique em casa para que possamos proteger a nós mesmos e aos outros. E quando a pandemia passar e as atividades acadêmicas na UFSC forem retomadas, venha fazer um curso no PET-Idiomas! Siga nossas redes sociais e não perca as datas de inscrição.

Fonte: Arquivo PET-Letras, Aula Pública de Inglês em 30/09/2019*

*Foto Descrição: imagem da aula pública de Inglês no “Varandão” (hall de entrada do Bloco A) do Centro de Comunicação e Expressão – CCE. Do lado esquerdo da imagem há o público que assiste a aula, sentados em semicírculo olhando para o professor Vítor. No lado esquerdo da imagem, o professor está em pé, falando com um microfone enquanto segura uma folha de papel na mão. Atrás dele há um quadro feito de cartolinas brancas fixadas em uma parede cinza. Mais ao fundo, há a porta de entrada do CCE Bloco A e mural verde com vários cartazes fixados.

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Você sabia que a Libras faz parte do dia a dia do PET-Letras?

04/05/2020 23:14

Com a entrada do petiano Daniel Guilherme Gonçalves do Curso de Graduação em Letras Libras, licenciatura, no PET-Letras em 13 de junho de 2018, a Libras começou a fazer parte do cotidiano de nosso Programa de Educação Tutorial. Conheça um pouco do PET-Letras nessa apresentação em Libras feita pelo nosso petiano.

(Abaixo você pode ler em Português o que está sendo sinalizado em Libras nesse vídeo*)

Vale registrar aqui um pouco da história da Libras no PET-Letras. Após o ingresso do Daniel, surdo sinalizante de Libras, no segundo semestre de 2018, contamos com a Coordenadoria de Intérpretes da UFSC, assim como com o apoio de nossa petiana Ana Paula Tomaz Cardoso, que por saber Libras viabilizou vários momentos de interação com o Daniel. Atualmente, Ana Paula é egressa do PET-Letras, pois está cursando o mestrado em Linguística no Programa de Pós-Graduação em Linguística, PPGL-UFSC, sob a orientação da profa. Dra. Ronice Müller de Quadros.

Durante o ano de 2019, contamos com dois bolsistas de estágio não obrigatório que atuaram como intérpretes-em-formação no PET-Letras, isso foi possível devido a duas vagas disponibilizadas pelo Programa Institucional de Bolsas de Estágio – PIBE 2019 (Edital nº 10/PROGRAD/2018) como bolsas para promoção de acessibilidade educacional. Assim, os estudantes do curso de Letras Libras, bacharelado, Ana Gabriela Dutra Santos e Anderson Rodrigues Alves estagiaram como intérpretes de Libras-Português sob a supervisão do prof. Dr. Carlos Rodrigues.

Com a atuação dos estagiários foi possível tornar as atividades do PET-Letras acessíveis em Libras e, deste modo, viabilizar a participação de surdos da comunidade acadêmica da UFSC nos cursos, aulas públicas, reuniões, discussões e eventos promovidos pelo PET-Letras durante o ano de 2019. Agora em 2020, das duas bolsas solicitadas para promoção de acessibilidade educacional no Programa Institucional de Bolsas de Estágio – PIBE 2020 (Edital nº 015/PROGRAD/2019), a Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE-UFSC) liberou apenas uma. Assim, apenas a Ana Gabriela Dutra Santos continua estagiando no PET-Letras. Devido a isso, a acessibilidade em Libras de todas as atividades do PET-Letras está comprometida.

Diante desse comprometimento, estamos fazendo todo o possível para que possamos manter o nosso compromisso com a acessibilidade comunicacional no PET-Letras, contando com o apoio de alguns intérpretes voluntários e exigindo que a Coordenadoria de Acessibilidade Educacional (CAE-UFSC) e a Coordenadoria de Intérpretes assumam sua responsabilidade pela promoção da acessibilidade para surdos na UFSC e, por sua vez, no âmbito do Programa de Educação Tutorial, já que temos apenas um estagiário como intérprete-em-formação.

Saiba mais sobre a Libras e os cursos de Letras Libras da UFSC: https://libras.ufsc.br/

* PET-Letras, esse é o sinal. Mas o que é? O PET-Letras foi criado em 1992, no âmbito dos cursos de Letras da UFSC. Ele se orienta pela indissociabilidade entre ensino, pesquisa e extensão para contribuir com a qualidade da formação acadêmica; incentivar a introdução de novas práticas acadêmicas na graduação; estimular uma formação consciente, crítica e qualificada; difundir práticas e ações afirmativas em prol da equidade e da inclusão social; expandir a educação tutorial como uma prática de formação dentro na UFSC. Vejamos como o PET-Letras está estruturado. As ações do PET-Letras realizam-se por cinco projetos, a saber: (i) PET-Idiomas: cursos de línguas e cursos de formação, por meio do qual são oferecidos cursos gratuitamente àqueles que querem participar; (ii) PET-Mídias: informação e comunicação, com a gestão das redes sociais do PET na divulgação de eventos e demais informações, zelando pela acessibilidade; (iii) PET-Gestão: tutoria e cooperação, que atua no planejamento e organização das atividades do PET, estimulando o contato entre os/as petianos/as e o tutor; (iv) PET-Eventos: planejamento e organização, que tem o objetivo de promover eventos e também apoiar eventos; e (v) PET-Grupos: interação e estudo, no qual temos os grupos para contato e interação e os grupos de estudos e pesquisa focados nas Letras e em outras áreas.

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