DE FÉRIAS COM O PET | Além das facadas e do sangue: uma breve análise do subgênero slasher

28/02/2024 09:30

 Por Daniely de la Vega

Bolsista PET Letras

Letras Português

O subgênero slasher é uma das vertentes mais icônicas e duradouras do cinema de terror. Caracterizado por seus assassinos implacáveis, vítimas jovens e uma dose saudável de violência gráfica, o slasher se tornou um fenômeno cultural desde seus primórdios nas décadas de 1970 e 1980. No entanto, sua influência vai além do simples susto; o slasher frequentemente serve como um espelho distorcido das ansiedades sociais e uma plataforma para explorar temas complexos, como sexualidade, moralidade e identidade.

Tal subgênero tem suas raízes em filmes como Psicose (1960), de Alfred Hitchcock, e Peeping Tom (1960), de Michael Powell, que estabeleceram algumas das convenções fundamentais dos slasher movies, como a perspectiva do assassino e a ênfase na violência gráfica. No entanto, foi em 1978, com o lançamento de Halloween, de John Carpenter, que o slasher se estabeleceu como um subgênero distinto. O filme apresentou o icônico assassino mascarado Michael Myers, além de popularizar muitos dos tropos que se tornariam padrão desse subgênero, como o grupo de adolescentes sendo perseguido por um assassino implacável.

Ao longo das décadas seguintes, o slasher experimentou várias evoluções e reinvenções, desde os slashers sobrenaturais como A Hora do Pesadelo (1984) até os slashers meta-referenciais como Pânico (1996). No entanto, independentemente das mudanças estilísticas e narrativas, o cerne desse subgênero permaneceu o mesmo: a interação entre o assassino e suas vítimas, muitas vezes jovens e sexualmente ativas.

 

Imagem: cena do filme Pânico de 1996. O assassino conhecido como Ghostface segura uma faca ensanguentada.

Fonte: Divulgação / Paramount Studios.

Luís (2021) destaca ainda que os slasher movies têm sido reflexos das questões políticas e sociais das épocas em que foram produzidos, desde os anos 70 até os dias atuais. Essas produções cinematográficas, ao invés de serem meros geradores de emoções fortes, frequentemente exploram e refletem as ansiedades reais da população, acompanhando as transformações sociais e políticas que moldam os medos contemporâneos.

Por trás das facadas e do sangue jorrando, o subgênero slasher muitas vezes aborda questões mais profundas e perturbadoras. Um tema recorrente é a punição da sexualidade, com as vítimas frequentemente sendo jovens sexualmente ativas, enquanto aqueles que se abstêm do sexo muitas vezes sobrevivem até o final. Essa moralidade conservadora tem suas raízes na sociedade puritana, onde o sexo fora do casamento era considerado tabu e sujeito à punição.

Além disso, o slasher muitas vezes serve como um reflexo das ansiedades sociais da época de seu lançamento. Por exemplo, filmes como Sexta-Feira 13 (1980) capitalizaram o medo do desconhecido e do isolamento das comunidades rurais, enquanto Halloween explorou os perigos da suburbanização e da perda da inocência.

Apesar de suas raízes conservadoras, o subgênero slasher também viu uma série de filmes que subvertem e desafiam suas convenções. Filmes como A Noite dos Mortos-Vivos (1968), de George A. Romero, e O Massacre da Serra Elétrica (1974), de Tobe Hooper, apresentaram protagonistas femininas fortes e independentes, desafiando a ideia de que as mulheres no cinema de terror são apenas vítimas indefesas.

Além disso, o slasher moderno tem sido frequentemente objeto de análise crítica e desconstrução. Filmes como A Hora do Pesadelo e Pânico brincam com as expectativas do público, utilizando meta-referências e humor autoconsciente para comentar sobre o próprio subgênero e sua relação com a cultura popular.

Os slasher movies são muito mais do que apenas sangue e sustos. Por trás de sua superfície violenta, eles oferecem uma lente através da qual podemos examinar e entender nossos medos mais profundos e nossas ansiedades sociais. Ao longo das décadas, o slasher evoluiu e se reinventou, continuando a assombrar e intrigar os espectadores com sua mistura única de horror, suspense e subtexto social. Embora possa ser fácil descartá-lo como mera carnificina, esse subgênero continua a provar seu valor como uma forma de arte profundamente impactante e reflexiva.

REFERÊNCIAS

LUÍS, Rui Fernando. As muitas máscaras do slasher movie: como os medos da sociedade se refletem na evolução do género. 2021. 85 f. Dissertação (Mestrado) – Curso de Ciências da Comunicação, Universidade Nova de Lisboa, Lisboa, 2022. Disponível em: https://run.unl.pt/handle/10362/136355. Acesso em: 27 fev. 2024.

DE FÉRIAS COM O PET | Odoyá e o dia 2 de fevereiro

05/02/2024 07:50

                                        Por Tay Muller

Bacharelado em Letras-Libras

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Quanto nome tem a Rainha do Mar? “Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá, Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Dona YEMANJÁ”.   Esse trecho compõe a música Yemanjá – Rainha do Mar, do disco Voz Nagô- Afro samba de Pedro Amorim e Paulo Cezar Pinheiro, de 2017. É interpretada de forma magnífica por Maria Bethânia: cantora, compositora, produtora, atriz e poetisa brasileira. Essa música apresenta algumas das variações dos nomes dados a Iemanjá em diversas regiões do Brasil. Iemanjá é a Orixá das águas salgadas, dos mares, mãe de todos os Orixás, mãe das cabeças tendo como tradução do nome “mãe cujos filhos são peixes”.

 Dia 2 de fevereiro é um dia de festa para as religiões de matriz Africana como a Umbanda e o Candomblé: celebra-se o dia de Iemanjá. Essa festa é celebrada na praia, com homenagens e oferendas. Alguns Orixás são mais conhecidos aqui no Brasil, mas existem muitos outros e essa diferença existe pois o culto ao Orixá em África acontece de forma diferente. Alguns Orixás são mais conhecidos no Brasil pois são citados em ritmos musicais populares como no samba e no axé, eternizados nas vozes de cantores muito conhecidos e queridos – estes cantores em sua maioria fazendo parte de terreiros, trazendo para sua música as influências afro-brasileiras.  Alguns Orixás são também mais conhecidos pois na época da escravização do povo africano, para conseguir seguir seus rituais, os escravizados utilizaram imagens de santos famosos como São Jorge e Nossa Senhora dos navegantes, para cultuar, respectivamente, Ogum e Iemanjá.

Descrição da imagem: imagem de festa do Terreiro do Asas de Aruanda; é uma vista aérea; tem como primeiro plano areia da praia, com várias pessoas posicionadas em forma oval, em várias filas. Ao centro, pessoas de branco abaixadas e voltadas para um ponto do lado direito, o congá (equivalente a um altar). Na parte de abaixo da imagem, temos 4 barracas de praia.

Fonte@Rafael_paz

 

 

Mas não apenas pessoas participantes dos terreiros vão a estas festas. Como vemos nas imagens deste texto, as pessoas mais ao centro, abaixadas são os médiuns; ao redor, os visitantes.  Pessoas de diversas religiões frequentam não apenas as festas, mas também os terreiros e barracões atrás das “macumbas” (nome usado de forma pejorativa), “encantamento”, “feitiços”, “curas” ou “trabalhos” (são diversos os nomes, para o que se faz nesses espaços); utilizam os ritos da cultura Afro e os costumes já enraizados na cultura popular brasileira, mas não falam a ninguém por vergonha ou preconceito e por vezes; muitos nem conhecem o significado destes costumes populares de que fazem uso. Por exemplo: pular 7 ondas no mar, na virada do ano novo, é uma prática para que se faça desejos para o ano que começa. Entretanto, de onde vem as 7 ondas? E os 7 desejos? Dentro de algumas crenças Afro, 7 ondas são a distância para adentrar ao reino de Iemanjá – mas o resto da história foi aumentando a cada conto.

Mais do que religião, os Terreiros e as festas são espaços de cultura, oportunidades de conhecer partes invisibilizadas do povo preto que constituem o imaginário popular dos nossos costumes e nossa língua, ensinamentos orais e perspectivas de mundo diferentes das que estamos habituados. Os Terreiros são espaços de acolhimento de corpos marginalizados e rejeitados pela sociedade espaços de reconstrução de pessoas. E as festas promovidas por esses locais são um momento muito importante para que essa herança de racismo e preconceito religioso se dissolva e possamos encontrar cada vez mais celebrações mais diversas e respeitosas sem que, a cada momento, seja noticiada uma violência contra estes espaços e pessoas.

Descrição da imagem: amplificação da imagem anterior. Vemos a mesma imagem de cima e tudo fica pequeno. Do lado esquerdo temos uma vegetação verde rasteira; abaixo, uma estrada com uma fila de carros com as luzes acesas, pedras em direção a areia da praia; pisando na areia, várias pessoas (em torno de 600) posicionadas em forma oval em várias filas, aumentando o tamanho circular/ oval. Ao centro, pessoas de branco abaixadas e voltadas para um ponto do lado direito, o congá (equivalente a um altar). Na parte de abaixo da imagem, temos 4 barracas de praia.

Fonte@Rafael_paz

 

 

DE FÉRIAS COM O PET | Resenha: “A autobiografia da minha mãe”, de Jamaica Kincaid

30/01/2024 13:36

 

Por Laiara Serafim

Letras-Português

Bolsista Pet-Letras

Ano novo. Vida nova. Novas metas. Nova lista de leituras.

No De férias com o Pet dessa semana, venho trazer uma indicação de leitura, para você que está precisando dar o “pontapé” inicial nas suas leituras de 2024 ou para você que, assim como eu, já criou uma lista de leitura enorme da qual sabe que não vai dar conta. Eis que aqui vai mais um nome para a sua lista: A autobiografia da minha mãe , de Jamaica Kincaid, publicado em 1996.

A segunda obra de Jamaica Kincaid traduzida no Brasil traz uma narrativa realista, cruel e emocionante de Xuela, transportando as palavras para além das páginas, tornando-as quase palpáveis ao leitor. A habilidade literária de Kincaid conduz o leitor pela vida de Xuela, desde a sua infância até sua casa na velhice, em uma obra sem capítulos ou diálogos. A protagonista da obra perde a mãe no parto e é criada por uma lavadora de roupas da família. A narrativa nos aproxima de Xuela a cada cena, revelando as dificuldades cotidianas que ela enfrenta. Por trás das cenas de sofrimento de toda a sua trajetória, Kincaid expõe um cenário marcado pelo colonialismo. Xuela é filha de uma mãe caribenha e de um pai meio escocês e meio africano, e é moradora da ilha de Dominica, ilha que foi colônia da Inglaterra por anos, até conseguir a sua independência apenas no ano de 1978.

Descrição da imagem: A imagem é a capa do livro “A autobiografia da minha mãe”,  de Jamaica Kincaid.  O fundo da imagem é bege. No centro há o desenho de uma mulher de pele negra e cabelo preto, vestindo uma blusa amarela. Em torno na imagem está o nome do livro e, abaixo, o nome da autora, ambos em letras da cor laranja.

A realidade de Kincaid parece ter sofrido os mesmos desdobramentos. Segundo o jornal Folha de São Paulo, “só quando chegou aos Estados Unidos, aos 17 anos, Kincaid percebeu que a cor da sua pele poderia ser interpretada como um forte marcador de desigualdade.” E é através do cenário do colonialismo que Kincaid traz os temas centrais de sua obra, identidade e busca por suas raízes.

“Passei a me amar por rebeldia, por desespero, porque não havia mais nada. Esse amor basta, mas apenas basta, não é o melhor; tem gosto de uma coisa que ficou tempo demais na prateleira e estragou, e que revira no estômago quando é comida. Ele basta, ele basta, mas só porque não existe mais nada que ocupe o seu lugar; não é recomendado.” (p. 38).

No romance, a personagem Xuela também enfrenta um grande embate com o racismo. A autora critica constantemente essa realidade, assim como o colonialismo, examinando os conflitos presentes em diversos grupos étnicos e desconstruindo ideias generalizadas sobre a formação das identidades. Outro grande elemento abordado na obra de Kincaid, relacionado à questão de nacionalidade e pertencimento, é a linguagem. Dado que a língua desempenha um papel fundamental na formação da identidade de cada indivíduo, saber a língua do colonizador era extremamente importante para o status social; para  participar de uma sociedade colonizada, ainda era necessário que se falasse a língua do colonizador “corretamente”, sem traços da língua nativa.

“Comecei a falar bastante na época — comigo mesma frequentemente, com os outros quando absolutamente necessário. Falávamos em inglês na escola — inglês correto, não patoá — e entre nós o patoá francês, uma língua que não era considerada nada correta, uma língua que uma pessoa da França não sabia falar e teria dificuldade de entender” (p.15).

A autobiografia da minha mãe é um livro que fará você sair da zona de conforto. Um livro forte, belíssimo em seu lirismo e perturbador em seu enredo. A obra é uma boa alavanca para refletir sobre os conceitos de nacionalidade e os impactos do colonialismo, mas também sobre perdas, sobre relações familiares e os estigmas na vida da mulher.

REFERÊNCIA

KINCAID, Jamaica. A autobiografia da minha mãe. Rio de Janeiro: Alfaguara, 2020.

 

 

DE FÉRIAS COM O PET | A figura feminina no conto “O Caso de Rute”, de Júlia Lopes de Almeida

22/01/2024 10:20

Por Izabel Bayerl Bonatto

Letras-Português

Bolsista PET – Letras

 

O conto O Caso de Rute, publicado em 1903, está presente na coletânea de contos Ânsia Eterna, que foi escrita por Júlia Lopes de Almeida, e tem como ponto central o entrelaçamento entre a pureza e a violação. A autora apresenta no conto traços do Romantismo, apesar de pertencer ao Realismo, além de trazer elementos góticos para o texto, dando voz à personagem feminina Rute, abordando criticamente a questão do casamento arranjado e questões sociais relevantes para a época na qual o conto foi escrito.

Descrição da imagem: o fundo da foto é todo num tom de roxo azulado; na parte superior está escrito na cor branca “O caso de Rute” e abaixo na cor preta “Júlia Lopes de Almeida”. No canto inferior direito há uma imitação de pagina rasgando que revela a parte de trás da cabeça de uma mulher branca de cabelos escuros.

É contada a história de Rute, uma mulher branca de 23 anos e de boa classe social, que está prometida como noiva para Eduardo Jordão; porém, a jovem guarda um grande segredo. Logo que Ruth é apresentada a seu noivo, a baronesa Montenegro começa a tecer elogios sobre o quanto a moça é bondosa, recatada, digna, instruída e de boa educação. Toda essa apresentação acerca da jovem remete ao que a sociedade esperava da figura feminina na época, uma mulher passiva e servente do marido e família. “[…] Eram, com isso, apagadas, no sentido de que sua subjetividade era completamente desconsiderada em função do outro, o sujeito masculino, e em função de manter os status quo daquela sociedade” (Dias, 2019, p.150).

Outro ponto a ser destacado ocorre na história assim que Rute fica a sós com Eduardo e ela revela que não quer enganá-lo, afirmando que não é mais “pura”: “– Eu não sou pura! Amo-o muito para o enganar. Eu não sou pura!” (O Caso de Rute, p.30). Ela descreve o ocorrido: há 8 anos seu padrasto, já falecido, dominava-a; a vontade dele era a mesma da dela. Ao mesmo tempo que ela lastima o ocorrido, também não se absolve de sua culpa e em nenhum momento diz ter lutado contra aquilo: “– É isto a minha vida. Cedi sem amor, pela violência; mas cedi.” (O Caso de Rute, p.31). É possível notar que a personagem espera que Eduardo cancele o noivado e a culpe por não ser mais virgem, mas não é o que acontece. Ele perdoa Rute mesmo sem ela ter pedido esse perdão.

Neste ponto da história ocorre uma espécie de fluxo de consciência de rapaz, seus pensamentos travam uma batalha entre a violência que acabara de descobrir, a morte do padrasto dela e o amor que há entre os dois. Além disso, agora perdoada e com o casamento ainda prometido, ocorre outro fluxo de consciência, mas agora de Rute: o perdão de Eduardo a revoltava, e ela ponderava sobre a possibilidade dele a repelir no futuro, mesmo ele prometendo que esqueceria do ocorrido. Com isso, vieram à sua mente pensamentos suicidas:

Rute pensou em matar-se. Viver na obsessão de uma ideia humilhante era demais para a sua altivez. Desejou então uma morte suave, que a levasse ao túmulo com a mesma aparência de cecém cândida, de envergonhar a própria sensitiva. (O Caso de Rute, p.33)

E realmente a protagonista cumpre com seu desejo, suicida-se. Em seu velório, uma mesma voz repetia que a jovem iria ficar com o falecido padrasto, no mesmo jazigo. Eduardo, pensando que a noiva havia se matado para ir de encontro com o antigo amante, teve um surto de ciúmes somado ao sentimento de posse, tal como Rute sabia que em algum momento aconteceria: “E a todos que acudiram nesse instante pareceu que viam sorrir a morta em um êxtase, como se fosse aquilo que ela desejasse…” (O Caso de Rute, p.34)

Por fim, a respeito de O caso de Rute, Dias (2019) ainda destaca:

Ademais, podemos dizer que, com muita delicadeza, Júlia Lopes de Almeida de fato retratou devidamente a condição da mulher naquela sociedade, denunciando as situações degradantes as quais as mulheres estavam submetidas. Através de personagens masculinas que ocupavam posições de destaque, como o Barão, a autora critica sutilmente a reafirmação de valor que se costuma dar a essas pessoas e os privilégios que os sujeitos do sexo masculino usufruem com sua imagem, em consonância com o silenciamento e a negativização da imagem das mulheres.(p.158)

 

REFERÊNCIAS

ALMEIDA, Júlia Lopes de. O Caso de Rute. In: ALMEIDA, Júlia Lopes de. Ânsia Eterna. 2. ed. rev. Brasília: Senado Federal, 2020.   p. 27-34.

DIAS, Ana Paula Pereira. A representação do feminino no conto O caso de Rute, de Júlia Lopes de Almeida. Revista Porto das Letras, Tocantins, v. 05, n. 03, p. 147-160, 2019. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/download/8025/16014. Acesso em: 21 jan. 2024.

 

 

DE FÉRIAS COM O PET | Linguística Popular/Folk linguistics e sua difusão

16/01/2024 10:37

Por Hanna Boassi

Bolsista PET-Letras | IC/CNPq

 

O termo linguística popular é associado a denominações anglo-saxônicas que envolvem o termo folk, traduzido para o francês como popular, espontâneo, inexperiente, profano ou ordinário, remetendo também à linguística do senso comum. Baronas (2019), no seu artigo Seis sabres e três quartos que você (interessada/o em questões de Linguagem) precisa aprender sobre Linguística Popular/Folk Linguistics diz que, por ora, chamamos de popular o saber espontâneo dos atores sociais sobre o mundo, que se diferencia do saber acadêmico ou científico, assim como o saber prático se diferencia do saber teórico. Ou seja, os saberes populares não passam por investigações científicas que os provam como verdade, mas dependem da crença desses atores sociais para que sejam um senso comum: “Os sentidos pejorativos geralmente apensos ao termo popular fazem parte do escopo dos estudos da linguística popular e podem se tornar um importante objeto de estudo para esse domínio.” (Baronas, 2019, p. 4) A linguística popular, por sua vez, não diz respeito apenas à linguística em sua legitimidade, mas abrange ao uso da língua em situações corriqueiras, de pessoas que não estão dentro da área acadêmica e científica.

Neste mesmo artigo,  Baronas  traz o exemplo de um trabalho de não-linguistas sobre a língua, o Aurélia – A Dicionária da Língua Afiada. Publicado em 2006, a “dicionária” foi elaborada por dois jornalistas, Fred Libi e Vitor Angelo Scippe, sendo uma paródia do famoso dicionário Aurélio. A dicionária explica expressões utilizadas no dialeto pajubá, que é utilizado pela comunidade LGBTQIA+ de falantes da língua portuguesa, destacando falantes do Brasil. O intuito desta obra é entrar no espaço que os dicionários tradicionais ocupam, ser utilizada como uma ferramenta útil para a sociedade.

A Aurélia mostra então que as obras possuem línguas próprias, ou melhor, que as textualizações, os discursos têm as suas próprias línguas, não em termos de morfologia, léxico ou sintaxe, que são únicos para uma determinada língua, mas destacando ou silenciando certos sentidos, autorizando ou não certas leituras, interpretações, determinadas co-enunciações e co-enunciadores e, especialmente, evidenciando a existência de um tipo particular de corporeidade linguística que advêm dessas próprias línguas. (Baronas, 2019, p. 13)

Descrição de Imagem: uma capa de livro com fundo amarelo, onde se enxerga o desenho de um rosto feminino gritando e com uma expressão brava. Na parte superior se lê “1300 verbetes” e logo abaixo “Aurélia, A Dicionário da Língua Afiada”. Em uma forma oval laranja, os nomes dos autores: Angelo Vip e Fred Libi e abaixo outra forma oval, desta vez vermelha, onde pode se ler “24º edição, tá, meu bem?”. E por fim, no canto inferior direito o logo da Editora da Bispa.

 

É interessante pensar que, mesmo de uma perspectiva folk,  os jornalistas conseguiram descrever o pajubá, colocando-o no meio dos dicionários – entendidos como  produtos tecnológicos que têm como objetivos silenciar outras formas de sentido que não as que são “autorizadas” por eles mesmos. Aqui, porém, estamos no campo das resistências.

Algo que faz parte da linguística popular nos dias atuais são as expressões que aparecem na rede social X (antigo Twitter), que foram se popularizando cada vez mais na era digital. Em 2018, Vivian Macedo publicou, na plataforma de jornalismo social Medium, um chamado Pequeno dicionário do twitter caprichete, explicando as principais expressões que eram utilizadas no ano de 2018 na rede social.

 

Descrição de Imagem: Trecho do texto de Vivian na plataforma medium onde se vê uma captura de tela do Tweet de @MARIATOSCANO15 onde se lê “NACLARA PELA ENÉSIMA VEZ DIZENDO ‘AMANHÃ VOU PRA ACADEMIA’ A CARA NEM TREME!!!” e acima a explicação de Vivian para a expressão utilizada “A cara nem treme: Expressão usada quando a pessoa está mentindo e nem se abala com isso.”

Outro perfil muito popular na rede X é o Greengo Dictionary, um perfil voltado para traduzir de forma literal e explicar expressões brasileiras, como vemos abaixo:

Descrição de imagem: Em um fundo verde, um verbete de dicionário:

“train (variations)

train /trem/ 1 (n.) in General Mines, a word that represents basically

anything, except actual trains.

ugly train /trem fei/ 1 (exp.) something complicated, difficult.

good train/trem bão/ 1 (exp.) a pleasant situation

big train /trenzão/ 1 (n.) someone impressively beautiful.

lil’ train /trenzin/ 1 (n.) affectionate way to refer to somebody.

crazy train /trem doido/ 1 (exp.) a mad situation.

a train like this has no fitting/ num tem cabimento um trem desse/

1 (exp.) that’s not possible, unbelievable.”

 

Criado pelo designer gráfico Matheus Diniz, nele são selecionadas expressões brasileiras populares que referenciam acontecimentos do momento. O exemplo dado acima da expressão trem foi realizado no dia 12 de dezembro, aniversário de Belo Horizonte, onde a expressão é mais utilizada. “A escolha de traduzir as expressões brasileiras para o inglês não é aleatória e se apresenta como uma estratégia de divulgação cultural” (Silva, 2021, p. 89).

Como se vê, os estudos de Linguística Popular/Folk Linguistics podem contribuir na compreensão do uso da língua como objeto social e colocar em discussão a univocidade dos saberes sobre a língua. É interessante ouvir além de linguistas, mas também pessoas “não autorizadas” a falarem sobre esse “objeto” – uma tarefa que folk pretende realizar.

 

REFERÊNCIAS

BARONAS, Roberto Leiser. Seis saberes e três quartos que você (interessada/o em questões de Linguagem) precisa aprender sobre Linguística Popular/Folk Linguistics. Piqueling, 2019. Disponível em: https://www.piqueling.ufscar.br/publicacoes/linguistica-popular-prof-roberto-baronas. Acesso em: 13 jan. 2024.

MACEDO, Vivian. Pequeno dicionário do twitter caprichete. 12 abr. 2018. Medium: @vihvs. Disponível em: https://medium.com/@vihvs/esse-pequeno-dicion%C3%A1rio-explica-as-principais-express%C3%B5es-que-aparecem-no-twitter-e-para-ajudar-a-816fb0c7b9a6. Acesso em: 13 jan. 2024.

SILVA, Priscila Aline Rodrigues. Linguística Popular e Análise do Discurso: possibilidades de diálogo entre línguas e teorias com Greengo Dictionary. Porto das Letras, [S. l.], v. 7, n. 4, p. 83–103, 2021. Disponível em: https://sistemas.uft.edu.br/periodicos/index.php/portodasletras/article/view/12854. Acesso em: 13 jan. 2024.

 

Posso olhar o cardápio, por favor? – Resenha de “Jantar Secreto”, de Raphael Montes

30/07/2023 10:48

Por Hanna Boassi

Letras – Português

Bolsista PET-Letras

Jantar Secreto é um romance publicado em 2016 pela editora Companhia das Letras. Escrito pelo autor brasileiro Raphael Montes que, além de escritor é advogado e também autor dos livros Suicidas (2010), Dias Perfeitos (2014), O Vilarejo (2015) e Bom Dia, Verônica (2016) – este último, que ganhou uma adaptação para uma série na Netflix em 2020.

A narrativa de Jantar Secreto ocorre no ponto de vista de um dos protagonistas Dante, estudante de administração, que se muda do interior do Paraná para o Rio de Janeiro. Junto de seus amigos, alugam um apartamento e começam a dividir as despesas. Para se manter na cidade, Dante passa a trabalhar em uma livraria em seu tempo livre. Dos outros protagonistas temos: Miguel, estudante de medicina, Hugo, chefe gastronômico e Leitão, estudante de computação.

 

Descrição da imagem: em um fundo branco, no centro se vê um prato, também branco, sujo de sangue. Sobre o prato, em preto, se lê “Jantar Secreto” e abaixo, em letras vermelhas, o nome do autor “Raphael Montes”. Mais abaixo, em letras menores e cinzas, “autor de Dias Perfeitos”. Centralizado, na parte superior da capa, lê-se “Raphael Montes é capaz de alias a atmosfera de suspense se um filme de Alfred Hitchcock ao humor negro de Quentin Tarantino – THE GUARDIAN”. E, por fim, centralizado na parte inferior, a logo da editora Companhia das Letras em cinza.

 

A história se inicia alguns anos depois de se mudarem para o Rio, quando Dante recebe uma ligação do corretor do apartamento informando que o aluguel não estava sendo pago há seis meses; o corretor informa que se não pagassem a dívida teriam que deixar o apartamento.

Desesperados por uma solução, Hugo conta de um site que chefes proporcionam experiências gastronômicas dentro de suas casas direcionadas à elite carioca e propõe que os amigos o ajudem a organizar alguns jantares para que possam juntar o dinheiro necessário. Todos concordam e cada um ficaria encarregado de uma tarefa para que os jantares ocorressem. Hugo cozinharia, Dante e Miguel recepcionaram e serviriam os convidados e Leitão ficaria encarregado da divulgação no site. Os amigos só não esperavam que a tarefa de Leitão os colocaria em uma situação difícil.

O livro é bem construído, Dante é um ótimo narrador, faz que o leitor se envolva na história junto com ele. Raphael consegue construir a narrativa de forma fluida. O livro é rico em detalhes e cheio de reviravoltas. Não o achei previsível em nenhum momento, o que fez com que me prendesse mais a cada página. A construção dos capítulos se intercala entre a narrativa de Dante, cartas, conversas de WhatsApp, listas e etc. Isso faz com que o contexto seja muito mais completo e interessante.

Não é um livro para pessoas sensíveis, mas se você procura por uma história de suspense que prenda sua atenção, sugiro que reserve sua cadeira para esse jantar de tirar o fôlego.

DE FÉRIAS COM O PET | Três jogos para se divertir sem se esforçar muito

25/07/2023 18:30

Por Izabel Bayerl Bonatto

Letras – Português

Bolsista PET – Letras

As férias estão quase acabando e isso parece ser o impulso que precisava para aproveitar os últimos dias restantes no conforto do seu lar, porque talvez você, assim como eu, também prefira aproveitar esse tempinho de folga sem ter muita movimentação na sua rotina. Por esse motivo, vim recomendar três jogos para se divertir, talvez até passar um pouquinho de raiva, e curtir o tempo livre com baixa probabilidade de ter que usar muito o cérebro para fazer qualquer coisa.

 

  1. The Sims 4

Descrição de Imagem 1: a imagem mostra quatro bonecos do jogo the sims. Da esquerda para a direita, o primeiro deles é uma garota de pele branca e cabelo rosa longo, com um pequeno coque que prende uma parte do cabelo. Ela veste uma jaqueta de cor amarela  e sorri olhando para o lado. O segundo é uma garota de pele branca e cabelo loiro com franja. Ela usa uma touca azul e veste uma camisa verde. O terceiro é um garoto com cabelo castanho. Ele veste uma camisa branca, um casaco azul, um cachecol cinza e usa diversas pulseiras coloridas no braço. Ele também está segurando uma câmera fotográfica com a mão direita. O quarto é uma garota de pele negra e cabelo preto curto. Ela veste uma jaqueta laranja, segura um celular na mão e olha com interesse para o lado direito. O fundo da imagem mescla dois tons de azul, um claro e outro mais escuro. Acima dos bonecos está escrito em letras brancas “The Sims 4”, e ao lado direito do nome, o símbolo verde dos sims.

 

The Sims 4 é um jogo de simulação de vida criado pela Electronic Arts, o qual dá ao jogador o poder de criar e controlar tudo a respeito de seus personagens Sims. Nele existem diversas possibilidades jogáveis, que permitem ao jogador explorar sua criatividade; é possível construir casas, criar familias, definir sua carreira profissional e universitária, realizar tarefas do dia a dia dos Sims, entre diversas outras.

O jogo básico do The Sims 4 está disponível gratuitamente em diversas plataformas como PCs, algumas versões da PlayStation e do Xbox, porém seus pacotes de expansão, que trazem mais opções de vida para os Sims, são pagos.

 

  1. BTS Island: In The SEOM

Descrição de Imagem 2: o fundo geral é azul claro, na parte de baixo o azul escuro imita o mar e na parte de cima está o nome do jogo na cor branca “BTS Island: In The SEOM”. No centro da imagem está uma baleia roxa e em cima dela quatro membros do grupo, um de cabelo azul claro e blusa preta e short azul claro; um de cabelo preto, blusa verde e branca e short azul claro (tem um gato marrom claro na sua cabeça); outro de cabelo castanho médio, blusa branca e short azul claro segurando uma vara de pesca (tem um gato branco do seu lado); o outro tem cabelo claro e usa uma blusa branca. Do lado direito há um integrante do grupo com o cabelo loiro e short azul apoiado numa bola de praia em tom de amarelo e branco e tem um gato marrom claro e escuro perto dele; do lado direito há os dois últimos integrantes. Um deles está segurando a ponta da vara de pesca e tem cabelo castanho e usa uma blusa azul, uma camisa florida rosa e short azul; e o último tem cabelo castanho escuro e usa camiseta laranja, está dentro de uma boia de praia laranja mais escuro e segura outro gato branco.

 

BTS Island é um jogo feito para Android e IOS que te dá possibilidade de desfrutar de uma experiência única na ilha com o BTS. É um jogo projetado para você conhecer mais sobre a história do grupo enquanto decora a ilha com seu próprio gosto; para isso, é preciso jogar um match-3, onde basicamente você precisa combinar 3 ou mais da mesma cor para coletar as estrelas e utilizá-las para realizar as missões que envolvem diálogos e cutscenes com os membros do BTS.

 

  1. Amor Doce

Descrição de Imagem 3: o fundo é azul escuro com um efeito de raio solar em tom de azul mais claro e pontos de luz brancos espalhados pela imagem, além de três pequenos corações duplos vermelhos e brancos. No centro, está a logo do jogo, “Amor Doce” em vermelho, branco e marrom; do lado direito da logo, há o desenho de um cupcake vermelho branco e marrom e um coração vermelho com contorno branco.

Por último, temos Amor Doce. É um jogo de simulador de romance e paquera, disponível para Android, IOS e PCs, onde seu objetivo é conquistar os seus personagens favoritos enquanto vive aventuras românticas ao longo dos episódios. Dependendo das suas escolhas, a história final é alterada.  É um jogo que cativa tanto meninos quanto meninas, pois existe a possibilidade de paquerar personagens masculinos e uma personagem feminina (University Life).

Atualmente, existem divisões jogáveis da vida da sua personagem, com paqueras novos e alguns repetidos. Em ordem cronológica: High School Life, University Life e Love Life, mas ainda existem três versões alternativas para paqueras três personagens que não aparecem na versão original do University Life: Alternate Life – Lysandre, Alternate Life – Kentin e Alternate Life – Armin.

DE FÉRIAS COM O PET | Produções LGBTQIAPN+ para assistir e ler nas férias

19/07/2023 06:32

Por Manoela Beatriz dos Santos Raymundo

Bolsista PET Letras

Letras – Inglês

 

Com o recesso de inverno por aí, nada melhor do que acompanhar algumas séries – como indicamos no texto anterior –  e ler uns livros para passar o tempo! Visto que Junho foi o Mês do orgulho LGBT, por que não estender um pouco e trazer algumas recomendações estrelando casais e pessoas da comunidade LGBTQIAPN+?

 

1 | Vermelho, Branco e Sangue Azul (Livro e Série)

Descrição da Imagem 1: Vemos o desenho de dois rapazes na parte inferior: à esquerda, Alex, um rapaz moreno com cabelos cacheados curtos, vestindo uma blusa polo azul clara, uma jeans azul e um par de tênis vermelhos.  À direita, temos Henry, um rapaz branco, de cabelos loiros, usando uma farda vermelha, com ombreiras douradas e uma faixa azul cruzando o peito e calças e botas pretas. Ocupando a maior parte da capa, o título “Vermelho” (em cor vermelha), “Branco e” (em cor branca) “Sangue Azul” (em cor azul); logo abaixo, está escrito Casey McQuiston, o nome da autora. Acima do título está escrito “Um romance entre a Casa Branca e o Palácio de Buckingham”.

 

Vermelho, Branco e Sangue Azul conta a história de Alex, filho da mais nova presidente dos EUA, e Henry, irmão mais novo do príncipe britânico. Sendo constantemente comparados, a relação inicial dos dois gera intrigas escandalosas. Eles passam um fim de semana juntos fingindo ser melhores amigos, mas não demora para que essa relação evolua para algo a mais.

É um romance divertido e animado de Casey McQuiston,  que recebeu o Goodreads Choice Awards de Melhor Romance em 2019 e será adaptado pela Prime Video, em agosto de 2023 –  mas até lá,  o livro é uma ótima opção para os interessados na história.

 

2  | Heartstopper (Comic e Série)

Descrição da Imagem 2: Num fundo verde claro, vemos 2 rapazes de costas: Nick Nelson, à direita, branco, loiro, cabelos curtos e usando um uniforme escolar verde escuro e uma mochila tiracolo verde-água com listras brancas; e Charlie Spring, à esquerda, branco, cabelos pretos curtos, usando o mesmo uniforme escolar verde escuro e uma mochila de costas vermelha. Um está ao lado do outro e Charlie olha levemente para Nick. Entre eles, temos folhas de outono amarelas caindo.  Em branco, acima dos dois, está escrito “Dois garotos, um encontro. Heartstopper, Volume 1. Alice Oseman”.

 

Heartstopper é um romance de  Alice Oseman, que conta de maneira muito realista o relacionamento de Charlie e Nick, com vários altos e baixos entre os dois – além de termos várias representações LGBTQIA+ dentro do quadrinho com os amigos dos dois.

Charlie Spring é um rapaz muito inseguro por conta do bullying que sofreu por ter se assumido gay. Já Nick Nelson é um garoto popular e membro do time de rúgbi. Os dois passam a se sentar juntos em uma aula e começam a se conhecer cada vez mais, desenvolvendo um grande laço.

Charlie aos poucos começa a se sentir diferente com o novo amigo, mesmo sabendo que Nick é um rapaz hetero e que isso irá só causar frustrações para Charlie; mas o próprio Nick está confuso sobre como se sente em relação a Charlie também. Os dois vão passando tempo juntos e descobrindo cada vez mais que talvez eles dois possam sim ser felizes juntos.

O quadrinho ainda está lançando através de plataformas como Webtoon e Tapas, aplicativos para ler Webcomics. Além disso, uma série de Heartstopper está disponível no catálogo da Netflix, com a segunda temporada já anunciada pela plataforma.

 

3 | The Owl House (Animação)

Descrição da Imagem 3: No fundo, um céu de noite estrelada, com nuvens e uma paisagem de pinheiros vermelhos cercando um pequeno chalé branco e azul. À frente, temos Luz, uma menina de pele morena, cabelos castanhos curtos, vestindo uma blusa azul, jeans e um sapato branco. Ela está segurando um cajado de madeira com o formato de uma coruja e com o outro braço uma pequena esfera de luz. Atrás dela, também voando em cima do cajado, está Eda, uma moça branca de cabelos grisalhos compridos, olhos amarelos e vestindo um vestido vermelho, segurando uma bola de fogo em uma das mãos. Segurando uma das pernas de Eda há King, uma pequena criaturinha peluda, cinza escuro, com um crânio tapando seu rosto e pequenos chifres saindo dela.

 

A série de Dana Terrace conta a história de Luz Noceda, uma garota humana com uma imaginação muito fértil, que adora histórias de fantasias e de bruxas. Um dia, pouco antes de ser mandada para um acampamento de verão, Luz segue uma coruja até uma porta que a leva para outra dimensão, onde monstros e magia existem.

The Owl House não é totalmente focada em romance como as duas primeiras recomendações, mas tem o desenrolar de casais muito bons e cativantes. Diferente de Heartstopper, The Owl House já está finalizado e disponível através da Disney+.

 

4 – Banana Fish (Mangá e Anime)

Descrição da Imagem 4: Num fundo amarelo, se lê, acima, “Banana Fish” em preto vazado, com o rosto de vários personagens do mangá dentro de cada letra. Logo abaixo temos Akimi Yoshida, o nome da autora. Na parte inferior Ash Lynx, um rapaz de pele branca, cabelos loiros curtos e uma cara séria. Ele usa uma blusa branca e segura uma pistola com uma das mãos, apontando para frente.

 

Banana Fish conta a história de Ash Lynx, líder de uma gangue de adolescentes nos EUA, que está à procura de algo chamado “Banana Fish”, para tentar ajudar seu irmão mais velho, que se encontra mentalmente debilitado. Enquanto isso Eiji Okumura, um fotógrafo japonês que foi junto de seu chefe para noticiar a presença de inúmeras gangues nos EUA.

Diferente de uma história romântica, Banana Fish é um mangá de crime e suspense, o romance de Ash e Eiji e seu relacionamento afeta as decisões de ambos durante suas investigações e disputas com outras gangues, mas não é um dos pontos centrais da história.

A obra de Akimi Yoshida tem diversos gatilhos que podem ser sensíveis para alguns tipos de públicos, mas ainda se trata de uma história emocionante e cativante.

 

5 |  Nevermore (Webcomic)

Descrição da Imagem 5: Em um fundo enevoado cinza Annabel Lee, uma moça de pele branca, cabelos loiros longos com as pontas cacheadas, vestindo um uniforme branco e preto. Ela apoia o queixo em suas mãos, enquanto apoia os cotovelos em uma mesa de xadrez, com as peças brancas logo a sua frente. Do outro lado do tabuleiro, como se fosse do tamanho de uma peça, temos Lenore, uma moça de pele branca e cabelos pretos com uma mecha branca na ponta. Ela veste o mesmo uniforme preto e branco e calças brancas, encarando Annabel Lee que a observa de cima como se fosse uma peça de xadrez.

Se você acordasse em uma praia, com nada mais do que uma maleta algemada em seu braço com seu nome escrito, o que você faria? Ficaria do lado de fora com estranhas criaturas perseguindo-o ou entraria em Nevermore Academy?

A narrativa de Nevermore é simples: após acordarem em um lugar estranho, Lenore e Annabel Lee decidem entrar no pátio de uma escola, mas elas não estão sozinhas por lá, aparentemente, irão ter que começar a frequentar o local sob direção dos irmãos Dean.

Mas a calmaria não dura muito. Quando recebem a notícia de que Nevermore Academy se encontra no limbo entre a Vida e a Morte, Annabel e Lenore descobrem que seu objetivo agora é frequentar o lugar e se tornarem dignas para ter uma segunda chance e não ser enviadas para o Vazio. O relacionamento de Lenore e Annabel Lee é conturbado e cheio de reviravoltas intrigantes, que as mantém em um tipo de cabo de guerra, tendo que fingir indiferença entre si enquanto comandam cada uma um grupo de alunos.

A Webtoon de Kate Flynn e Kit Trace tem vários elementos do sobrenatural, com várias referências a obras literárias de terror, mas com personagens cativantes e uma história mais ainda.

 

DE FÉRIAS COM O PET | Rolês para aproveitar o que Floripa tem de melhor antes do fim das férias

09/02/2023 14:33

Por Sofia Quarezemin

Letras – Português

Bolsista PET-Letras UFSC

Com a rotina corrida da faculdade, às vezes até esquecemos que moramos em uma ilha com tantas belezas naturais, né? Conhecer os cantos dessa cidade é uma aventura que vale muito a pena e pra quem chegou há pouco tempo é até difícil saber por onde começar. Nesse “De férias com o PET”, quero compartilhar meus rolês preferidos (até agora) pelo leste da ilha.

Para quem prefere água doce, a cachoeira da Costa da Lagoa é um excelente destino, porque é possível acessar por trilha ou ainda fazer um passeio de barco. O acesso para a trilha da Costa da Lagoa fica no bairro Canto dos Araçás, pertinho do centrinho da Lagoa da Conceição. A trilha dura em média duas horas com um trajeto bastante tranquilo, passando pela natureza exuberante e por algumas construções antigas, que datam da época da colonização. É realmente muito interessante conhecer a história da cidade e ao mesmo tempo ter esse contato com a natureza. Ao final da caminhada, a cachoeira proporciona descanso em águas calmas e tipicamente fresquinhas.

Uma outra opção para acessar a cachoeira é de barco, que também vale muito a pena por ser um passeio com lindas vistas da Lagoa da Conceição, com o valor da passagem a R$12,50. O passeio tem duração de 40 minutos e o ponto de embarque fica na região central da Lagoa, na Avenida das Rendeiras. Para acessar a cachoeira basta desembarcar no ponto 16, onde você também pode aproveitar os restaurantes na beira da lagoa e conhecer os artesanatos produzidos na região. Dalí, é só uma breve caminhada de 10 minutos até o destino final.

Descrição de imagem: A fotografia é feita de dentro de um barco de madeira, o que se pode perceber porque aparece a entrada e as janelas do barco, além de uma boia de cor laranja. Pode-se ver uma paisagem da lagoa em dia ensolarado, a água em tom esverdeado e com muitas árvores, além do céu azul e sem nuvens.

 

Se você prefere o mar, uma opção surpreendente é a Trilha do Gravatá, cujo destino é a Praia do Gravatá. O acesso para a trilha fica no morro da Praia Mole, onde é possível chegar de ônibus. O percurso tem duração média de uma hora e possui trechos um pouco mais intensos de subidas e descidas, com três mirantes em diferentes pontos do caminho. Lá do alto, é possível ver a extensão da Praia Mole e da Praia da Galheta, além, é claro, da Praia do Gravatá, e a melhor parte é se deparar com o infinito oceano que se mistura com o céu no horizonte. Ah, e também dá para acampar em um dos mirantes!

Por fim, a chegada à paradisíaca Praia do Gravatá é a recompensa perfeita para quem gosta de passar um tempo junto à natureza com tranquilidade e com a beleza típica que as praias de Floripa sempre esbanjam.

E aí, que tal aproveitar o último mês de descanso para conhecer mais um pouco da ilha? Não se esqueça que para rolês como esses, é sempre aconselhado levar protetor solar, repelente, algum lanchinho e bastante água! Em especial na Praia do Gravatá, que não possui nenhum tipo de comércio.

 

Descrição de imagem: vista ampla da paisagem em um dos mirantes da trilha. Na imagem, é possível ver uma parte mais próxima com grama e árvores. Mais distante, há uma grande formação rochosa em forma de ponta no mar. O mar e o céu estão azuis e se confundem no horizonte.

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