Programa de Educação Tutorial dos Cursos de Letras da Universidade Federal de Santa Catarina
  • O diário e os exercícios de si

    Publicado em 16/09/2024 às 08:29

    Por Débora Klug
    Bolsista PET – Letras
    Letras – Português

    Em Roma, nos anos 1950, havia fiscais em frente às tabacarias aos domingos, para regular a venda exclusiva do tabaco, e de nenhum outro produto além desse. A razão dessa imposição não é clara. Ao menos, aqueles que tinham gosto pela substância não corriam o risco de sofrer a abstinência dominical. É no cenário de uma tabacaria cheia em um domingo, e de um fiscal enganado, que inicia  o processo de transgressão de Valeria, uma mulher de 43 anos, casada e com dois filhos. Saiu em um domingo de manhã para comprar as flores decorativas da mesa da cozinha e charutos para o marido, Miguel, antes que esse acordasse. Cadernos de capa preta, como aqueles que se levava para a escola, estavam expostos perto do caixa da tabacaria, e logo despertam o interesse da mulher. Ela compra um caderno, um pouco a contragosto do vendedor, que indica o fiscal na porta da loja, mas vende mesmo assim. Valeria sai com o caderno escondido embaixo do casaco,  imaginando escrever seu nome em letras grandes e legíveis na primeira folha, como fazia quando criança, com os cadernos da escola.

    É assim que começa o livro Caderno Proibido, de Alba Céspedes, publicado originalmente em 1952. Esse caderno se tornará o diário de Valeria, em um movimento de libertação e culpa , durante a tomada de consciência da sua condição como mulher na sociedade.

    Descrição da imagem: Do lado esquerdo há a imagem em preto e branco de uma mulher branca, com cabelo curto, acendendo um cigarro. Está com um óculos de armação escura, os dedos são adornados por anéis, e o braço esquerdo por um bracelete. Veste uma camisa com babados brancos e um casaco ou blazer escuro. Essa mulher é Alba de Céspedes.  Do lado direito da imagem, em um fundo vermelho, observa-se a capa de um livro. Nela, há a imagem do busto de  uma mulher sentada, utilizando uma camisa de botão. Ela possui cabelos até os ombros. Seu rosto está coberto pelo nome do livro, em um quadro azul escuro com uma fina borda vermelha, escrito “Caderno Proibido” em letras maiúsculas; logo abaixo “Alba de Céspedes”. Ao fundo há almofadas listradas, e um quadro de uma árvore pendurado na parede.

    É interessante perceber que o livro todo se estrutura como um diário. A narração, portanto, é em primeira pessoa, o que aproxima o leitor da mente da personagem, e permite acompanhar juntamente com Valeria seu processo de escrita de si. A personagem possui sentimentos conflituosos pelo caderno. Ao mesmo tempo que é atraída por ele, tem um interesse em escrever, ela também sente que é algo errado. A frase inaugural do livro (e do diário) é a seguinte “Fiz mal em comprar este caderno, muito mal. Mas agora é tarde demais para lamentar, o estrago está feito. ” (De Céspede 1962, p. 1).

    Antes mesmo de começar a escrever, ela precisa urgentemente esconder o caderno, mas não sabe onde. Se os filhos ou o marido acharem vão tomar para si, e não havia a possibilidade de ela atestar a posse do caderno, pois seu desejo de escrever não seria levado em consideração.

    No processo de tentar esconder o caderno, Valeria percebe que não possui um espaço da casa que seja seu. Mirella, a filha, tem um quarto e em uma gaveta chaveada guarda seus pertences particulares; Ricardo, o filho mais velho, possui também um quarto só seu e sempre utiliza a única escrivaninha da casa para estudar; Valeria ainda compartilha com o marido o quarto e não há delimitação dos espaços de cada um. Então, resta-lhe um saco na cozinha onde se guarda os trapos para limpeza. Um lugar que só ela acessa, pois é a única da casa que realiza os serviços domésticos: um símbolo do lugar da mulher na sociedade. Um lugar submisso, legado aos trabalhos domésticos.

    À Valeria era reservado o lugar de esposa, mãe e cuidadora da casa. Mas nunca um lugar onde poderia desenvolver uma subjetividade. A todo momento relata sentir culpa. Como se fizesse algo errado ao escrever. Como se não estivesse sendo útil. Como se perdesse tempo. Mas é no ato da escrita que a mulher lentamente percebe sua condição, percebe que não havia justiça ali, e tem um novo olhar sobre as situações hodiernas. Com o tempo, Valeria escreve cada vez mais. O que antes eram poucos minutos escrevendo, se torna mais de um momento por dia dedicado à escrita. Mas escrever é um ato sempre realizado às escondidas. Valeria passa noites em claro para escrever sem ser perturbada.

    O exercício de escrever no diário, nesse sentido, é um exercício de tomada de consciência. É uma tomada de consciência das ações cotidianas. O que se escreve, de acordo com Blanchot (2005), passa a se enraizar no cotidiano, e na maneira como se enxerga o cotidiano.

    O diário íntimo, que parece tão livre de forma, tão dócil aos movimentos  da vida e capaz de todas as liberdades’ já que pensamentos, sonhos, ficções, comentários de si mesmo, acontecimentos importantes,  insignificantes, tudo lhe convém, na ordem e na desordem que se quiser,  é submetido a uma cláusula aparentemente leve, mas perigosa: deve respeitar o calendário. Esse é o pacto que ele assina. O calendário é seu  demônio, o inspirador, o compositor’ o provocador e o vigilante.  Escrever um diário íntimo é colocar-se momentaneamente sob a proteção  dos dias comuns, colocar a escrita sob essa proteção, e é também  proteger-se da escrita, submetendo-a à regularidade feliz que nos  comprometemos a não ameaçar. O que se escreve se enraíza então, quer  se queira, quer não, no cotidiano e na perspectiva que o cotidiano  delimita. (Blanchot, 2005, p. 270).

    É na inscrição desse ritual cotidiano, ao se submeter ao calendário provocador e vigilante, que a transformação em Valeria passa a ocorrer, de maneira controversa, com culpa e por vezes sem felicidade.

    São duas da madrugada, levantei para escrever, não conseguia dormir. A culpa, mais uma vez é deste caderno. Antes, eu esquecia rápido o que acontecia em casa; mas agora, desde que comecei a anotar os eventos cotidianos, mantenho-os na memória e tento compreender por que se produziram. Se é verdade que a presença oculta desse caderno dá um sabor novo à minha vida, devo reconhecer que não serve para torná-la feliz. (De Céspedes, 2022. p. 23)

     

    Quanto mais Valeria se percebe no mundo (através da escrita revela sua subjetividade), mais desejo tem de escrever, de enfrentar os dilemas e contradições que vive. Ela passa a sonhar intensamente em ter um espaço seu, para que possa escrever. Um cubículo que seja, qualquer lugar que seja possível pensar. Alegoricamente, esse cubículo é como um simulacro de interioridade, um local onde todos os pensamentos e sentimentos possam se alojar, mesmo que desordenados. Um lugar recluso, sem perturbações, onde Valeria poderia elaborar o que ela quer dizer, e dizê-lo.

    Às vezes eu precisaria ficar sozinha; […] sonho ter um quarto só para mim […] Eu me contentaria com um cubículo. No entanto, jamais consigo me isolar, e só renunciando ao sono é que encontro um tempinho para escrever aqui. Se, quando estou em casa, interrompo o que estou fazendo, ou à noite, na cama, paro de ler e olho o vazio, há sempre alguém que pressurosamente me pergunta em que estou pensando. (De Céspedes), 2022. p. 71-2)

    Ressoa nessa passagem algo dito anos antes, em 1928, em duas conferências na Universidade de Cambridge. O tema em questão era o papel das mulheres na ficção literária, e a convidada era Virginia Woolf. As conferências e dois artigos escritos pela autora resultaram no livro Um teto todo seu, publicado originalmente em 1929. No primeiro capítulo, Woolf defende que as mulheres não estão presentes no cânone literário, e não escrevem tantas obras de ficção comparadas aos homens pois “[…] a mulher precisa ter dinheiro e um teto todo seu se pretende mesmo escrever ficção; e isto, como vocês vão ver, deixa sem solução o grande problema da verdadeira natureza da mulher e da verdadeira natureza da ficção” (Woolf, 2004, p. 8). Ou seja, para as mulheres escreverem precisam de um lugar onde possam de fato exercer a escrita, uma atividade que exige concentração, reflexão e tempo. Para isso é necessário recursos financeiros. Se a natureza das mulheres era casar, ter filhos e cuidar da casa, onde e quando poderiam escrever? E a produção de ficção literária seria, portanto, de natureza masculina? Woolf escreveu na década de 1920, e De Céspedes em 1950, quarenta anos de diferença, e as condições da mulher não mudaram muito.

    É interessante pensar que, a partir da afirmação de Woolf, entendemos que escrever também é um trabalho. Supera a ideia de que um escritor deve-se valer de inspiração, talento ou algo de natureza ininteligível. É um exercício sobre a linguagem e com a linguagem. Uma mulher é tão capaz de fazê-lo quanto um homem, se dadas as condições para tal, se para ela for possível desenvolver sua habilidade com a escrita.

    O diário, apesar de ser perturbador (com um traço demoníaco, como diria Blanchot) e apesar de muitas vezes trazer angústia para Valeria, também a leva ao momento em que se olha no espelho, se reconhece em seus traços, em sua pele, e sente alegria. Nesse momento se materializa em reflexo e em sentimento o ato da escrita como radical tomada de consciência de si. Antes do diário, Valeria parecia não saber se reconhecer no mundo verdadeiramente. É a partir da ruptura que a escrita de si incita, através da elaboração dos relatos e pensamentos de seu cotidiano, que ela percebe quem é e quem pode ser.  É em sua própria vivência, e a partir de sua própria vivência, que ela cria sua subjetividade e reconhece sua presença potente no mundo.

    REFERÊNCIAS

    BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

    DE CÉSPEDES, Alba. Caderno proibido. Rio de Janeiro: Editora Companhia das Letras, 2022.

    WOOLF, Virginia. Um teto todo seu. São Paulo: Tordesilhas, 2014.


  • Novas turmas de idiomas | 2024.2 | Inglês nível 2 e Libras Iniciante

    Publicado em 13/09/2024 às 13:56

    AULAS DE IDIOMAS PARA 2024.2 PRESENCIAL E ON-LINE: cursos abertos para toda a comunidade com carga horária de 30 horas!

    O PET-Letras oferecerá 2 turmas de idiomas para 2024.2. As inscrições serão exclusivamente on-line, a partir de 13 de setembro e até 20 de setembro. Confira abaixo as turmas e os links de inscrição!

    Inglês Nível 2: quintas, das 18h às 20h (presencial)
    Professora: Henrique
    Início das aulas 26/09
    Fim das aulas 28/11
    Link de inscrição: http://inscricoes.ufsc.br/inglesnivel2

    Libras Nível 1: terças, das 19h às 20h30min (online)
    Professora: Rafael
    Início das aulas 24/09
    Fim das aulas 26/11
    Link de inscrição: http://inscricoes.ufsc.br/librason

    NOVO!

    RELAÇÃO DE ESTUDANTES SELECIONADOS(AS) PET-IDIOMAS 2024.2 – INGLÊS (NÍVEL 2) | Aulas Sala 231 – CCE – Bloco A | Quintas-feiras das 18h às 20h

     

    RELAÇÃO DE ESTUDANTES SELECIONADOS(AS) PET-IDIOMAS 2024.2 – LIBRAS (NÍVEL 1) ONLINE | link a ser enviado para as pessoas selecionadas

     

     


  • Adaptação de obras literárias: “As meninas”, de Lygia Fagundes Telles

    Publicado em 06/09/2024 às 08:09

     

    Por Daniely de Lavega

    Bolsista PET Letras – CNPq

    Letras Português

    A relação entre a literatura e o cinema gera debates acalorados entre os críticos. Há movimentos que defendem a “autonomia do cinema”, assim como existem os que consideram a literatura como “arte verdadeira”. Entretanto, também há teóricos que não julgam essa relação como prejudicial para algum dos lados. Segundo Amorim (2010), tanto a literatura quanto o cinema são estruturas da linguagem, bem como ambas as artes se constituem, principalmente, por meio do gênero narrativo. A literatura e o cinema se assemelham por serem artes narrativas, que contam uma história, sendo justificável que o cinema tenha se apropriado da literatura para impulsionar seu próprio desenvolvimento.

    Hutcheon (2011) argumenta que, atualmente, as adaptações estão em todos os lugares: na televisão, no cinema, no teatro, nos quadrinhos, nos videogames, em parques temáticos e muito mais. Em seu livro Uma teoria da adaptação, a autora também levanta uma discussão importante sobre a tendência de considerar as adaptações como inferiores. De fato, há um pensamento disseminado de que as adaptações não alcançam a consistência artística das obras literárias. Em vista disso, a autora sugere os seguintes questionamentos:

    Se as adaptações são, por definição, criações tão inferiores e secundárias, por que estão assim presentes em nossa cultura e, de fato, em número cada vez maior? Por que, de acordo com as estatísticas de 1992, 85% de todos os vencedores da categoria de melhor filme no Oscar são adaptações? Por que as adaptações totalizam 95% de todas as minisséries e 70% dos filmes feitos para a TV que ganham Emmy Awards? (Hutcheon, 2011, p. 24).

     

    Contudo, o que é, afinal, uma adaptação? De acordo com os dicionários, o termo “adaptar” significa ajustar, alterar, tornar adequado. Sendo assim, Hutcheon (2011) propõe o estudo da adaptação a partir de três perspectivas diferentes: como uma entidade ou produto formal, como um processo de criação ou como um processo de recepção.

    Como uma entidade ou produto formal, a adaptação pode ser vista como a transposição de uma obra para outro meio ou formato. Essa “transcodificação” pode resultar em uma mudança de perspectiva, ou seja, em recontar a história sob um novo ponto de vista. Como um processo de recriação, a adaptação envolve tanto a (re)interpretação quanto a (re)criação da obra original, permitindo uma apropriação do texto-fonte e sua reinvenção. Por fim, enquanto processo de recepção, a adaptação pode ser entendida como uma forma de intertextualidade, ou seja, um palimpsesto.

    Em vista disso, adaptar um texto literário seria uma forma de analisá-lo ou interpretá-lo, permitindo a criação de diversas adaptações a partir de uma única fonte. Portanto, uma adaptação cinematográfica seria uma leitura de uma obra literária, que permite novas interpretações do público e não deve ser definida como inferior ao texto-base (Amorim 2010).

    Com fundamento nisso, refletindo sobre a adaptação como leitura, seria possível discutir a qualidade da adaptação em relação ao texto original? Seria possível utilizar o argumento da crítica contemporânea de que “o filme não é fiel ao livro”?

    Para Hutcheon (2011), adaptar não tem relação com fidelidade. Sendo assim, fidelidade não deve ser um parâmetro de julgamento para as obras adaptadas. A autora salienta que, por um longo tempo, esse critério foi comum para discutir as obras adaptadas, principalmente quando se tratava de obras literárias canônicas. Já para Amorim (2010), o mito da fidelidade pode ser classificado como preconceito, considerando que todas as adaptações são leituras. Portanto, exigir fidelidade seria como exigir uma leitura única e universal de um texto literário.

    Para exemplificar o que foi discutido, podemos analisar o romance As Meninas, de Lygia Fagundes Telles, publicado em 1973. Tendo como cenário o cotidiano urbano de São Paulo durante a Ditadura Militar (1964-1985), o livro apresenta a trajetória de três jovens mulheres com personalidades e objetivos muito distintos. A narrativa é conduzida de forma alternada entre um narrador onisciente e três narradoras-personagens.

    Ana Clara Conceição, uma jovem de origem pobre, mira o casamento como uma forma de melhorar sua posição social, apesar de seus problemas com a dependência química. Lia de Mello Schultz, uma ativista social, se empenha em libertar seu namorado, que está detido pela Ditadura Militar. Enquanto isso, Lorena Vaz Leme, que vem de uma família abastada, busca superar seus traumas pessoais por meio de um relacionamento com um homem casado.

    A adaptação para o cinema, feita por Emiliano Ribeiro e lançada em 1995, oferece uma visão diferente das protagonistas, refletindo a leitura particular do diretor ao transformar o romance em filme.

    Descrição da imagem: Drica Moraes, Adriana Esteves e Cláudia Liz em uma cena da adaptação de As Meninas. Na imagem, a personagem de Adriana Esteves está dentro de uma banheira, enquanto Drica Moraes e Cláudia Liz permanecem próximas, interagindo com ela em uma conversa intensa. Imagem encontrada no Google Imagens.

     

    No filme, Lia é interpretada por Drica Moraes, uma atriz magra, alta e branca, contrastando com a descrição da personagem no romance, que é gorda, desleixada e tem um cabelo indomável. Lorena, vivida por Adriana Esteves, demonstra uma personalidade mais racional do que no livro. Já Ana Clara, interpretada por Cláudia Liz, é a que mais se assemelha à personagem original: muito vaidosa e frequentemente vista sob a influência de álcool e drogas ao longo do filme.

    No livro, a alternância entre as narradoras dá origem a uma narrativa fragmentada, criando uma estrutura mais caótica e confusa. Em contrapartida, na adaptação para o cinema, a história segue um formato mais linear, tanto em termos de tempo quanto de espaço, uma vez que o ponto de vista é externo. Isso torna o contexto histórico, social e político mais explícito e fácil de compreender. Dessa maneira, a adaptação do diretor enfatiza a repressão e a violência que marcaram o período da Ditadura Militar.

    É relevante notar que o filme inclui cenas que não estão presentes no romance. A exclusão de algumas cenas e a adição de outras, que retratam a brutalidade da Ditadura Militar, reforçam a ideia de que a intenção de Emiliano Ribeiro é justamente denunciar essa realidade. No entanto, ambas as obras tratam com maestria a relação entre o contexto histórico e o desenvolvimento das personagens.

    Podemos concluir que tanto a literatura quanto o cinema se encontram no ato de contar histórias, porém são formas autônomas de expressão (Amorim, 2010). Devido à tentativa de atingir a burguesia, o cinema se apropriou de obras literárias canônicas como textos-fontes, tornando a adaptação parte de nossa cultura contemporânea. Por último, vimos a questão da fidelidade da adaptação em relação à obra literária, que se revelou um mito quando contemplamos o filme como uma leitura do texto-fonte, uma leitura que é suscetível a múltiplas interpretações. Portanto, a adaptação deve ser vista como algo diferente da mera reprodução.

     

    REFERÊNCIAS

     

    AMORIM, Marcel Álvaro de. Ver um livro, ler um filme: sobre a tradução/adaptação de obras literárias para o cinema como prática de leitura. In: XIV CONGRESSO NACIONAL DE LINGUÍSTICA E FILOLOGIA, 4., 2010, Rio de Janeiro. Anais […]. Rio de Janeiro: CiFEFiL, 2010. p. 1725-1739. Disponível em: http://www.filologia.org.br/xiv_cnlf/publicacoes.html. Acesso em: 2 jul. 2023.

     

    HUTCHEON, Linda. Uma teoria da adaptação. Tradução de André Cechinel. 2. ed. Florianópolis: Editora da UFSC, 2011.


  • As festas universitárias e a cultura surda: os sinais

    Publicado em 03/09/2024 às 16:26

    Por Lara Malafaia Vieira

    Bolsista de Acessibilidade PET-Letras

    Letras-Libras

    Na Semana de Letras Libras (SELL), que ocorre anualmente no mês de Novembro, são realizadas palestras, minicursos e apresentações de pesquisas, nas formas de  comunicação oral ou banner. No ano de 2022, tive a oportunidade de participar pela primeira vez como ouvinte e ano passado, 2023, apresentei meu primeiro trabalho, junto com um amigo (Bruno Camargo), intitulado “Uma mão sinalizando e a outra no copo: uma proposta de sinais para as festas universitárias de Florianópolis”.

    A ideia do nosso exercício de projeto e deu origem à apresentação ocorreu durante um almoço no restaurante universitário da UFSC, onde eu estava sentada na presença de dois amigos, uma surda e um ouvinte. Durante a conversa tocamos no assunto “festas universitárias”, as quais frequento sempre que possível. Ao relatar o nome de cada uma das festas, precisávamos criar estratégias para explicar para a surda os trocadilhos presentes nos nomes em português e com isso, pensar em como criar os sinais que mantivessem o trocadilho também em Libras.

    Descrição da imagem: quatro imagens de festas universitárias. A primeira é uma mancha amarela com roxo escrito “PATOLOKO” com um desenho de um pato com óculos escuro e moletom roxo. A segunda tem um fundo vermelho onde está escrito “ENFERNIZA” com um estetoscópio com uma cauda triangular. A terceira tem fundo roxo com uma escrita em branco “INSANITÁRIA”; sobre o “ns” há imagem de um cogumelo vermelho com uma bola branca do videogame SuperMario. A quarta tem fundo amarelo onde aparece um brasão escrito “UNI 2021”; além disso, nela há  três tipos de bolas e a frase “spring break” numa faixa, embaixo.

    Quadros e Schmiedt (2006) relatam que um dos papeis das línguas é a manifestação das culturas, dos valores e dos padrões sociais de um determinado grupo social. Consideramos que estes tipos de entretenimento também são parte da cultura universitária, então, após diversos encontros, selecionamos 21 festas da UFSC e UDESC, montando os sinais. Dois, os gravamos. Todos os sinais foram criados com a participação de pessoas surdas para que pudessem ajudar com a fidelidade dos trocadilhos.

    Durante a inscrição para o SELL organizamos um banner para ser apresentado, pois percebemos que as festas movimentam, em média, dez mil pessoas tanto da comunidade interna quanto externa das universidades. Quando estão distantes dos corredores e dos trabalhos acadêmicos, os universitários procuram esses eventos como forma de distração, lazer e diversão. As festas também são locais ótimos para socializar e integrar com outros universitários.

    Descrição da imagem: QR Code com os vídeos dos 21 sinais das festas universitárias.

     

    No final da criação destes sinais e da criação do banner, tínhamos o trabalho e o  apresentamos. Todos que passavam por lá, surdos e ouvintes, professores e alunos, ficaram curiosos sobre os sinais e a história de cada um deles. Depois do SELL, pude perceber que os surdos começaram a usar os sinais naturalmente. Hoje, vemos a importância da comunidade surda participar desses eventos e de participarem das discussões sobre os mesmos.

    REFERÊNCIA

    QUADROS, Ronice Muller de; SCHMLEDT, Magalli L. P. Idéias para ensinar português para alunos surdos. Brasília: MEC, 2006. 120 p. Disponível em: http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/pdf/port_surdos.pdf.

     


  • RedaPET – 2024.2

    Publicado em 02/09/2024 às 14:46

     

    RedaPET (curso gratuito de aulas de Redação com foco no Exame Nacional do Ensino Médio – ENEM – e Vestibular da UFSC)

    Projeto criado pelo PET Letras da UFSC onde serão ofertadas aulas abordando gêneros textuais diversos, bem como o estudo das redações com foco na Redação do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) e da Redação para o Vestibular Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC).

    Inscrições de 02 de setembro de 2024 ao dia 16 de setembro de 2024.

    Duração: início previsto para o dia 03 de setembro e término no dia 03 de Dezembro de 2024.

    Inscrições: http://inscricoes.ufsc.br/redapet2


  • Curso de Português para Imigrantes e Refugiados – presencial

    Publicado em 30/08/2024 às 14:53

    O PET-Letras oferecerá 3 turmas do curso de Português para imigrantes e refugiados. Todos os cursos são presenciais.

    As inscrições serão exclusivamente on-line, a partir de 30 de agosto e até 13 de setembro. Confira abaixo as datas e os links de inscrição!

    Iniciante
    Curso para quem compreende pouco da língua e tem dificuldade de comunicação nas situações do dia a dia. O objetivo do curso é oferecer estruturas básicas de comunicação para que os alunos se sintam mais seguros na sua rotina em Florianópolis. Aulas às terças-feiras ou às quintas-feiras, das 19h às 21h.

    Duração do curso nível Iniciante:
    Turma de terça-feira: de 17/09/2024 a 17/12/2024;
    Turma de sexta-feira: de 20/09/2024 a 20/12/2024.

    Intermediário
    Curso para quem utiliza a língua portuguesa nas situações do dia a dia com interferências da sua língua materna. O objetivo do curso é desenvolver a comunicação na língua portuguesa para que os alunos possam se expressar da melhor forma na sua rotina em Florianópolis. Aulas às quartas-feiras, das 19h às 21h.

    Duração do nível Intermediário:
    Turma de quarta-feira: de 18/09/2023 a 18/12/2024.
    Links inscrições:

    INICIANTE – TURMA DE TERÇAhttp://inscricoes.ufsc.br/iniciante120242

    INICIANTE – TURMA DE SEXTA: http://inscricoes.ufsc.br/iniciantes220242

    INTERMEDIÁRIO: http://inscricoes.ufsc.br/intermediario20242


  • Grupos de Interação e Estudos 2024.2

    Publicado em 30/08/2024 às 14:08

    GRUPOS DE INTERAÇÃO E ESTUDOS PARA 2024.2  PRESENCIAL E ON-LINE

    O PET-Letras oferecerá 5 grupos de estudo em 2024.2. As inscrições serão exclusivamente on-line, a partir de 30 de agosto e até 13 de setembro. Confira abaixo os grupos e os links de inscrição!

     

    1. Nome do grupo: Fabular outras relacionalidades entre linguagem, discurso e mundo

    Descrição do grupo e de seus objetivos: A partir da fabulação suleada de uma análise neomaterialista dos discursos, que conjuga teorizações arqueogenealogicas dos discursos aos chamados novos materialismos, de Janes Bennett e Karen Barad, pós-humanismos, de Rosi Braidotti, e teorias com-postas e ciborgues, de Donna Haraway, o presente grupo de pesquisa (a ser realizado de forma híbrida) convida a refletirmos, na senda dos estudos discursivos, acerca das possíveis relacionalidades entre humanos e não humanos/outros que humanos, das invenções de si diante dos racismos diretos e indiretos em suas topologias, da acontecimentalidade terrestre do discurso e, nele, da agência do não discursivo, deslocando a primazia da linguagem na constituição de algo como a suposta excepcionalidade humana. As discussões pautarão e problematizarão questões como: os universos multiespécie e as figuras de corda, as fabulações e a agência não humana, o regime petrossexoracial, as artes de notar e as intra-ações. Trata-se, portando de discussões pautadas por discurso, antropoceno e capitaloceno; o impacto da virada material nos estudos discursos; linguísticas pós-humanistas; biopolítica, tecnobiopolítica e geontologias; discurso e realismo agencial; precarizações distribuídas entre humanos e não humanos; entre outras possibilidades de emaranhamentos e enlaces.

    Proponente: Nathalia Muller Camozzato (Pós-doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Linguística)

    Os encontros serão: presenciais

    Público alvo: Estudantes de letras ou outros cursos interessados em discutir as relações entre estudos do campo discursivo, linguagem, antropoceno, feminismos, realismo agencial e universos multiespécie.

    Nº máximo de participantes: 18

    Critério de seleção para os participantes: ordem de inscrição

    Data de Início: 18/09/2024

    Data de término: 11/10/2024

    Carga horária total: 16h

    Horário do grupo: Quintas-feiras das 16h às 18h.

    Inscrições: http://inscricoes.ufsc.br/fabular

    Sala: CCE 233A


    1. Nome do grupo: Localização e Tradução de Jogos e Quadrinhos

    Descrição do grupo e de seus objetivos: A tradução e localização de produtos culturais, como jogos eletrônicos e histórias em quadrinhos, têm se tornado áreas de grande relevância na indústria global de entretenimento. No contexto acadêmico, a tradução e a localização são campos de estudo que oferecem amplas possibilidades de pesquisa, especialmente no que tange às interseções entre linguagem, cultura e tecnologia. Com isso em mente, propomos um Grupo de Estudos sobre localização e tradução de jogos e quadrinhos, a fim de fomentar o debate e o conhecimento sobre estas duas áreas ainda em lenta expansão na UFSC, apesar de seu crescente interesse nos Estudos da Tradução.

    Para atingir este objetivo, propomos um cronograma que conta com encontros teóricos, onde debateremos um texto base, selecionado previamente; e também oficinas, onde os participantes farão prática tradutória e refletirão sobre suas escolhas, dificuldades e técnicas — estas que são específicas em cada gênero. As oficinas serão feitas após cada dupla de encontros teóricos, um sobre um subgênero de quadrinho e outro sobre um subgênero de jogo, para que os participantes escolham com qual gostariam de trabalhar, e para que possamos ver as semelhanças e diferenças entre a tradução e localização de tipos específicos de quadrinhos e jogos. Os participantes serão encorajados a conduzir as discussões dos textos teóricos com apontamentos e questionamentos, e a trazer seus próprios textos para o exercício de tradução, mas as coordenadoras também trarão exemplos que já foram traduzidos ou localizados para o português, fomentando assim o debate entre as escolhas dos participantes e as da tradução/localização oficial.

    Proponentes: Isadora da Silva Brito (Discente PGET/UFSC), Samantha Marques de Souza (Discente PGET/UFSC) e Sabrina Moura Aragão (Docente PGET/UFSC)

    Os encontros serão: presenciais

    Público alvo: Estudantes da graduação e pós-graduação com nível B2 de leitura em inglês.

    Nº máximo de participantes: 10

    Critério de seleção para os participantes: ordem de inscrição

    Data de Início: 18/09/2024

    Data de término: 11/12/2024

    Carga horária total: 13h

    Horário do grupo: Quartas-feiras das 18h30 às 19h30min.

     Inscrições: http://inscricoes.ufsc.br/traducaoquadrinhos

    Sala: CCE 142A


    1. Nome do grupo: Grupo de Leitura de Graphic Novels em Inglês

    Descrição do grupo e de seus objetivos: Grupo de leitura de Graphic novels e quadrinhos. Nessa versão, focaremos em quadrinhos de origem japonesa, quadrinhos baseados em jogos e quadrinhos que foram origem para séries e animes!

    O intuito do grupo é podermos conversar sobre um gosto em comum e conseguir praticar a língua inglesa em conjunto com diversas pessoas.

    Proponente: Manoela Beatriz dos Santos Raymundo (UFSC/DLLE/Letras Inglês)

    Os encontros serão: remotos

    Público alvo: Pessoas interessadas no tema Graphic Novels.

    Nº máximo de participantes: 15

    Critério de seleção para os participantes: pessoas que tenham nível intermediário de inglês.

    Data de Início: 19/09/2024

    Data de término: 28/11/2024

    Carga horária total: 22h

    Horário do grupo: Quintas-feiras das 16h às 18h.

    Inscrições: http://inscricoes.ufsc.br/graphic2

    Sala: CCE 204A


    1. Nome do grupo: Grupo de Estudos de cultura geek e jogos

    Descrição do grupo e de seus objetivos: Objetivo:  Desenvolver um projeto interdisciplinar que explore a cultura Geek (animes, RPG, etc.) através de filmes, jogos e eventos, incentivando reflexões acadêmicas, descontração e interação.

    Interdisciplinaridade: envolver professores, especialistas de diversas áreas do conhecimento que se relacionem com os módulos propostos.

    Rodas de conversas e momentos de conhecimento de conceitos teóricos trazendo reflexão e descontração aberta.

    Incentivar a participação ativa dos estudantes em todas as etapas do projeto.

    Este ciclo de projeto visa não só explorar a cultura Geek de uma maneira acadêmica, mas também proporcionar aos estudantes uma experiência enriquecedora e envolvente, que integra teoria e prática em um contexto interdisciplinar.

    Projeto dividido em módulos temáticos mensais dentro do Mundo Geek.

    Proponentes: Paula Scalvin, Izabel Bayerl, Manoela Raymundo.

    Os encontros serão: presenciais

    Público alvo: Pessoas interessadas em cultura nerd/geek, jogos, filmes, rpg, etc.

    Nº máximo de participantes: 30

    Critério de seleção para os participantes: nenhum.

    Data de Início: 17/09/2024

    Data de término: 03/12/2024

    Carga horária total: 30h

    Horário do grupo: Terças-feiras das 18:30 às 19:30-20h.

    Inscrições: http://inscricoes.ufsc.br/petgeek

    Sala: CCE 246A


    1. Nome do grupo: Lírica e sociedade II

    Descrição do grupo e de seus objetivos: Trata-se de um grupo de estudos sobre lírica e sociedade, sem caráter expositivo, que busca oferecer um espaço para debates com os alunos para além do contexto da sala de aula e suas rotinas avaliativas.

    Proponentes: André Cechinel (DLLV-Letras-UFSC); Marcelo Lotufo (DLLV-Letras-UFSC)

    Os encontros serão: presenciais

    Público alvo: Estudantes de Letras-Português e interessados de modo geral.

    Nº máximo de participantes: 30

    Critério de seleção para os participantes: ordem de inscrição.

    Data de Início: 19/09/2024

    Data de término: 05/12/2024

    Carga horária total: 20h

    Horário do grupo: 5 encontros: 15h às 17h, nas datas 19/09; 10/10; 31/10; 28/11; e 05/12 (as datas não podem ser alteradas).

    Inscrições: http://inscricoes.ufsc.br/lirica2

    Sala: CCE 213A


    1. Nome do grupo: Neurociência e educação: enfrentando os desafios translacionais

    Descrição do grupo e de seus objetivos: O desafio translacional da ciência é apontado como um aspecto importante na integração pesquisa/sociedade e na valorização do conhecimento científico. Esses esforços consistem na aproximação entre instituições de pesquisa e contextos extra-laboratoriais como escolas, por exemplo. Em resposta a esse desafio, as pesquisas em educação têm buscado uma aproximação entre seus estudos experimentais e os contextos educacionais cujas necessidades pretende atender. Há aproximadamente 1 década, pesquisadores brasileiros especialistas em áreas distintas como educação, biologia, neurociências, psicólogos, linguistas e outras, fundaram a Rede Nacional de Ciências para a Educação com o objetivo de integrar o conhecimento das diversas áreas e tornar a aprendizagem escolar mais efetiva. Este esforço já foi publicado em livro (Lent et. al., 2018) e deve ser valorizado, atualizado e difundido para a comunidade. Tendo em vista o contexto acima descrito, a presente proposta visa a criação de um grupo de estudo.  Almeja-se, dessa forma, contribuir para a formação de professores de um ponto de vista do ensino informado por evidências, que questione crenças e concepções errôneas, fomentando uma postura docente científica (Dersch et al, 2022).

    Nos encontros deste grupo de estudo, os professores em formação participarão ativamente de discussões sobre como as pesquisas em neurociência podem informar práticas pedagógicas. Outro objetivo é alcançar diretamente professores da rede básica de ensino por meio de palestras e oficinas, aproximando assim universidade e comunidade.

    Para isso, os encontros alternarão discussões teóricas e inserções nas escolas.

    Proponentes: Mailce Borges Mota, ph.D (CNPq/DLLE/UFSC); Danielle dos Santos Wisintainer (estagiária de pós-doutorado FAPESC/UFSC); Juliana do Amaral (estagiária de pós-doutorado CNPq/UFSC); Matheus Mangini Bertuzzo (estagiário de pós-doutorado CAPES/UFSC)

    Os encontros serão: presenciais

    Público alvo: estudantes de graduação e pós-graduação de cursos de licenciatura e bacharelado interessados em educação; estudantes e professores da rede básica

    Nº máximo de participantes: 20

    Critério de seleção para os participantes: ser estudante de um curso de licenciatura; disponibilidade para realização de atividades dentro e fora da universidade (em escolas parceiras)

    Data de Início: 20/09/2024

    Data de término: 22/11/2024

    Carga horária total: 20h

    Horário do grupo: Sextas-feiras das 14h30min às 16h30min

    Link: http://inscricoes.ufsc.br/neuroeeducacao

    Sala: CCE 207A


  • Comparative Analysis of Macbeth Adaptations: Globe 2014 and 2018 Sign Language Synopses

    Publicado em 28/08/2024 às 08:42

    Paula Scalvin da Costa

    Bolsista PET-Letras

    Letras Inglês – UFSC

     

    Comparing different adaptations of the same play, even within the same project across different years, reveals insightful variations in how directors interpret and present the material. This brief analysis, developed as part of the English Literature III discipline in the Letras Ingles course at UFSC, focuses on two different adaptations of Act I, Scene 4 from Shakespeare’s Macbeth. The scene has been portrayed in numerous ways, each highlighting unique aspects, particularly in the portrayal of Lady Macbeth.  One notable adaptation is by Shakespeare’s Globe, which includes a synopsis in British Sign Language (BSL). This choice offers a compelling perspective on narrative communication, especially given the limited availability of comprehensive adaptations in alternative formats. The BSL synopsis creatively enhances accessibility and deepens the appreciation of classic literature. By contrasting this with Shakespeare’s Globe On Screen’s 2014 adaptation directed by Eve Best, this essay explores how different mediums and interpretations influence the portrayal of Act I, Scene 4 in Macbeth.

    Descrição da imagem: pintura óleo sobre tela. Lady Macbeth, cabelos vernelhos longos em tranças segura, perto de sua cabeça, uma coroa. A pele é branca e ela veste uma espécie de túnica verde e azul. O fundo da cena é azul escuro. Trata-se do quadro de John Singer Sargent, Ellen Terry as Lady Macbeth, 1889.

    In Act I, Scene 4 of Macbeth, Shakespeare vividly depicts Lady Macbeth’s transformation through his choice of words. This pivotal scene reveals her ambitious nature and her willingness to forsake morality for power.

    The scene opens with Lady Macbeth reading a letter from Macbeth informing her of the witches’ prophecies. Her initial reaction is filled with excitement and ambition as she contemplates the possibility of Macbeth becoming king. Her language is metaphorical and vivid, conveying eagerness and ruthless ambition; for instance, she resolves to “pour [her] spirits in [his] ear,” signifying her intent to decisively influence Macbeth.

    As Lady Macbeth reflects on Macbeth’s nature, her tone becomes persuasive and manipulative. She worries that Macbeth is “too full o’ th’ milk of human kindness” to seize the crown through murder, viewing kindness as a weakness and setting the stage for her manipulative tactics. Her language is strategic, aiming to instill urgency and resolve in Macbeth, using commanding verbs and vivid imagery to persuade him to act against his better judgment.

    Towards the end of the scene, Lady Macbeth’s tone darkens significantly. She invokes the spirits to “unsex” her and fill her with cruelty, demonstrating her willingness to renounce traditional feminine qualities and embrace ruthlessness. This pivotal moment marks her desire to transcend gender norms and embody a more masculine form of power. Her words become increasingly violent and resolute, underscoring her commitment to their deadly plan and revealing both her inner turmoil and fierce ambition.

    In summary, Act I, Scene 4 of Macbeth is instrumental in illustrating Lady Macbeth’s complex character. Through her shifting tone and choice of words, Shakespeare masterfully conveys her transformation from an ambitious wife to a ruthless manipulator, setting the stage for the tragic events that follow and highlighting her pivotal role in the play’s exploration of ambition, power, and morality.

    “Macbeth in BSL: Shakespeare Synopsis Project,” directed by Sophie Stone and released in 2018, focuses on portraying Shakespeare’s classic through the lens of the Deaf community. This adaptation stands out for its exceptional direction and portrayal of secondary characters, unfolding the narrative through their perspectives and setting an ominous tone from the outset. It underscores how perceptions shape understanding.

    Key elements include nuanced acting and the strategic selection of characters who observe pivotal scenes. Sign language effectively conveys what characters witness, especially in naming the main protagonists, while subtitles offer basic understanding of signed dialogue, with deeper meanings emerging through careful observation of chosen signs.

    The Shakespeare Synopsis project aims to adapt Shakespeare for the public, including synopses tailored for the Deaf community. In this adaptation, secondary characters witness crucial story events, such as Macbeth’s encounter with the witches or, specifically analyzed here, Lady Macbeth’s reading of her husband’s letter.

    A notable aspect is the significant sign choice for Macbeth in this BSL production: three extended fingers sweeping across the chest. This gesture symbolizes Macbeth tearing at himself, metaphorically ripping away a part of himself and illustrating the story’s darkness and damning nature, reflecting regional or community-specific differences in adaptation.

    Cinematography plays a crucial role, enhancing the dark and eerie atmosphere, capturing the unsettling ambiance within the Macbeths’ residence or intense chaos of battlefield scenes. Subtle costume changes reflect characters’ deteriorating mental states over time, symbolizing unfolding tragedy and emphasizing narrative depth and complexity.

    Shakespeare’s Globe On Screen’s 2014 adaptation, directed by Eve Best, stands out for its unique approach to portraying Shakespeare’s classic. Notably, the transformation in tone and voice by the actress during pivotal scenes, such as Lady Macbeth’s letter reading, mirrors her evolving emotions and thoughts.

    Key elements include Samantha Spiro’s exceptional portrayal of Lady Macbeth, skillfully articulating her inner thoughts aloud. Costume choices deepen narrative depth, blending casual elegance with everyday life, reflecting Lady Macbeth’s contemplation of kingship. As ambitions darken, her tone overwhelms a once-grand stage setting with character weight, enriching complexity and thematic resonance in unfolding tragedy.

    Both adaptations by Shakespeare’s Globe, one in BSL and the other from the 2014 adaptation, share rich, earthy, and somber tones, evoking audience emotions in ways that create a claustrophobic sensation.

    In the specific scene of Lady Macbeth reading the letter, both adaptations intensify the proximity of characters as the scene progresses. An intriguing point is the difference in the character within the Macbeths’ household between the synopsis adaptation—a butler—and the play—a woman, reflecting on the performance itself. While the butler’s interpretation in the synopsis is solemn and imbued with morbidity, the portrayal of the woman in the play is naive, perhaps serving to contrast with the inherent morbidity of the actress portraying Lady Macbeth.

    The synopsis adaptation by Shakespeare’s Globe offers a condensed, third-person perspective, consistent with the play as a whole, yet Lady Macbeth externalizes her tumultuous and convoluted thoughts. Throughout the scene, one can perceive, “as she reads the letter, I could see her human kindness leaving her body,” a profound statement echoed by the project, providing a parallel perspective on human nature’s complexities within the context of power and ambition.

    In exploring different adaptations of Act I, Scene 4 from Shakespeare’s Macbeth this essay has illuminated the multifaceted nature of Lady Macbeth’s character and the interpretative richness brought forth by various mediums and directorial approaches. The comparison between Shakespeare’s Globe’s British Sign Language synopsis and Eve Best’s 2014 On Screen adaptation underscores how different forms of communication and directorial choices can profoundly impact the portrayal of Shakespearean themes such as ambition, power, and gender dynamics.

    The BSL adaptation, through its innovative use of sign language and nuanced portrayal of secondary characters, offers a unique perspective that enhances accessibility and highlights the universality of Shakespeare’s themes. In contrast, Eve Best’s adaptation emphasizes the dramatic intensity and psychological depth through compelling performances and visual storytelling.

    Both adaptations resonate with their audiences by evoking emotional depth and thematic resonance, albeit through distinct stylistic choices. Whether through the visceral impact of sign language or the visual and auditory immersion of traditional theater, each adaptation enriches our understanding of Macbeth’s timeless exploration of human ambition and its consequences.

    Ultimately, the diversity of interpretations showcased in these adaptations serves as a testament to the enduring relevance and adaptability of Shakespeare’s work across different cultural and artistic contexts, inviting ongoing exploration and appreciation for audiences of all backgrounds.

    REFERENCES

    BEST, Eve (Diretora). Shakespeare’s Globe On Screen Macbeth. William Shakespeare, 2014.

    Macbeth in BSL: Shakespeare Synopsis Project. Youtube. Direção de Sophie Stone, 2018. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=IJn3qtmh6po&t=25s. Acesso em: 14 jul. 2024.


  • Estudos decoloniais: desafios e perspectivas para a compreensão do poder e dos saberes

    Publicado em 27/08/2024 às 07:56

        Por Tay Muller

    Bolsista de Acessibilidade PET-Letras

                  Letras-Libras

     

    Os estudos decoloniais emergem como um campo interdisciplinar que busca questionar e desmantelar as estruturas de poder e conhecimento estabelecidas pelo colonialismo, como explica Quijano (2005), na análise dos elementos históricos e das dinâmicas sociais da América Latina, que serviram como fundamento para a formulação da proposta epistemológica do sociólogo. Ao desenvolver a noção de “colonialidade do saber”, ele se referiu ao poder epistêmico europeu. “O fato de que os europeus ocidentais imaginaram ser a culminação de uma trajetória civilizatória desde um estado de natureza levou-os também a pensar-se como os modernos da humanidade e de sua história, isto é, como o novo e ao mesmo tempo o mais avançado da espécie.”

    A partir da perspectiva decolonial, compreendemos quem são os corpos passíveis a ser violados, modificados, agredidos e tendo suas histórias apagadas assim como suas famílias, cultura, religião, crenças e sonhos. Esses corpos são produção da colonialidade e pensados a partir da “marafunda”:

     

                                 Esse fenômeno, que prefiro chamar de marafunda ou carrego colonial, compreende-se como sendo a condição da América Latina submetida às raízes mais profundas do sistema mundo racista/capitalista/cristão/patriarcal/moderno europeu e as suas formas de perpetuação de violências e lógicas produzidas na dominação do ser, saber e poder. (Rodrigues Júnior, 2017, p.35)

     

    Este movimento intelectual, que ganhou força especialmente nas últimas décadas, propõe uma leitura crítica da história e dos processos sociais, culturais e políticos, com o objetivo de revelar e subverter as hierarquias e desigualdades produzidas e mantidas pelo sistema colonial e seus legados.

     

    A decolonialidade deve ser lida como um ato de responsabilidade com a vida. A ação decolonial é afeto em suas dimensões éticas/estéticas, de modo que o termo não pode ser reduzido a um neologismo que se hipnotiza na fixação de seus traumas, serpenteando em uma interminável retórica. (Rodrigues Júnior, 2017, p. 35)

     

     Os estudos decoloniais têm suas raízes em movimentos de resistência e emancipação dos povos colonizados. Eles se inspiram em obras seminais de pensadores anticoloniais como Frantz Fanon, que pensava esse processo como algo político mas além disso uma transformação profunda, social e culturalmente. Uma mudança no sujeito que passou pelo processo de colonização, que muitas vezes busca aprovação do próprio colonizador.

     A discussão desse assunto e, mais ainda, a aplicação dessa teoria dentro e fora da academia, nos permite entender as sociedades a partir de outras perspectivas, alterando estruturas que oprimem os seres que não sejam o modelo. Ela abre  possibilidades de conhecer novas culturas e novos seres de forma mais empática. A partir dessa reflexão, podemos nos sentir convidados a repensar nossas atitudes e a forma que fomos colocados e nos colocamos no mundo.

     

    REFERÊNCIA

     

    RODRIGUES JÚNIOR, L. R. Exu e a pedagogia das encruzilhadas. Tese (Doutorado) – Universidade do Estado do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro, 2017.

     


  • EDITAL 06/2024/PET SELEÇÃO DE PROFESSOR(A) VOLUNTÁRIO(A) PARA 2024.2 | PORTUGUÊS PARA IMIGRANTES E REFUGIADOS

    Publicado em 17/08/2024 às 09:35

    O PET-Letras torna público o processo seletivo para professores(as) voluntários(as) para o segundo semestre letivo de 2024 para ministrar aulas de português para imigrantes e refugiados.
    Podem se inscrever estudantes dos cursos de Graduação e de Pós-Graduação da UFSC ou demais interessados/as/es que atendam aos requisitos apresentados do edital.

    Serão ministradas aulas de português de nível básico e intermediário para imigrantes e pessoas com visto humanitário em Florianópolis, oferecidas na UFSC (Campus da Trindade), das 19h às 21h (dia a ser decidido de acordo com a disponibilidade dos professores selecionados.

    O período de inscrição será das 12h dia 17 de agosto de 2024 às 12h do dia 24 de agosto de 2024 – ONLINE!

    CLIQUE AQUI e confira o edital.

    NOVO! RESULTADO DA PRIMEIRA ETAPA

    Foram aprovadas as seguintes pessoas:

    Felippe Sangreman
    Ariadne Toledo Nunes Pereira
    Fabio Soares
    Janete Eloi Guimarães
    Amanda Myrella Barbosa dos Santos
    Luísa Puerto Machado
    Mayara Carvalho de Menezes

    As entrevistas serão realizadas no dia 27 de agosto de 2024, terça feira, ONLINE, no período matutino.

    Felippe Sangreman – 9h
    Ariadne Toledo Nunes Pereira – 9h15min
    Fabio Soares – 9h30min
    Janete Eloi Guimarães – 9h45min
    Amanda Myrella Barbosa dos Santos -10h
    Luísa Puerto Machado – 10h15min
    Mayara Carvalho de Menezes – 10h30min

    Mais informações no e-mail que foi enviado para as pessoas classificadas.

     

    RESULTADO FINAL

    Depois da entrevista, foram aprovadas as seguintes pessoas:

    Felippe Sangreman
    Ariadne Toledo Nunes Pereira
    Fabio Soares
    Janete Eloi Guimarães
    Luísa Puerto Machado
    Mayara Carvalho de Menezes

    Todas as pessoas aprovadas receberão e-mail com instruções sobre o início das atividades.