Jogos no ensino-aprendizagem de Língua Estrangeira

05/10/2021 16:59

Camila Vicentini Camargo,
Bolsista PET-Letras
Letras Italiano

Você alguma vez já estudou uma língua estrangeira (LE) — ou qualquer outra matéria — por meio de jogos e dinâmicas em sala de aula? Posso apostar que quando criança, sim. Mas hoje estamos tão acostumados/as com aulas expositivas que, às vezes, quando o/a professor/a propõe algum jogo ou dinâmica diferente, questionamos se aquilo vai realmente nos ajudar no aprendizado ou se é apenas um passatempo, algo para deixar de lado o conteúdo e relaxar.

Durante um semestre letivo, a depender da proposta e do plano de ensino, nem sempre há tempo para a realização de tais atividades, ainda mais se pensarmos o jogo como algo extra, a ser aplicado “apenas se der tempo”. No entanto, um jogo pode muito bem substituir toda uma aula expositiva, se for bem planejado, e assim o conteúdo da aula é passado apenas através do jogo. Pode ser uma dinâmica de apresentação do conteúdo, para introduzir o que será estudado na sequência didática, por exemplo. Pode também servir para consolidar os conhecimentos já adquiridos, como uma dinâmica de revisão. São muitas as possibilidades.

Mas de que jogos, de fato, estamos falando? Como esses jogos podem ser aplicados para uma turma de LE?

Antes de tudo, um jogo, entendido como atividade majoritariamente coletiva, se baseia num conjunto de regras e desenvolve a perspectiva do lúdico nas pessoas. Possui tempo e espaço próprio para ser realizado e permite que seus/suas jogadores/as tenham liberdade, ainda que apoiados/as nas regras. O jogo está sujeito a muitos significados e sentidos e também se relaciona diretamente ao contexto sociocultural — costumes, normas e padrões — do qual os indivíduos fazem parte.

Podemos, aqui, pensar em algumas classificações de jogos em geral para que possamos compreender quais jogos e tipos de jogos melhor funcionam no ensino-aprendizagem de LE e como podem ser aplicados em sala de aula, seja no ensino presencial ou remoto. Importante ressaltar que determinados jogos funcionam melhor em determinados contextos e isso deve ser observado pelo/a docente para que o jogo atinja seu objetivo pedagógico.

Vamos às classificações determinadas por Retondar (2007):

  • Jogos de competição: atividades competitivas em que os/as participantes se encontram em situações igualitárias e há um/a vencedor/a. Ex.: competições esportivas.
  • Jogos de acaso: atividades em que predominam o acaso, a sorte, o destino e em que não se faz uso de qualquer habilidade previamente adquirida; aqui o/a jogador/a atua passivamente. Ex.: roleta, bingo, loterias.
  • Jogos de imitação: jogos fictícios em que o/a jogador/a adota um papel para si; atividades em que não existem submissão a regras; jogos protagonizados. Ex.: teatro; imitação; mascaramento.
  • Jogos de vertigem: jogos em que se destrói a estabilidade de percepção do corpo humano e em que se busca atingir algo como transe, espasmo, afastamento da realidade. Ex.: giros, volteios, trocas de direção.

Além das classificações de Retondar (2007) analisadas, também, por Grillo e Prodócimo (2017), poderíamos acrescentar outras duas categorias, bastante significativas para a área de jogos e dinâmicas no ensino de LE, que vemos a seguir:

  • Jogos de cooperação: dinâmicas de grupo que promovem a cooperação, o espírito de equipe e a ajuda mútua entre os/as integrantes; se desenvolve uma série de habilidades cognitivas e socioemocionais nos/as participantes. Ex.: telefone sem fio.
  • Jogos sensoriais: jogos que trabalham com um ou mais dos sentidos: tato, audição, visão, paladar e olfato; estimulam a imaginação; desenvolvem habilidades e permitem ao/à participante interagir com seu entorno. Ex.: estátua (entre outros jogos com música), jogos em que se deve, de olhos vendados, descobrir um objeto usando apenas o tato, por exemplo.

Fonte: Montagem feita pela autora a partir de imagens retiradas da internet.*

Alguns jogos podem ser elencados em mais de uma categoria, por exemplo, cooperação + competição (como vários esportes jogados em equipe); imitação + acaso (como jogos de improviso teatral, por exemplo, em que se deve interpretar a partir dos comandos ditados por terceiros ou de uma carta tirada na hora).

No ensino de língua estrangeira, podem ser trabalhados jogos como Stop (competição); Complete a história (cooperação); Jogos com dados (acaso); Descreva o objeto (sensorial); Adivinhe o personagem (imitação); etc.

Jogos de vertigem, ainda que menos comuns para uma aplicação em sala de aula, poderiam ser adaptados, numa situação guiada, por exemplo, em que se tenha um/a participante que diga, na língua estrangeira, que movimentos corporais os outros devem fazer, para atingir determinado objetivo.

Com tantas possibilidades, e como já dito anteriormente, é interessante observar o contexto de aprendizagem dos/as estudantes e delimitar os objetivos pedagógicos para a realização dos jogos e, claro, planejar e explicar muito bem as regras para que não haja dúvidas durante a atividade e não se prejudique o desempenho dos/as participantes. 

Se a ideia é revisar o conteúdo, por exemplo, você pode propor um jogo de competição, de tabuleiro, em que o/a aluno/a que acertar a resposta avança uma casa; ou um jogo de cooperação, em que cada grupo deve ordenar as frases para finalizar a história. Se a ideia é introduzir o conteúdo, você pode propor um jogo de adivinhação ou de associação, por exemplo, em que as equipes devem relacionar as palavras sugeridas à imagem apresentada. Essas são apenas algumas sugestões. É possível misturar as categorias e criar um jogo totalmente novo ou aproveitar jogos tradicionais como caça-palavra, stop, forca, trava língua, quebra-cabeça, e tantos outros.

A dica que posso dar, com base nas experiências que tive como aluna e professora, é não ter medo de experimentar, mas, também, não ir com muita sede ao pote. Na dúvida, realize jogos mais simples ou mais rápidos, no início, para ir sentindo a resposta da turma e ir adaptando as dinâmicas da melhor forma possível. Com o tempo vamos ganhando segurança para propor as diferentes atividades com as quais não éramos acostumados/as antes e, assim, conseguimos facilitar uma transformação no ambiente do/a estudante e uma ampliação de suas habilidades linguísticas.

Referências:

RETONDAR, J. J. M. Teoria do jogo: a dimensão lúdica da existência humana. Petrópolis: Vozes, 2007.
GRILLO, R. de M.; PRODÓCIMO, E. Teoria do jogo: a dimensão lúdica da existência humana. Conexões, Campinas, v. 15, n. 2, p. 251-256, 2017.

*fotodescrição: Montagem com seis imagens. No canto superior esquerdo, há uma pessoa pegando fichas azuis e laranjas que estão dispostas sobre três mesas. No centro superior, peças quadradas e pequenas de madeira, com letras pretas carimbadas, empilhadas sobre um tabuleiro quadriculado. No canto superior direito, um bloco de caça-palavra, com letras variadas e embaralhadas, dispostas em colunas. No canto inferior esquerdo, um desenho do jogo da forca, com um boneco palito pendurado por uma estrutura, como se estivesse enforcado. No centro inferior, há duas mãos sobre um jogo de tabuleiro. Uma segura um dado e outra segura um peão amarelo. O tabuleiro possui linhas traçadas e coloridas que cada peão deve seguir. No canto inferior direito há quatro estudantes escrevendo com giz sobre um quadro negro. Cada estudante está completando uma coluna da tabela do jogo Stop. Outros estudantes sentados acompanham a escrita.

 

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Você sabia que na Câmara Municipal tem interpretação para Libras?

29/09/2021 17:15

Filipe da Silva Gemaque,
Bolsista de Acessibilidade
Letras Libras

Talvez você ainda não saiba, mas a Câmara Municipal de Florianópolis (CMF), em suas sessões ordinárias e sessões solenes, possui intérpretes de Libras-português.

Entretanto, isso nem sempre foi assim. Para entendermos essa história, vamos voltar alguns anos atrás. No ano de 2002, quando a Lei n° 10.436 reconheceu a Língua Brasileira de Sinais (Libras) como meio legal de comunicação e expressão dos surdos brasileiros. Com essa lei, as comunidades surdas brasileiras sinalizantes de Libras passaram a ter mais visibilidade. Assim, no ano de 2005, foi publicado o Decreto n° 5.626 que regulamentou a Lei n° 10.436 e o artigo 18 da Lei n° 10.098 de 2000.

Fonte: Imagem da Internet*

Então, no ano de 2016, a mesa diretora apresentou uma proposta de licitação que tinha por objetivo a contratação de  intérpretes de Libras-português para as sessões da Câmara Municipal de Florianópolis, oferecendo informação às comunidades surdas sobre os projetos que estavam em pauta. Contudo, foram muitas as discussões, até que, em 2017, foi feita a licitação para contratação desses profissionais.

Em janeiro de 2018, foram contratados dois intérpretes para atenderem a essa demanda. Com isso, foi possível perceber a presença da comunidade surda de Florianópolis com mais frequência na Câmara, pois, os intérpretes contratados também estavam disponíveis para o acompanhamento do atendimento aos surdos, seja no esclarecimento de dúvidas sobre a emissão de documentos ou em reuniões com os vereadores; estimulando, portanto, a participação mais efetiva da comunidade surda de Florianópolis no legislativo municipal.

Atualmente é possível acompanhar as sessões da Câmara as segundas, terças e quartas a partir das 16h pelo YouTube e facebook no camarafpolis e pelos canais da tv 16 da Net e 11.2 da tv aberta.

Fonte: Print feito do YouTube**

* Descrição da imagem 1: foto da faixada da Câmara Municipal de Florianópolis com quatro mastros cada um com uma bandeira, da esquerda para direita a primeira bandeira é a do estado de SC, a segunda do Brasil, a terceira do município de Florianópolis e a quarta a bandeira do Mercosul, atrás temos uma fonte imitando uma piscina com várias árvores de porte pequeno e, mais ao fundo, um painel em mosaico contendo figuras do folclore local, representações de aves, pescadores, boi de mamão, renda de bilros.

** Descrição da imagem 2: foto de um homem pardo com barba grisalha usando um Taqiyah cor branca ( parecido com uma boina, muitas vezes usado para fins religiosos), uma camisa social cinza e um paletó cinza escuro, ao fundo uma parede cor bege com a metade em madeira, ao lado direito inferior a janela com uma intérprete de cabelos pretos, barba curta, negro, camisa preta, gravata preta e fundo azul claro, ao lado direito da janela de Libras, temos a informação de que trata-se de uma sessão comemorativa ao dia internacional da solidariedade com o povo palestino e a data de 27/11/2019.

 

 

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Criação artística em tempos pandêmicos

27/09/2021 10:09

Maria Elis Michels,
Bolsista de Acessibilidade
Letras – Libras

Fotógrafo, estilista, roteirista, cantor, escritor, ator e publicitário se tornaram funções a serem desempenhadas apenas por uma pessoa de dentro de casa. A junção dos serviços de toda uma equipe, concentrada num só artista, foi o estopim da reinvenção da criação e consumo de arte. A importância da criação artística não se faz somente para o público, mas também para os criadores, que fazem da possibilidade de criar arte um refúgio. Em tempos de luta, e de luto, artistas dão vida a projetos, obras e eventos, que funcionam para aliviar, conscientizar e emocionar. Com isso, vemos a criação artística durante a pandemia se destacar no Brasil e ao redor do mundo.

Fonte: Notícias R7*

Por trás de toda arte que consumimos, há um criador com seus próprios conflitos e necessidade de se reinventar. Os shows viraram lives, as peças viraram produções em vídeo, reuniões físicas viraram web conferências e, assim, nasceu uma infinidade de produtos digitais. Além disso, as redes sociais se tornaram essenciais para a divulgação de conteúdo. Contudo, cada artista sente o impacto de sua reinvenção de forma diferente. Uma pesquisa, realizada com os alunos da Universidade de São Paulo (USP), mostra relatos que variam desde a arte como refúgio até o bloqueio artístico. A pesquisa abrange desde alunos que criaram projetos artísticos beneficentes à estudiosos que constatam que o consumo de cultura vem diminuindo, sendo um dos motivos ao desestímulo dos artistas na produção.

Os tipos de produção vão de contos à documentários, entretenimento infantil à arte com objetivo de conscientização. O contexto artístico, assim como toda a população, cresce em responsabilidades e possibilidades. A arte, esteve e está presente em todos os momentos, e é de grande nobreza produzi-la em tempos de crise. Vale lembrar que foram em tempos de crise que surgiram obras como “Guernica”, de Pablo Picasso, e “Decamerão”, de Giovanni Boccaccio. Atualmente, obras grandiosas são criadas todos os dias, e alguns dos exemplos de obras digitais feitas após o início da pandemia são os museus digitais: CAM (Covid Art Museum) e o Museu do Isolamento, por exemplo. Veja mais obras criadas, durante a pandemia, ao redor do mundo clicando aqui.

Vários estudiosos já se dedicaram a descobrir quais seriam os efeitos da arte no cérebro humano. Menciona-se a atribuição de significados distintos por cada indivíduo, ao ter contato com o conteúdo artístico, o que causa a liberação de diversas substâncias no cérebro, podendo acarretar melhora em pacientes em situação crítica no hospital. Estudos mostram que tanto o apreciador de arte quanto o criador passam por melhoras no sistema cognitivo. Enquanto o criador se mantém imerso no fluxo da atividade criativa, aumentando o fluxo sanguíneo do cérebro, o apreciador, além de liberar dopamina, contribuindo para o bem estar, entra em estágio de “cognição incorporada”, que é, basicamente, um estado de imersão na obra apreciada. Saiba mais sobre esses estudos clicando aqui.

Diante do cenário pandêmico caótico que afetou toda a população mundial, se não fosse a arte, o sentimento e a imersão no que nos faz sentir vivos, o que mais nos ajudaria a passar por tudo isso?

Fica o questionamento!

 

REFERÊNCIAS

PRADO, Samantha. Como é manter a arte viva em tempos de pandemia. Jornal do Campus, 2020. Disponível em: http://www.jornaldocampus.usp.br/index.php/2020/07/como-e-manter-a-arte-viva-em-meio-a-uma-pandemia/. Acesso em: 16 de setembro de 2021

Guia das artes. Arte reflete impacto mundial do coronavírus. Guia das artes, 2020. Disponível em: https://www.guiadasartes.com.br/noticias/coronavirus-arte-reflete-impacto-mundial-da-doenca. Acesso em: 16 de setembro de 2021.

Da redação. Decameron. Super Interessante, 2005. Disponível em: https://super.abril.com.br/comportamento/decameron/. Acesso em: 16 de setembro de 2021.

BITTENCOURT, Claudia. Estudo diz que produzir arte é bom para seu cérebro e dizemos que você deve estuda-lo. UNA-SUS, 2015. Disponível em: https://www.unasus.gov.br/noticia/estudo-diz-que-produzir-arte-e-bom-para-seu-cerebro-e-dizemos-que-voce-deve-escuta-lo. Acesso em: 16 de setembro de 2021.

A mente é maravilhosa. O efeito da arte no nosso cérebro. A mente é maravilhosa, 2019. Disponível em: https://amenteemaravilhosa.com.br/efeito-da-arte-no-nosso-cerebro/. Acesso em: 16 de setembro de 2021.

Panamericana escola de arte e design. A importância da arte em tempos de incertezas. Escola Panamericana, 2020. Disponível em: https://www.escola-panamericana.com.br/acontece/a-importancia-da-arte-em-tempos-de-incertezas. Acesso em: 16 de setembro de 2021.

COMCIENCIA. A arte pode melhorar estados emocionais em períodos de isolamento social. COMCIENCIA, 2020. Disponível em: https://www.comciencia.br/a-arte-melhora-estados-emocionais-durante-a-pandemia/. Acesso em: 16 de setembro de 2021.

Arte Versa. Pandemia e arte: resistência frente ao novo coronavírus. UFRGS, 2020. Disponível em: https://www.ufrgs.br/arteversa/pandemia-e-arte-iniciativas-de-resistencia-frente-ao-novo-coronavirus/. Acesso em: 16 de setembro de 2021.

Descrição*: Parede branca com uma planta percorrendo a parede até o chão do lado esquerdo. Do lado direito, mais uma planta, vindo do chão com folhas verdes e galhos finos, e, no canto superior direito, mais um galho fino, dessa vez sem folhas. Ao centro, uma obra de arte feita à grafite na parede. A imagem ilustra um homem vestindo tênis, e roupa toda branca, sendo a parte superior uma camisa de força. Os olhos do homem estão totalmente brancos, sem pupila, enquanto ele enxerga um celular à altura do seu olhar que mostra a imagem do coronavírus. O topo da cabeça do homem é completado com parte da imagem ilustrativa do coronavírus, que é redondo, vermelho e possui antenas curtas. No canto superior esquerdo, por trás da planta suspensa, bolinhas vermelhas que ilustram o coronavírus são desenhadas suspensas no ar.

Tags: comunicaPET

Será que a sua senha é fácil de hackear?

16/09/2021 21:05

Andrés Salas Garcés
Bolsista PET-Letras
Letras Libras

Já imaginou que sua senha pode ser insegura? Para que você possa avaliar o nível de segurança de suas senhas, vou apresentar algumas explicações sobre o que faz uma senha ser fácil de ser descoberta e, também, vou dar algumas dicas para que você possa tornar a sua senha mais segura.

Para começar, qual dos dois exemplos de senhas você acha que seria mais segura?

A. minhamaemeama

B. x09mws

Então, antes de responder a esta pergunta, vamos entender quais são os métodos mais comuns que os hackers utilizam para conseguir descobrir as senhas.

Fonte: Technology photo created by master1305 – www.freepik.com


O ataque de força bruta

Um computador demora mais ou menos 20 milissegundos (um milissegundo é 1 segundo / 1.000) para fazer uma tentativa com uma senha “x”, quer dizer que ele pode testar 50 senhas diferentes em um segundo. Portanto, em uma hora, é possível testar 180.000 variações. São muitos testes em pouco tempo, não é verdade? E, dependendo dos tipos e quantidade de caracteres da tua senha, é possível calcular quanto tempo um hacker levaria para definir a sua senha utilizando esse método.

Fonte: https://www.hivesystems.io/blog/are-your-passwords-in-the-green

 

Agora, considerando os dados da tabela e a senha do exemplo acima (A), podemos ver que ela possui 13 caracteres e conta apenas com letras minúsculas e que, nesse sentido, um hacker pode demorar até 1 ano para quebrar a senha. A senha do outro exemplo (B) possui 6 caracteres entre letras e números. Nesse caso, os criminosos podem levar apenas 1 segundo para descobri-la. Com isto, já está claro qual dos dois exemplos apresentados é o mais difícil de hackear como o método de força bruta, porém, existem outros métodos um pouco mais estratégicos que quebram facilmente a segurança de muitas contas, por exemplo, no caso de contas com senhas de frases comuns.


Ataques de dicionário

Com algumas bases de dados de plataformas que foram vítimas de ataques como Canvas no ano 2020, Adobe no ano 2013, Linkedin 2021 ou muitas plataformas de dates.  Os hackers, tendo acesso às bases de dados, começam a utilizar as senhas de outros usuários para fazer match com outras contas. E, por incrível que pareça, esse método funciona muito bem para os criminosos, pois no mundo têm muitas senhas iguais ou comuns. E para piorar, as plataformas para fazer esse tipo de ataque são gratuitas e de código aberto como: Cain and Abel, John the Ripper, Hashcat, Hydra, DaveGrohl, ElcomSoft, Aircrack etc.

Se você tem dúvida sobre a segurança de seus dados, se eles já foram filtrados, existe um site que é considerado seguro, o qual oferece informação de algumas bases de dados que foram hackeadas: https://haveibeenpwned.com/

Na continuação, apresentamos a lista das senhas mais usadas no mundo e no Brasil.

Fonte: https://pt.safetydetectives.com/blog/the-most-hacked-passwords-in-the-world-pt/

“Estas são as 10 piores e mais frequentemente usadas senhas de 2020, de acordo com a lista de senhas mais comuns do NordPass:

  • 123456
  • 123456789
  • picture1
  • password
  • 12345678
  • 111111
  • 123123
  • 12345
  • 1234567890
  • Senha

Após falar da importância de termos uma senha mais segura, ou seja, mais difícil de ser hackeada, a qual, inclusive, recomenda-se trocar de tempos em tempos, deixo algumas dicas para você.

 

Dicas para uma boa senha

1. Utilizar frases fáceis de lembrar incluindo espaços.

2. Letras maiúsculas e minúsculas.

3. Adicionar números.

4. Caracteres especiais exemplo: @! , . – _

5. NÃO UTILIZE A MESMA SENHA EM TODAS AS PLATAFORMAS.

Exemplo: Minha mae me ama*100

 

*Descrição da imagem: foto de um quarto escuro com um homem sentado numa mesa de madeira com um laptop preto. Ele veste um moletom cinza com o capuz na cabeça e um tecido preto que tapa a metade da sua cara. É difícil ver os olhos dele, uma da suas mãos está no teclado da laptop e a outra está levantada na altura da sua cara fazendo o sinal de joia (mão fechada e polegar estendido apontando para cima).

**Descrição da imagem: Tabela de fundo azul escuro com título em letras brancas e em letras maiúsculas: “TIME IT TAKES A HACKER TO BRUTE FORCE YOUR PASSWORD”. A tabela tem diferentes cores: roxo – Instantly, vermelho – até 8 horas, laranja – até 1 ano, amarelo até 800.000 anos e verde  – 2 milhões de anos +

Number of Characters Numbers Only Lowercase Letters Upper and Lowercase Letters Numbers, Upper and Lowercase Letters Numbers, Upper and Lowercase Letters, Symbols
4 Instantly Instantly Instantly Instantly Instantly
5 Instantly Instantly Instantly Instantly Instantly
6 Instantly Instantly Instantly 1 sec 5 secs
7 Instantly Instantly 25 secs 1 min 6 mins
8 Instantly 5 secs 22 mins 1 hour 8 hours
9 Instantly 2 mins 19 hours 3 days 3 weeks
10 Instantly 58 mins 1 month 7 months 5 years
11 2 secs 1 day 5 years 41 years 400 years
12 25 secs 3 weeks 300 years 2k years 34k years
13 4 mins 1 year 16k years 100k years 2m years
14 41 mins 51 years 800k years 9m years 200m years
15 6 hours 1 k years 43m years 600m years 15 bn years
16 2 days 34k years 2bn years 37bn years Itn years
17 4 weeks 800k years 1 OObn years 2tn years 93tn years
18 9 months 23m years 6tn years 100 tn years 7qd years

No canto inferior  direito o logo e letras da HIVE SYSTEMS em amarelo e oposto a ele tem um texto em amarelo -Data sourced from HowSecureismyPassword.net.

***Descrição da imagem: fundo verde com azul um mundo no canto superior esquerdo. No título de letras brancas está escrito “Top 30 Most Used”. Abaixo, temos “Passwords in the World” com letras brancas e fundo vermelho com amarelo. Ao lado dos títulos há ilustrações: uma chave, no lado direito, e um cadeado aberto, no lado esquerdo. Abaixo do título uma tabela de fundo branco com letra azuis de 30 senhas mais utilizadas, listadas em três colunas:

  1. 123456
  2. password
  3. 123456789
  4. 12345
  5. 12345678
  6. qwerty
  7. 1234567
  8. 111111
  9. 1234567890
  10. 123123
  11.     abc123
  12. 1234
  13. password1
  14. iloveyou
  15. 1q2w3e4r
  16. 000000
  17. qwerty123
  18. zaq12wsx
  19. dragon
  20. sunshine
  21. princess
  22. letmein
  23. 654321
  24. monkey
  25. 27653
  26. 1qaz2wsx
  27. 123321
  28. qwertyuiop
  29. superman
  30. asdfghjkl
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Uma pergunta: quão acessível seu discurso é?

02/09/2021 07:33

Isabella Flud,
Bolsista PET-Letras
Letras – Português

O ato de tornar o seu discurso inclusivo e acessível vai além de descrever imagens ou, até mesmo, de requerer a presença de intérpretes de Libras-português em eventos. Apesar de serem ações imprescindíveis e que devem ser muito mais recorrentes em nossa sociedade, quero chamar a atenção para a transposição que o seu discurso pode ter ao partir da esfera científica — o meio acadêmico e o conhecimento teórico — para a midiática —, onde se encontram, por exemplo, as redes sociais. Você já parou para pensar como explicar um trabalho da graduação para algum parente que não é da área? Ou apresentar sua pesquisa em um evento com pessoas que, apesar de serem da academia, não possuem familiaridade com o seu objeto de estudo?

A ação de transformar um assunto “complexo” em algo compreensível deveria ser vista como um dever, já que essa é uma forma de contribuir com a sociedade e, por sua vez, de retornar a ela o conhecimento adquirido durante a sua formação. Cunha & Giordan (2009) afirmam que, pelo fato de a ciência ter um percurso que permeia o meio histórico e cultural dos indivíduos, é preciso considerar a constituição e a estruturação de um discurso que seja entendido com mais facilidade.

Fonte: Banco de imagens do Canva*

Transpor seu discurso, divulgar e ampliar o alcance das suas produções do meio acadêmico é muito desafiador, mas deve ser visto como um exercício constante. Atualmente, temos uma forte popularização da divulgação científica que contribui para disseminar a ciência e informar a população, além de combater, principalmente, a propagação de fake news. Cunha & Giordan (2009) enfatizam que, dentro desta transposição, há a necessidade de chamar a atenção de quem está consumindo o conteúdo, justamente para gerar interesse e despertar curiosidade. Geralmente, assuntos que estão inseridos no dia a dia possuem mais destaque por terem mais identificação. Por um lado, uma ciência objetiva, a qual estamos acostumados, e, por outro, um conhecimento adaptado que deve ter em vista a subjetividade de um indivíduo.

Quem é o seu interlocutor? Para além da adequação linguística, moldar o seu discurso de acordo com o ouvinte é, sobretudo, uma estratégia que contribui com a compreensão do conteúdo explicitado. O Instituto Serrapilheira possui uma série de vídeos no YouTube que desafiam os cientistas brasileiros a reorganizarem o seu discurso de acordo com os três tipos de público: as crianças, os universitários e os especialistas. Temas, como matemática, física, química, entre outros, que são vistos como “difíceis”, são adaptados para três estágios diferentes. É incrível como os pesquisadores realizam a escolha de palavras e expõem diferentes exemplos de cada nível.

Faça esse exercício! Use metáforas, faça analogias, construa mapas mentais, exponha exemplos do cotidiano, use qualquer outra estratégia ou ferramenta para alcançar a população que não tem familiaridade com o que você estuda. Em diferentes esferas de circulação e com um público diversificado, molde o seu discurso. O conhecimento deve e tem que ser acessível para todos!

Referências:

CUNHA, M. GIORDAN, M. A Divulgação Científica Como Um Gênero De Discurso: implicações na sala de aula. Encontro Nacional de Pesquisa em Educação em Ciências. Florianópolis, 2009.

*Descrição da imagem:

Uma sala grande com bastante iluminação com uma mulher branca de cabelo escuro no centro gesticulando com as mãos, vestida com uma blusa social branca e uma calça preta. Atrás, há um quadro branco, uma tela fixada para projetar slides que também está em branco e uma pequena mesa com um monitor. A mulher está se direcionando para uma audiência de sete alunos em seu redor, sendo homens e mulheres que parecem estar prestando atenção por direcionarem seu olhar para ela.

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Já teve a oportunidade de conhecer “Gaibéus” de Alves Redol?

26/08/2021 20:28

Andréia Gomes Araújo,
Bolsista PET-Letras
Letras-Português

O livro Gaibéus, de Alves de Redol (1979), representa o rompimento de uma literatura que, até o momento, se apresentava de forma linear e padronizada dentro de um conceito de arte automatizada. Dito de outro modo, Alves revolucionou conceitos artísticos e abriu caminhos para que a arte fosse questionada em relação às suas limitações. Alves defendia que a arte deveria ter a função de favorecer o homem, e isso para a arte, segundo os vanguardistas de 1940 (em destaque os Presencista), afastaria a beleza artística na literatura; por isso, Gaibéus não poderia ser considerado arte.

Fonte: Imagem da Internet.*

O grande precursor do neorrealismo (nome dado a esta nova função) enfrentou também diversas dificuldades em relação à publicação da obra, pois, na época, se encontrava em um meio em que o poder fascista predominava, meio em que não era permitida a liberdade de expressão, principalmente se o assunto em questão fosse sobre política ou sobre causas sociais vividas pela sociedade mais fraca daquela época. António Alves de Redol não conseguiu vencer a censura, mas de alguma forma conseguiu driblar o poder que representava a ridicularizarão humana, apesar de que mais tarde teve a obra caçada.

Uma ruptura nos permite pensar o que é arte, defender a ruptura é defender que a arte deve sair do tradicionalismo e do arcaísmo, desta forma se tornando cada vez mais inovadora e interessante. O artista tem que mostrar o que tem de mais bonito de dentro para fora, usando técnicas mais humanas, que transpareçam a sua alma e sua criatividade. Repetir os outros, repetir os modelos é o mesmo que matar a criatividade, copiar e colar é o mesmo que dizer: “não sou capaz de inovar”.

Por isso, muitas vezes, temos que delirar em nossos pensamentos, para assim conseguirmos sair de uma linha de produção repetitiva, devemos estabelecer nossos próprios critérios com relação ao que seja arte e, de forma livre, usarmos a criatividade e deixar transparecer o que pensamos e sentimos, em tudo que viermos a produzir, é isso que o Alves de Redol trouxe com seu livro Gaibéus: o que ele pensa e sente no que se refere ao poder fascista e à forma como eram tratados, pelos coronéis, aqueles das classes menos favorecidas. Apesar de ter escrito seu romance de forma implícita devido à repressão, não deixou de passar, nas entrelinhas, a sua essência humana.

Fonte: Imagem da Internet.**

Dentro das muitas questões que podem ser abordadas no livro Gaibéus, destaco uma das principais: a preocupação do autor pelas causas sociais que, anteriormente, já vinham sendo abordadas em outros de seus escritos, mas que se concretizou com o romance Gaibéus. A preocupação social do autor fez com que ele trouxesse, para suas obras, personagens marginalizadas: que estão sempre excluídos por um capitalismo hipócrita e imbecil; que tratam a própria raça com desprezo e de forma desumana; e que igualam trabalhadores humildes aos animais e às máquinas.

Alves Redol foi muito importante para conscientização dos mais humildes que passavam pela desumanização e pelo tratamento animalesco dos mais poderosos. Muitos dos trabalhadores desta época não sabiam ler e, por isso, não tinha acesso à mensagem passada pelo autor. Alguns até conseguiam com que outros lessem para eles, mas uma minoria tinha este privilegio. Também não sei se adiantaria, pois, muitos dependiam de seu trabalho escravo para sobreviver, ganhavam pouco, mas sem esse pouco, não se manteriam vivos; sendo assim, se sujeitavam a situações humilhantes e se mantinham em silêncio, aceitando todo tipo de tratamento. E, por não terem escolha, sobreviviam entre a vida e a morte.

Referências:

REDOL, Alves. Gaibéus. 15. Ed. Lisboa: Publicações Europa-América, 1979. 348p.

Descrição*: Fotografia do autor Alves de Redol. É uma imagem que mostra ele do peito para cima, olhando de forma concentrada para seu lado esquerdo. É um homem banco e com face magra. Usa um casaco verde e uma boina preta.

Descrição**: Capa do livro “Gaibéus” de Alves de Redol. Na imagem, um homem em desenho passando a ideia um homem sofrido, carregando seus pertences nas costas, com um pedaço de pau que suporta uma trouxa de roupas. Está descolorido, com uma cor vermelha ao fundo formando um quadro a sua volta. Acima da imagem, o nome do autor: Alves de Redol, abaixo, o nome do livro: Gaibéus, e, em seguida, está escrito: Romance,  2 edição, livraria Portugalia Lisboa.

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Jogos Paralímpicos Tóquio 2021: ainda há mais emoção por vir!

23/08/2021 20:12

Ana Maria Santiago,
Bolsista de Acessibilidade – PET-Letras
Letras Português

Não faz muito tempo que a rotina de milhares de pessoas foi invadida pela transmissão do maior evento esportivo do mundo, os Jogos Olímpicos Tóquio 2021, ocorridos de 23 de julho a 08 de agosto de 2021, na capital do Japão. No entanto, a emoção única de acompanhar esportes diferentes e vibrar por atletas — que, de quase desconhecidos, passam a quase heróis no espaço de poucas horas —, provocando uma gama de emoções intensas, ainda não acabou. Vem aí, a partir dessa semana, os Jogos Paralímpicos Tóquio 2021!

Foram os ativistas da comunidade surda que, conforme os escassos registros disponíveis, deram o ponto de partida para as competições desportivas de pessoas com deficiência, com a fundação do Sports Club for the Deaf, em Berlim, no ano de 1888. Em 1924, federações de vários países enviaram atletas à Paris para a realização dos Primeiros Jogos Internacionais do Silêncio (First International Silent Games) que marcam o nascimento dos Jogos Mundiais para os Surdos (World Games for the Deaf), mais tarde reconhecidos pelo Comitê Olímpico Internacional como as Olimpíadas dos Surdos.

No contexto do pós segunda guerra mundial, o esporte surgiu como forma de reabilitação para os veteranos no Spinal Injuries Centre (Centro de Lesionados Medulares) no Hospital de Stoke Mandeville, introduzido pelo então diretor, Ludwing Guttmann, considerado uma espécie de patrono dos jogos paralímpicos pelo seu importante envolvimento e entusiasmo com a causa. A ideia foi crescendo e, em 1948, foi promovido o primeiro Stoke Mandeville Games, nos jardins do próprio hospital, passando a ser um evento anual.

A partir daí, o esporte para pessoas com deficiência foi paulatinamente deixando de ser focado em apenas reabilitação e ganhando um maior aspecto de competição, com mais países se envolvendo na organização e oficialização. Considerando a estrutura capacitista da sociedade, que implica em uma série de dificuldades adicionais, como falta de investimento e patrocínio, o caminho foi, e ainda é, cheio de obstáculos. Os primeiros Jogos oficialmente reconhecidos pelo Comitê Olímpico Internacional como Paralímpicos ocorreram apenas em 1988 e o Comitê Paralímpico Brasileiro foi criado em 1995 (HILGEMBERG, 2019). Fica o convite para você pensar e buscar um pouco mais sobre essa história e os tantos fatores que a tornam tão interessante.

Fonte: Logo dos jogos Paralímpicos*

O esporte, sobretudo o de alto rendimento, tradicionalmente é um espaço de celebração dos corpos de um certo padrão, os considerados fortes, bonitos e capazes. As pessoas com deficiência, nesse cenário, são vistas como fracas e sem habilidade por não corresponderem a essa corponormatividade. No entanto, esses paradigmas são subvertidos todos os dias e o esporte não precisa ser só reabilitação ou lazer para as pessoas com deficiência, tanto é que já ocupa o espaço de competição e meio de ganhar a vida profissionalmente para muitos. Ainda estamos longe de obter para os paratletas o mesmo nível de reconhecimento que recebem os atletas sem deficiência, mas estamos em movimento.

Atualmente, 22 modalidades integram as paralimpíadas, sendo elas Atletismo – Badminton – Basquetebol em cadeira de rodas – Bocha – Canoagem – Ciclismo (estrada e pista) – Esgrima em cadeira de rodas – Futebol de 5 – Goalball – Hipismo – Judô – Levantamento de peso – Natação – Remo – Rugby em cadeira de rodas – Taekwondo – Tênis de mesa – Tênis em cadeira de rodas – Tiro – Tiro com arco – Triatlo – Voleibol sentado, envolvendo pessoas com deficiência física, visual e intelectual, além das equipes e atletas sem deficiência, como corredores guia. Nesta edição, a delegação do Brasil é composta por 253 atletas, com representantes em 20 modalidades, além de grande expectativa de bons resultados. Os jogos serão transmitidos no canal SporTV, de 24 de agosto a 05 de setembro.

Para finalizar, um incentivo veemente e algumas dicas para você acompanhar, e aproveitar ao máximo, os Jogos Paralímpicos de Tókio. Lembre-se que é uma oportunidade sensacional para ver (e viciar em) esportes diferentes, além de incríveis, e o tamanho e beleza da nossa diversidade funcional. Mais importante, lembre-se que se admirar com alguém conseguindo fazer algo que você julgava impossível não precisa virar pornô de inspiração. Quando isso acontecer, aproveite para pensar sobre o motivo de você não achar possível, em primeiro lugar. Não desrespeite os atletas e sua carga exaustiva de treino dizendo que eles são super-heróis. E, por fim, torça conosco pelo Brasil!

A festa paralímpica vai começar.

* descrição comentada da imagem: O emblema paralímpico tem a forma de uma coroa de louros em um padrão de xadrez índigo. O design visa “expressar uma elegância refinada e sofisticação exemplificada pelo Japão”. O desenho na parte superior traz esse louro formado por quadrados e retângulos brancos e azuis dispostos ordenadamente formando uma imagem circular com a parte central superior aberta, simulando a coroa de louros. Logo, abaixo, temos em letras azuis maiúsculas: TOKYO 2020, e na linha seguinte, em letras menores, também azuis: PARALIMPYC GAMES. Abaixo está o símbolo dos Jogos Paralímpicos, composto por três “agitos” (símbolo que expressa o movimento em linhas assimétricas), das cores vermelha, azul e verde, da esquerda para direita, já que estas cores fazem parte da maioria das bandeiras de países no mundo. Os “agitos” estão apontando para um único ponto, em um campo branco.

Referências

Comitê Paralímpico Brasileiro. Disponível em: <https://www.cpb.org.br> Acesso em: 15 de Ago. de 2021.

HILGEMBERG, T. Jogos Paralímpicos: História, Mídia e Estudos Críticos da Deficiência. Recorde – Revista de História do Esporte, v. 12, p. 1-19, 2019.

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Literatura, Ancestralidade e Resistência

11/08/2021 00:02

Mirelle Araujo Ehrardt,
Bolsista PET-Letras
Letras – Alemão

Ao analisar brevemente a história do Brasil, é possível perceber com facilidade a exploração e perseguição a que os povos originários foram expostos, assim como ocorreu em outros países latino-americanos. Desde a chegada de expedições marítimas às terras que hoje compõem o Brasil, a invasão europeia levou uma série de flagelos para esses povos, entre os quais podemos citar rapidamente a exploração dos territórios, a violência e o extermínio de diversas etnias, bem como a exploração de mão de obra por meio de escravização, abusos sexuais e desrespeito às culturas, línguas e crenças desses povos.

Infelizmente, na atualidade, o ataque às populações indígenas ainda continua seguindo um projeto de genocídio e extermínio, que visa à aculturação desses povos. Tal projeto é permeado hoje pela invasão de garimpeiros e grileiros às terras indígenas já demarcadas, intensificando-se assim o desmatamento, e pela crença de que os povos tradicionais passam por um processo de transição até a assimilação da cultura ocidental dominante, o qual pode ser exemplificado pelo preconceito voltado aos indígenas que vivem em meios urbanos, frequentam universidades etc. Além disso, como já debatido no ComunicaPET 43, do mesmo modo que as comunidades e os povos indígenas estão diminuindo, muitas línguas indígenas também encontram-se em processo de extinção. Somado a isso, como também já explanado no ComunicaPET 31, a pandemia da Covid-19 e as dificuldades de acesso à saúde e a atendimentos médicos de qualidade contribuíram ainda mais para baixas na população indígena.

Fonte: Bicho Coletivo*

É nesse contexto de engajamento e resistência de minorias étnicas, culturais e linguísticas que a literatura indígena brasileira surge, a partir da década de 1990, alinhando-se ao movimento indígena brasileiro, na busca por visibilidade e protagonismo político que permitam o reconhecimento de suas reinvindicações. Nesse sentido, é importante destacar que a escrita de literatura pelos próprios indígenas se diferencia e se distancia muito das versões estereotipadas, e, por vezes, preconceituosas, dos povos tradicionais encontradas na literatura brasileira escrita por não indígenas, assim como nas lendas folclóricas amplamente divulgadas.

Segundo Peres (2018), “a forma como o indígena foi representado na literatura construiu e consolidou um imaginário, desdobrando, ainda nos dias de hoje, aspectos negativos: reservou-se e impôs-se o espaço da floresta e o tempo do século XVI como núcleos para a compreensão do indígena” (p. 109). Já para Daniel Munduruku (2016), precursor e importante escritor indígena de literatura infantil e infanto-juvenil, a literatura escrita por indígenas “traz um olhar sobre suas próprias sociedades e culturas” que não está contaminado pela perspectiva branca e eurocêntrica, consistindo-se em um ato de autoafirmação e autoexpressão identitária desses povos. Ele defende que esta forma de literatura não deve ser apenas adicionada à categoria de “literatura brasileira”, visto que fazer isso seria como “dividir com todos aqueles que escreveram, escrevem e escreverão coisas medíocres a respeito de nossa gente, um status que não foi construído por eles”.

Seguindo essa perspectiva, podemos destacar algumas características que diferenciam a literatura indígena de outras obras da literatura nacional. Dorrico et al. (2018) cita, como uma dessas características, a correlação entre literatura e política, que pode ser lida como crítica social e ao presente e como instrumento político para resistência desses povos. Fora isso, podemos perceber também, através de textos que misturam crenças e mitos ancestrais com ficção e relatos bibliográficos dos próprios escritores, as marcas da Ancestralidade, de uma poética que se constrói por meio da relação do indivíduo com a coletividade e as histórias passadas de geração em geração por meio da oralidade, a qual recebe o nome de “poética do eu-nós” (PERES, 2018). Dessa forma, a literatura escrita por indígenas também tem forte relação com a transmissão da Tradição ancestral desses povos, pois, ao ler o texto, o leitor tem a sensação de escutar um grande sábio (Ancião) narrando a história. Assim, as crenças e personagens míticos fazem-se presentes promovendo a preservação da Memória ancestral e cultural dos povos originários.

Fonte: Arte Lunetas **

Ficou interessado? Então aqui vai uma pequena lista com recomendações de alguns autores indígenas: Ailton Krenak, Daniel Munduruku, Eliane Potiguara, Ely Macuxi,  Olívio Jekupé, Yaguarê Yamã, Kaká Werá e Márcia Kambeba. Ao clicar nos links inseridos nos nomes, você pode assistir a algumas entrevistas desses escritores no evento Mekukradjá – Círculo de Saberes de Escritores e Realizadores Indígenas. Não deixe de conferir!

Referências

DORRICO, J. et al. Literatura Indígena Brasileira Contemporânea: criação, crítica e recepção. Porto Alegre: Editora Fi, 2018.

MUNDURUKU, Daniel. Literatura x Literatura Indígena: consenso? A produção de literatura dos indígenas brasileiros. Blog Daniel Munduruku, 2016. Disponível em: http://danielmunduruku.blogspot.com/2016/02/literatura-x-literatura-indigena.html

PERES, Julie S. D. A Leitura da Literatura Indígena: para uma cartografia contemporânea. Revista Igarapé, Porto Velho (RO), v.5, n.2, p. 107-137, 2018.

*Fotodescrição 1: ilustração em fundo bege de um jovem com um livro aberto nas mãos, do qual partem ramificações e folhas. O rapaz tem cabelo preto e liso na altura dos ombros, veste uma roupa verde clara que deixa seu peito exposto, mostrando pinturas corporais pretas típicas de povos indígenas. No rosto também aparecem pinturas, com destaque para a pintura vermelha na região dos olhos e lateral do rosto.

** Fotodescrição 2: foto de Daniel Munduruku. Ao fundo, vê-se uma estante branca com vários livros. Ele veste uma blusa rosa, usa um colar indígena com pedras pretas redondas e pedras brancas, com o formato mais longo e pontudo, além de portar uma faixa vermelha e bege na testa. Ele está sorrindo e segura um livro aberto nas mãos. Seu cabelo liso e preto fica na altura dos ombros.

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E aí, você já parou para pensar sobre pobreza menstrual?

26/07/2021 18:00

Moara Zambonim,
Letras – Português
Bolsista PET-Letras UFSC

Você sabia que uma pessoa que menstrua gasta em média cinco absorventes por dia? E isso dá, mais ou menos, 25 absorventes por período menstrual? Esses valores são uma média entre as pessoas que menstruam no Brasil, mas o tempo de sangramento pode ser ainda maior. Você já pensou que nada disso é de graça? Na maioria dos estados, você não pode ter acesso gratuito a esses produtos essenciais de higiene.

Recentemente, alguns estados começaram a investir na compra de absorventes descartáveis ou íntimos para distribuir nas escolas, como é o caso de São Paulo. Outros estão com processos tramitando na justiça para fazer o mesmo, como é o caso de Mato Grosso. Mas nem é preciso dizer que esses artigos não constituem luxo e, sim, extrema necessidade, e, portanto, deveriam ser distribuídos amplamente em postos de saúde, metrôs, entre outros, da mesma forma que ocorre com preservativos.

Fonte: imagens da internet em colagem feita pela autora* (imagem A, B e C)

Refletindo sobre isso, eu e uma amiga resolvemos fazer algumas contas e vimos que, com uma média de 45 reais, é possível comprar um pacote com 100 absorventes descartáveis no atacado. E com essa quantidade é possível ajudar no período menstrual de quatro pessoas. Então, com R$ 12,50 (doze reais e cinquenta centavos), já é possível cobrir os gastos de um ciclo menstrual, caso a pessoa escolha destinar esse valor a esse cuidado com a higiene.

Com base nesses cálculos, nos organizamos para receber doações em dinheiro e reverter na compra de produtos para higiene menstrual, como papel higiênico, sabonete e absorventes. Pensamos que nem conseguiríamos arrecadar muito dinheiro ou que não faríamos tanta diferença assim. Contudo, ao fim de um mês de arrecadação, conseguimos uma quantia muito maior: R$ 1.500, um mil e quinhentos reais! E, de pouquinho em pouquinho, vamos conseguindo nossas metas. Já imaginou se você organiza uma campanha dessas também? A quantidade de pessoas que podem ser ajudadas? Falamos um pouquinho sobre essas reflexões no Instagram, clique aqui para assistir ao vídeo. Nele, explicamos o porquê resolvemos abrir a nossa campanha e como as pessoas poderiam contribuir.

E, também, ficamos pensando que muitas pessoas nem percebem que não são apenas mulheres que menstruam. A negligência, se já tão grande quando tratamos de mulheres cis, fica ainda mais evidente quando se trata de outros corpos. Inclusive pensando nisso é que a Pantys, uma marca que produz calcinhas absorventes reutilizáveis, lançou uma cueca absorvente, uma parceria com homens trans que falam de seus ciclos menstruais.

A vergonha e o tabu que envolvem esse assunto, somados à não existência de um olhar atento para as questões envolvendo a menstruação e, ainda, a falta de políticas públicas efetivas acabam se tornando aliados fortes para a manutenção dessa desigualdade.

* descrição da imagem: A imagem é uma montagem com três quadros, formando um cartaz em tons pastéis de lilás e roxo. No lado esquerdo, vemos uma pessoa chorando encolhida. Em cima, há um balãozinho escrito “você sabe o que é pobreza menstrual?” No lado direito, vemos vários artigos relacionados às necessidades para os cuidados menstruais: uma torneira com uma gota de água, um coletor menstrual, um absorvente interno, um vaso sanitário e um absorvente descartável. Logo abaixo, vemos duas cédulas de dinheiro verdes, com um X sobre elas e um pequeno absorvente cor de rosa próximo ao dinheiro.

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Por que ler Terra Sonâmbula?

19/07/2021 13:06

Ananda Gomes Henn,
Graduanda em Letras – Português
Bolsista PET-Letras UFSC

            No livro Terra Sonâmbula (1992), do moçambicano Mia Couto, temos contato com um mundo de sonhos que se mistura a uma realidade caótica, de guerras e devastação. Ambientada no Moçambique pós-independência, arrasado pela guerra civil que se estendeu por dez anos, a narrativa começa com o velho Tuahir e o menino Muindinga, que, depois de deixarem o campo de refugiados onde se encontraram, empreendem uma longa caminhada por uma “estrada morta”, onde “[…] o céu se tornara impossível. E os viventes se acostumaram ao chão, em resignada aprendizagem da morte” (COUTO, p. 9).

Fonte: Woo! Magazine*

            Essa estrada se faz presente durante todo o livro, infinito caminho do qual os dois personagens não escapam, embora se transfigure no decorrer da história, com sua paisagem mudando toda noite enquanto velho e menino dormem — no fim, percebem que não são eles que passam por ela, mas ela que passa por eles: “(e)ra o país que desfilava por ali, sonhambulante” (COUTO, p. 133).

            Uma das características do livro que mais chama atenção é a circularidade da narrativa. Esse é um elemento estrutural do livro, remetendo às narrativas orais da tradição africana. Outro elemento estrutural interessante é a divisão do livro entre dois percursos narrativos, que eventualmente se conectam através da circularidade da história — há dois narradores: um, em terceira pessoa, que narra de forma onisciente a história das personagens Tuahir e Muidinga; e outro, Kindzu, que em primeira pessoa conta a própria história. Nas duas narrativas esses narradores cedem o poder da palavra a outras personagens que expõem seus pontos de vista, provocando o efeito da polifonia — tão cara à modernidade, mas tradicional das narrativas orais africanas.

Fonte: Companhia das Letras**

            Outro elemento central é, certamente, o imaginário africano, moçambicano, que se faz presente no livro. Esse é um imaginário de convívio com os mortos, de magias, de referências da natureza que não são estáticas, de comportamentos atribuídos à terra, à água, aos animais, que têm uma relação intrínseca com a oralidade, com as crenças populares que perpassam todo dia a dia das pessoas. Existe, portanto, atrás do “mágico” do livro, toda uma tradução cultural de elementos mágicos que não são fantasia, algo que está sendo transposto para a realidade, mas, sim, algo real que está presente no cotidiano daquelas pessoas, que pertencem a uma cultura popular.

            O romance se destaca, portanto, como uma obra prima singular do século XX — e de todos os séculos — sobre personagens que se encontram dando voltas sem chegar a lugar nenhum porque não há aonde chegar, em uma terra esgotada pela guerra e pela violência gratuita. Fazendo uso do português colonizador em seu estado mais belo e poético, Mia Couto escreve uma história Moçambicana sobre uma terra e sobre um povo que carrega — em sua persistente caminhada — a esperança e o desejo por um final onde “[…] restará uma manhã como esta, cheia de luz nova [em que] se escutará uma voz longínqua como se fosse uma memória de antes de sermos gente. […] Essa voz nos dará força de um novo princípio e, ao escutá-la, os cadáveres sossegarão nas covas e os sobreviventes abraçarão a vida com o ingênuo entusiasmo dos namorados” (COUTO, p. 194). Um final-começo.

            Leia este livro!! Além disso, o filme que adapta o livro, lançado em 2007, está disponível na íntegra no Youtube.

 

Referências:

COUTO, Mia. Terra Sonâmbula. São Paulo: Companhia de Bolso, 2015.

*Descrição 1: Desenho reproduzindo uma cena do filme Terra Sonâmbula, retratando o menino Muindinga e o velho Tuahir em pé, cara-a-cara, olhando um para o outro. No fundo o céu em tinta azul se contrasta com a terra, amarela, e entre eles algumas árvores estão representadas de forma abstrata. O menino e o velho são negros, sendo que Tauhir apresenta uma barba espessa e cinzenta. Ambos estão vestindo camisas em tons terrosos; o velho também utiliza um boné estilo cap militar e carrega duas bolsas de ombro.

**Descrição 2: Imagem da capa do livro Terra Sonâmbula. A imagem retrata o desenho de um ônibus ao lado de uma árvore, ambos em preto, como se a cena fosse à noite, e ao fundo um azul profundo representando o céu ao anoitecer. Os troncos da árvore contêm bolas laranja, como se representando luzinhas, e no mesmo tom de laranja está o nome do autor, Mia Couto, no centro inferior da capa. Acima, no tronco da árvore, lê-se “Terra Sonâmbula” em letras garrafais em branco. Abaixo do título, a logomarca da editora Companhia das Letras.

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