HQs para desfrutar durante e após a quarentena

15/05/2020 11:32

Luciana dos Santos,
Bolsista PET-Letras
Letras – Inglês

Em tempos desafiadores como o que vivemos, ler um livro para se distrair e se afastar um pouco das notícias pode ser uma tarefa difícil. Por mais que o tempo pareça sobrar, a disposição para tal atividade pode faltar. Algo que sempre me motiva a voltar a ler em épocas de “seca literária” são as HQs (Histórias em Quadrinhos), ou Graphic Novels.

Ao ler uma HQ, torna-se mais fácil adentrarmos em um universo diferente do nosso. Não só mergulharmos em palavras, mas também em imagens que descrevem esse ambiente desconhecido que é retratado na obra. Ler uma HQ, desse modo, pode ser uma estratégia para retomarmos o ritmo de leitura, ao qual éramos acostumados, ou que gostaríamos de ter.

Por que HQs podem ser mais envolventes do que outros livros? Bom, elas captam a nossa atenção através da beleza do traço e das cores, apresentando personagens com os quais temos facilidade de nos identificar. Além disso, a leitura de uma HQ requer uma postura ativa do leitor, graças a um fenômeno, chamado “closure”, que ocorre nas leituras de HQs. Segundo Scott Mccloud (1993), closure é o que acontece ao observamos as partes do quadrinho (que são os quadrados), mas percebendo o total (a história).

Fonte: Arquivo Pessoal (petiana Luciana)*

Portanto, é comum nos envolvermos mais na leitura de uma HQ, já que conectamos os momentos retratados, e, mentalmente, construímos a história. Ademais, as HQs são especiais também por poderem ser relacionadas à infância da maioria de nós. Quem, quando criança, nunca leu ou sentiu vontade de ler os quadrinhos da Turma da Mônica, do Homem Aranha ou um mangá do Naruto?

Há muitas opções de HQs no mercado, baseadas em diferentes visões de mundo e para todos os gostos; afinal: “os quadrinhos são uma das poucas formas de comunicação de massa em que vozes individuais ainda têm chance de serem ouvidas” (MCCLOUD, Understanding Comics: The invisible art, 1993, p. 197, tradução minha). Então, qual HQ ler em meio a tantas opções? Aqui vão algumas sugestões de HQs com menos de 250 páginas:

  • Fun Home: Uma tragicomédia em família (Título original: Fun Home: A Family Tragicomics) (240 páginas): Trata-se de uma obra escrita originalmente em inglês com temática LGBT e familiar, onde a autora Alison Bechdel retrata com toques de ironia e melancolia sua difícil relação com seu falecido pai, além da descoberta da sexualidade de ambos.
  • Bordados (Título original: Broderies) (136 páginas): Apesar de não ser tão aclamado quanto Persépolis, esta obra de Satrapi também merece atenção. Neste quadrinho, lançado em francês, a autora reúne conversas e pensamentos entre ela e as mulheres de sua família sobre amor, sexo, e homens de forma muito bem humorada.
  • Dois irmãos (232 páginas): Baseado no romance de Miltom Hatoum, os irmãos brasileiros Fábio Moon e Gabriel Bá adaptaram a história contubada dos irmãos Yaqub e Omar para HQ em português. Mas, aqui, Manaus é retratada em preto e branco, luz e sombra.
  • Cumbe (192 páginas): Nesta HQ, o premiado quadrinista brasileiro Marcelo D’Salete retrata em português de forma impactante a luta e a resistência dos negros no Brasil colonial contra a escravidão.
  • Os Beats: Uma graphic history (Título original: The Beats: A Graphic History) (197 páginas): Pra quem gosta da geração Beat, vale a pena conferir a HQ que conta brevemente a biografia dos autores que fizeram parte do movimento.

Aproveite essas sugestões e desfrute da leitura de HQs durante a quarentena.


Fonte: Reprodução (Fun Home – Editora Todavia; Bordados – Editora Companhia das Letras; Dois Irmãos – Editora Companhia das Letras; Cumbe – Editora Veneta; Os Beats – Editora Benvirá)**

*Foto descrição [imagem 1]: Foto mostrando a petiana Luciana lendo sentada em um sofá cinza claro de costas para a câmera. Ela segura à esqueda uma Graphic Novel  aberta com desenhos preto e branco. Na página da esquerda pode-se ler o título “Gregory Corso” no topo da página. Luciana está vestindo uma blusa de gola vermelho escuro e uma calça cinza escuro. À direta na foto aparece seu cabelo enrolado castanho repartido para a esquerda;

**Foto descrição [imagem 2]: Na imagem aparecem as capas dos livros recomendados. Da esqueda para a direita, a primeiro capa é a de Fun Home, onde há um fundo bege claro, uma janela azul clara mostrando um homem sentado numa poltrona lendo um livro com uma estante de livros atrás dele. Os tons da capa são em azul claro, preto e branco, com o título da HQ e o subtítulo “Uma tragicomédia em família”, em tamanho menor que o título, centralizados em preto com fundo branco no topo. O nome de Alison Bechdel está em preto abaixo do parapeito da janela, que é azul. A segunda capa é a de Bordados, em que aparecem várias mulheres olhando para nós. Elas estão em preto e branco, o funda da capa é amarelo esverdeado. No topo, há o título Bordados centralizado, que está em vermelho, o nome da autora Marjane Satrapi e a logotipo da coleção da editora Quadrinhos na Cia centralizados em azul escuro. A terceira capa é a de Dois Irmãos, em que há repartido por um risco bege claro um rosto ao meio com as cores bege escuro e marrom alternadas, e o título está centralizado no topo em marrom, abaixo dos dizeres “Baseada na obra de Milton Hatoum” à esqueda e “quadrinhos na Cia.” à direita em marrom. Os nomes dos quadrinistas Fábio Moon na esquerda e Gabriel Bá na direita em bege claro abaixo do título. O fundo da imagem é com tons de vermelho e pinceladas de bege. A quarta capa é a de Cumbe, cujo título está em branco como o nome do autor Marcelo D’Salete embaixo do título, que está em tamanho bem maior. O fundo é azul anil e, em primeiro plano, há um homem de cabelos crespos e curtos, sem camisa e usando um colar, segurando uma lança. Há uma árvore ao seu lado esquerdo e plantas em baixo, onde há o nome da editora Veneta. No canto desse primeiro plano, longe do homem, há uma casa com escadas. A última capa é a de Os Beats, onde se intercalam as cores vermelho e amarelo. No topo, no meio e na parte de baixo, estão rostos de três homens, um em cada parte da capa, desde a raíz dos cabelos até a metade do nariz deles. Abaixo do primeiro homem há o título em vermelho, embaixo do título há o subtítulo “Uma graphic history” alinhado à esqueda em amarelo sobre uma linha vermelha que sublinha o título. E entre o homem que está na metade da capa e o que está mais em baixo, está escrito no centro “Roteiro de Harvey Pekar, Nancy J. Peters, Penelope Rosemont, Joyce Brabner, Trina Robbins e Tuli Kupferberg. Editado por Paul Buhle. Arte de Ed Piskor, Jay Kinney, Nick Thorkelson, Summer McClinton, Peter Kuper, Mary Fleener, Jerome Neukirch, Anne Timmons, Gary Dumm, Lance Tooks e Jeffrey Lewis”.

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