Você passa a noite em claro? Saiba como isso pode impactar a sua vida

21/03/2022 18:39

Isabella Flud,
Bolsista PET-Letras
Letras – Português

Sabe quando você não conseguiu dormir muito bem na noite passada e não compreende o conteúdo da aula no dia seguinte? Ou, até mesmo, quando você passa a madrugada em claro e acha que seu organismo não sofrerá as consequências? Pois bem, quer saber o porquê tudo isso acontece? A neurociência explica!

O professor doutor e divulgador científico Andrei Mayer, no quinto episódio de seu podcast intitulado “A culpa é do cérebro”, fala sobre a importância e a relevância do sono atreladas à qualidade de vida.

O sono é essencial para a saúde e para o bem-estar, não só para os humanos, mas para todas as espécies, já que passamos ⅓ da nossa vida dormindo. É uma necessidade primária, assim como comer e beber água. Além de ser imprescindível, uma noite mal dormida também afeta aspectos que estão ligados diretamente ao nosso cotidiano, como o humor, a motivação, a ansiedade, a capacidade de ter foco, entre outros.

Fonte da imagem: Banco de imagens do Canva

É provável que todos(as) já tenhamos passado noites em claro ou sem dormir bem, a maioria de nós, provavelmente, considera isso completamente inofensivo, embora seja bem divulgado que perder o sono tem efeitos dramáticos em nossas vidas, inclusive, nas habilidades mentais. A privação do sono pode nos deixar mal-humorados e irritados, justamente porque prejudica as funções cerebrais, como a tomada de decisões. Já é hora de acreditarmos e aceitarmos isso, não é mesmo?

O fato é que dormir menos do que o necessário também pode desencadear doenças e distúrbios. Estudos, como Roh et al. (2012), mostram que noites de privação de sono resultam no acúmulo de uma proteína no cérebro que está relacionada à doença de Alzheimer, destacando, mais uma vez, a importância de uma boa noite de sono para a saúde, inclusive para a do cérebro.

Por isso, reflita sobre como você tem passado as últimas noites e veja se o seu sono está sendo o suficiente. Alguns recomendam que se tenha entre sete e nove horas de sono por noite. Então, suas horas de sono tem sido o bastante para que você acorde descansado(a) e bem disposto(a)?

 Andrei Mayer e tantos outros pesquisadores — que também foram citados neste artigo — nos alertam que a falta de sono é acumulativa, ou seja, os resultados de cada noite mal dormida serão acumulados, aos poucos, em seu organismo. A única forma para resolver este problema é dormindo! O nosso aprendizado depende desse processo, já que dormir é um dos meios de consolidar a nossa memória.

Há um preço que o nosso corpo paga após uma noite em claro, isso é inegável. E a ciência consegue comprovar isso! Uma sugestão de leitura é o artigo de Van Dongen et al. (2004) intitulado, em tradução livre, “O custo cumulativo da vigília adicional: efeitos dose-resposta nas funções neurocomportamentais e fisiologia do sono da restrição crônica do sono e privação total do sono”, que trata sobre o efeito acumulativo da privação de sono, inclusive, a longo prazo.

Outra produção é a de Simon et al. (2020), sob o título, em tradução livre, “Muito ansioso e mal dormido”, que aborda a relação entre a falta de sono e a ansiedade, ou seja, dormir bem também pode contribuir positivamente com a melhora de um quadro clínico. Para concluir, também temos o artigo de Xie et al. (2013) sobre o processo de “limpeza” que acontece no cérebro enquanto dormimos.

Ainda ficou curioso e quer ler mais sobre o assunto? Que tal ler: “Por que nós dormimos?”, uma excelente obra escrita pelo neurocientista Matthew Walker e publicada pela editora Intrínseca em 2018.

Durma bem! 😉

Descrição*: Uma mulher negra com o cabelo enrolado castanho escuro, vestindo uma camisola listrada cinza e que está deitada em uma cama branca, com sua cabeça apoiada em um travesseiro branco e preto. Este fundo está desfocado. Em primeiro plano, há um móvel branco com um relógio preto e branco marcando o horário das 5h40, provavelmente, da manhã.

Referências:

SIMON, B; et al. Overanxious and underslept. Nature Human Behaviour, v. 4, p. 100-110, 2020.

ROH, J; et al. Disruption of the sleep-wake cycle and diurnal fluctuation of β-amyloid in mice with Alzheimer’s disease pathology. Science translational medicine, v. 4, n.150, 2012.

VAN DONGEN, H; et al. The cumulative cost of additional wakefulness: dose-response effects on neurobehavioral functions and sleep physiology from chronic sleep restriction and total sleep deprivation. Sleep. v. 25, n. 2, 2003.

XIE, L; et al. Sleep drives metabolite clearance from the adult brain. Nova York: Science, v. 342, n. 6156, 2013.

WALKER, M. Por que nós dormimos? São Paulo: Intrínseca, 2018.

Comments

Tags: comunicaPET