Dedico este texto aos não tão amantes da literatura

15/06/2020 21:25

Sarah Ortega,
Bolsista PET-Letras
Letras – Espanhol

Na bolha social de uma estudante de Letras, a leitura, nesta época de quarentena, tem aumentado exponencialmente. A curiosidade e, ouso dizer, até mesmo, a necessidade para compreender, refletir ou usá-la como válvula de escape para as diferentes realidades caóticas que estamos e sempre estivemos — mas que para alguns foi aflorada somente pela pandemia — é um sustento para uma mente saudável. Contudo, ao mesmo tempo, observo mais atentamente alguns, inclusive familiares, para quem a literatura não se fez amiga e é para eles que escrevo. Hei de recomendar alguns clássicos nacionais que rompem com o estereótipo de que a leitura seria monotonia e incompreensível subjetividade.

A leitura de clássicos literários é, muitas vezes, associada a um livro gigantesco, tedioso e de difícil entendimento, mas que de alguma forma se fez famoso. Não se engane, alguns fazem jus à fama, mas aqui vou recomendar aqueles que, a meu ver, dão gosto de ler, que afloram diferentes sentimentos e com uma quantidade nada “indecente” de páginas.

Fonte: Arquivo pessoal. Montagem com Caio, Lygia e Nelson, feita pela autora*

Um gênero que em minha opinião é divertidíssimo para começar é a peça de teatro. Acredite! Ler é tão intrigante quanto fazer performance. Assim, escolho o queridinho, mas polêmico, Nelson Rodrigues e seu livro Beijo no Asfalto. Dramaturgo que teve suas peças adaptadas em novelas da Rede Globo de Televisão, Nelson é para aquela tia conservadora que gosta de ouvir uma fofoca trágica. Acredite! O final da obra irá impactá-la.

Aproveitando o solo de leituras provocativas, Morangos Mofados de Caio Fernando de Abreu não poderia faltar, com críticas ácidas e dissimuladas, é um ótimo livro para ler em uma bela tarde de inverno acompanhado de um chá, mas cuidado para não queimar a língua com a escrita excitante do autor.

Por último, deixo o palco com a grande escritora paulista Lygia Fagundes Telles, uma grande contista brasileira que ganhou o Prêmio Camões e qualquer coração humano que a ler. Essa mulher não tem piedade de seus leitores. Com uma narração, muitas vezes, simples, esconde uma vastidão de dúvidas e possíveis acontecimentos, aquela pegada de “Capitu: traiu ou não?”, fica a escolha do leitor — traiu não, mas deveria; e, se traiu, traiu pouco —, mas como a própria escritora diria em seu conto Potyra — para mim não há outra frase que mais traduza sua literatura: “Não peça coerência ao mistério nem lógica ao absurdo”.

Compartilhe essa matéria com seus familiares e os incentive a se entregar a leitura!

Leia bastante, não somente nessa quarenta! Fica a dica!

* fotodescrição: imagem em fundo preto com riscos cinzas. Há uma colagem em preto e branco com três rostos. No canto esquerdo está Caio Fernando de Abreu, é um homem branco, com sobrancelhas grossas e cabelo raspado, usa óculos e tem suas mãos cruzadas de forma a tapar seus lábios inferiores. Em seu lado direito, e ao meio, está Lygia Fagundes Telles, uma mulher branca com finas sobrancelhas, usa batom, tem um cabelo liso e dividido de lado. Ao seu lado direito, no canto esquerdo da imagem, está Nelson Rodrigues, é um homem branco que tem sobrancelhas grossas, cabelo liso penteado para trás e tem sua mão esquerda posicionada com o polegar para o alto e o indicador para frente.

 

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