DE FÉRIAS COM O PET | Odoyá e o dia 2 de fevereiro

05/02/2024 07:50

                                        Por Tay Muller

Bacharelado em Letras-Libras

Bolsista Acessibilidade PET-Letras

Quanto nome tem a Rainha do Mar? “Dandalunda, Janaína, Marabô, Princesa de Aiocá, Inaê, Sereia, Mucunã, Maria, Dona YEMANJÁ”.   Esse trecho compõe a música Yemanjá – Rainha do Mar, do disco Voz Nagô- Afro samba de Pedro Amorim e Paulo Cezar Pinheiro, de 2017. É interpretada de forma magnífica por Maria Bethânia: cantora, compositora, produtora, atriz e poetisa brasileira. Essa música apresenta algumas das variações dos nomes dados a Iemanjá em diversas regiões do Brasil. Iemanjá é a Orixá das águas salgadas, dos mares, mãe de todos os Orixás, mãe das cabeças tendo como tradução do nome “mãe cujos filhos são peixes”.

 Dia 2 de fevereiro é um dia de festa para as religiões de matriz Africana como a Umbanda e o Candomblé: celebra-se o dia de Iemanjá. Essa festa é celebrada na praia, com homenagens e oferendas. Alguns Orixás são mais conhecidos aqui no Brasil, mas existem muitos outros e essa diferença existe pois o culto ao Orixá em África acontece de forma diferente. Alguns Orixás são mais conhecidos no Brasil pois são citados em ritmos musicais populares como no samba e no axé, eternizados nas vozes de cantores muito conhecidos e queridos – estes cantores em sua maioria fazendo parte de terreiros, trazendo para sua música as influências afro-brasileiras.  Alguns Orixás são também mais conhecidos pois na época da escravização do povo africano, para conseguir seguir seus rituais, os escravizados utilizaram imagens de santos famosos como São Jorge e Nossa Senhora dos navegantes, para cultuar, respectivamente, Ogum e Iemanjá.

Descrição da imagem: imagem de festa do Terreiro do Asas de Aruanda; é uma vista aérea; tem como primeiro plano areia da praia, com várias pessoas posicionadas em forma oval, em várias filas. Ao centro, pessoas de branco abaixadas e voltadas para um ponto do lado direito, o congá (equivalente a um altar). Na parte de abaixo da imagem, temos 4 barracas de praia.

Fonte@Rafael_paz

 

 

Mas não apenas pessoas participantes dos terreiros vão a estas festas. Como vemos nas imagens deste texto, as pessoas mais ao centro, abaixadas são os médiuns; ao redor, os visitantes.  Pessoas de diversas religiões frequentam não apenas as festas, mas também os terreiros e barracões atrás das “macumbas” (nome usado de forma pejorativa), “encantamento”, “feitiços”, “curas” ou “trabalhos” (são diversos os nomes, para o que se faz nesses espaços); utilizam os ritos da cultura Afro e os costumes já enraizados na cultura popular brasileira, mas não falam a ninguém por vergonha ou preconceito e por vezes; muitos nem conhecem o significado destes costumes populares de que fazem uso. Por exemplo: pular 7 ondas no mar, na virada do ano novo, é uma prática para que se faça desejos para o ano que começa. Entretanto, de onde vem as 7 ondas? E os 7 desejos? Dentro de algumas crenças Afro, 7 ondas são a distância para adentrar ao reino de Iemanjá – mas o resto da história foi aumentando a cada conto.

Mais do que religião, os Terreiros e as festas são espaços de cultura, oportunidades de conhecer partes invisibilizadas do povo preto que constituem o imaginário popular dos nossos costumes e nossa língua, ensinamentos orais e perspectivas de mundo diferentes das que estamos habituados. Os Terreiros são espaços de acolhimento de corpos marginalizados e rejeitados pela sociedade espaços de reconstrução de pessoas. E as festas promovidas por esses locais são um momento muito importante para que essa herança de racismo e preconceito religioso se dissolva e possamos encontrar cada vez mais celebrações mais diversas e respeitosas sem que, a cada momento, seja noticiada uma violência contra estes espaços e pessoas.

Descrição da imagem: amplificação da imagem anterior. Vemos a mesma imagem de cima e tudo fica pequeno. Do lado esquerdo temos uma vegetação verde rasteira; abaixo, uma estrada com uma fila de carros com as luzes acesas, pedras em direção a areia da praia; pisando na areia, várias pessoas (em torno de 600) posicionadas em forma oval em várias filas, aumentando o tamanho circular/ oval. Ao centro, pessoas de branco abaixadas e voltadas para um ponto do lado direito, o congá (equivalente a um altar). Na parte de abaixo da imagem, temos 4 barracas de praia.

Fonte@Rafael_paz

 

 

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