Comunicação não violenta: uma forma empática de se relacionar

30/11/2020 19:12

Mayumi Motta Esmeraldino,
Bolsista PET-Letras
Letras Francês

Você já ouviu falar em Comunicação não violenta? Sabe como funciona e para que serve?

A CNV (Comunicação não violenta) foi desenvolvida pelo psicólogo norte americano Marshall Rosenberg, que após crescer em uma realidade inamistosa queria entender como pessoas que passaram por situações hostis conseguiam desenvolver relações afetuosas. Trata-se de uma metodologia comunicacional baseada na observação de si e do outro, que leva a conexões mais profundas, motiva o indivíduo a ter maior compaixão e o auxilia no desenvolvimento da empatia.

Fonte: imagem da internet*

Com a utilização da CNV é possível desenvolver relações mais afetuosas, se libertar das falhas de comunicação, ser claro sem ofender, resolver conflitos de maneira amorosa e ainda distinguir emoções de sentimentos. As comunicações ficam mais fluidas, a divergência se perde e nossas falas passam a um lugar de maior conivência com os nossos valores, gerando relações mais significativas e verdadeiras.

A CNV se desenvolve em quatro passos não mecânicos, que nos ajudam a organizar e entender nossas ideias, sentimentos e necessidades para comunicar. São eles a observação, sentimentos, necessidades e pedido.

(1) Observação: o primeiro passo da CNV é observar de maneira mais neutra possível o que está acontecendo em determinada situação, o que incomoda ou não em nós e no outro, sem criar julgamentos. O julgamento nos afasta de uma escuta empática, desvalidando o outro e consequentemente nos coloca em uma linguagem de defesa, o que pode gerar conflito.

(2) Sentimentos: o segundo passo da CNV, após observar de maneira neutra, é a distinção do que é emoção e do que é sentimento. A partir disso, identificamos quais sentimentos estão sendo gerados em nós e no outro com determinada situação. É importante que esses sentimentos sejam nomeados para que possam ser expressados. Mágoa, medo, raiva, felicidade etc.

(3) Necessidades: o terceiro passo é onde encontramos a empatia. Ao conseguirmos entender a necessidade do outro, que está intrinsicamente ligada aos sentimentos gerados, conseguimos também nos colocar no lugar dele, nos igualamos e então a empatia é criada. Da mesma forma, podemos perceber as nossas próprias necessidades. Rosenberg afirma que por trás de todo comportamento agressivo existe uma necessidade não atendida. Quando expressamos o que necessitamos deixando explícito os sentimentos ligados ao que queremos, com compaixão e empatia, as probabilidades de sermos atendidos é muito maior.

Um exemplo que Rosenberg dá em seu livro, intitulado Comunicação Não Violenta, exemplifica de forma simples estes três primeiros passos.

Roberto, quando eu vejo duas bolas de meias sujas debaixo da mesinha e mais três perto da TV (observação), fico irritada (sentimento), porque preciso de mais ordem no espaço que usamos em comum (necessidade). (ROSENBERG, 2003, p. 26).

(4) Pedido: o pedido possivelmente é o passo mais difícil, pois precisa ser específico. Do contrário, os passos anteriores não surtirão os efeitos desejados. Rosenberg sugere que nesse passo se usa uma linguagem positiva, em forma de afirmação e que se evite solicitações vagas.

Você poderia colocar suas meias no seu quarto ou na lavadora? (ROSENBERG, 2003, p. 26).

A CNV é uma forma de reavaliarmos a nossa forma de falar e de escutar, de criar uma ponte para comunicações mais eficazes, de inclusão do diferente e, ainda, de autoconhecimento. Reconhecer o que sentimos, o que necessitamos e fazer pedidos, nos tira do piloto automático, tornando-se assim um grande desafio, mas que pode ser um agente transformador para uma sociedade mais evoluída. A CNV pode ser aplicada nas relações afetivas, familiares, no trabalho e até mesmo com desconhecidos, basta que se esteja aberto a se aprofundar em si e no outro.

Agora que você já conhece a CNV, vamos praticá-la!

Referência: 
ROSENBERG, Marshall. Comunicação Não Violenta: técnicas para aprimorar relacionamentos pessoais e profissionais. 2. ed. São Paulo: Ágora, 2003.

* descrição da imagem: desenho texturizado do perfil de duas pessoas destacadas em cinza de frente uma para a outra diante de um fundo rosa pastel.  À esquerda há uma pessoa que tem, dentro de sua cabeça, uma nuvem azul caindo gotas de chuva e dois raios amarelos saindo dessa nuvem. Ela toca a pessoa da direita colocando a mão sobre o ombro dela. A pessoa da direita tem,  dentro de sua cabeça, uma nuvem azul menor com menos gotas de chuva e um sol resplandecente amarelo saindo de trás da nuvem para sua direita.

 

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