AFINAL, O QUE É O AMOR? Um diálogo com bell hooks
Mayumi Motta Esmeraldino,
Bolsista PET Letras
Letras – Francês
Vivemos em uma sociedade que está sempre à busca do amor. Seja ele romântico, parental, espiritual ou, até mesmo, o amor-próprio. Nos deparamos, por incontáveis vezes, ao longo da nossa vida, com filmes, músicas, livros, obras de arte e até crenças religiosas que nos ditam o que é o amor e como devemos amar. Por isso e por outros motivos, o amor passa a ser o centro de todas as nossas angústias, anseios, medos e desejos.
Quer a gente se identifique como pessoas amáveis e que amam intensamente, quer a gente se identifique como pessoas com um perfil mais cético, que vê o amor como uma equação e que diz não precisar dele; a verdade é que, cada um de nós, quando se depara com o amor, se dá conta de que aquilo que deveria ser amor, talvez não seja. Ainda que, mesmo com tantos ensinamentos, no fundo, nós não saibamos realmente amar, pois sequer sabemos o que de fato é o amor.
bell hooks em seu livro Tudo Sobre o Amor: novas perspectivas traz inúmeras e interessantíssimas reflexões sobre o amor e sobre a sua relação com a sociedade. Com toda sua genialidade, a autora mostra, mais uma vez, que política é tão inerente à existência humana que podemos vê-la, até mesmo, quando o assunto é amor.
Fonte: capa do livro retirada da internet*
No decorrer de treze capítulos, em que cada um deles nos mostra uma forma de manifestação do amor, a autora traz uma reflexão importante a todos nós. Desde muito cedo, ouvimos e aprendemos a falar “eu te amo” para aqueles que deveríamos amar; utilizamos “amor” como apelido carinhoso; e colocamos a palavra em todas as nossas ações, sem antes entender o que é amor. Uma vez que aprendemos a palavra (“amor”), continuamos dizendo “eu te amo” em diversas situações, para diferentes pessoas, até que, em algum momento, a força da palavra perde a sua real essência e o “eu te amo” passa a ser algo quase banal.
Será que uma mudança de definição ortográfica teria o poder de mudar a maneira como entendemos o amor? bell hooks, logo nas primeiras páginas de seu livro Tudo Sobre o Amor, Novas Perspectivas, nos instiga a pensar que se parássemos de conceituar o amor como substantivo, mas, sim, como verbo, talvez chegássemos mais perto do que o amor realmente pode ser. Para isso, ela cita a definição do psiquiatra “M. Scott Peck”
“O amor é o que o amor faz. Amar é um ato de vontade — isto é, tanto uma intenção como uma ação. A vontade também implica escolha. Amar é um ato da vontade”. (citado por hooks, p. 47).
A partir dessa citação, já fica claro que a autora não só descontrói as concepções comuns sobre o que é amor, mas nos leva a desconstruirmos e reconstruirmos o amor em nós mesmos. Construir o significado de amor em cima de definições errôneas, ou de definição nenhuma, torna muito difícil nos tornamos seres amorosos e amarmos ao próximo quando amadurecemos. Sendo assim, essa não é uma questão que atinge apenas a nossa individualidade. Ao nos construirmos como indivíduos que não compreendem o amor, construímos uma sociedade que também não sabe como amar.
E você, já se perguntou o que é amor?
Se sim, convidamos você a entrar nesse diálogo com bell hooks; se não, que tal aproveitar essa pergunta para iniciar suas reflexões e se preparar para dialogar com ela.
Referência:
hooks, bell. Tudo sobre o amor: novas perspectivas. tradução Stephanie Borges. São Paulo: Efefante, 2021. 272p.
*Descrição da imagem: Fundo verde musgo com a capa de um livro de bordas arredondadas ao centro. a capa do livro tem fundo na cor vermelha e está escrito em roxo, ocupando mais da metade da capa, “bell hooks”, logo abaixo, na cor creme: “tudo sobre amor”; e abaixo da palavra “amor” está escrito, em branco: “novas perspectivas”.
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