Quem seremos nós quando a pandemia acabar?
Vítor Pluceno Behnck,
Bolsista PET-Letras
Letras – Inglês
Há algum tempo, eu estava conversando com uma amiga sobre as coisas que deixei de fazer antes da pandemia e o quanto me arrependia por não as ter feito: participar do carnaval, pela primeira vez; iniciar a natação; ir em mais festas e ao bar; sair com o namorado para o cinema… A lista de arrependimentos e vontades que ficaram para trás aumenta ao passo em que a pandemia não finda. E a ansiedade, potencializada pela vida estagnada há quase dois anos, se agrava. De acordo com a segunda edição da pesquisa “Juventudes e a Pandemia do Coronavírus”, do Conselho Nacional da Juventude (Conjuve), seis a cada 10 jovens entrevistados relataram terem sentido ansiedade e usado exageradamente as redes sociais, durante a pandemia; e, outros 51%, também, apontaram que sentiram exaustão ou cansaço.
Fonte: Arquivo pessoal do autor*
Você, leitor, provavelmente, se vê nesses dados, assim como eu: do dia pra noite, não havia perspectiva de futuro. A vida se resumiu ao se isolar dos outros, resultando no isolamento de nós mesmos, pois a falta de convivência dificulta as trocas sociais que constituem nossas subjetividades. De repente, a satisfação de nossos desejos foi suspensa e adiada ad infinitum, sem previsão de voltar, gerando frustração, angústia e tristeza. Em um país como o Brasil, que chegou a registrar três mil mortes diárias por conta da COVID-19, qual o espaço que sobra para a preocupação com o bem-estar emocional da juventude? O que sobrará de nós e quem seremos nós quando a pandemia acabar?
O mal-estar geracional causado pela pandemia certamente persistirá nas entrelinhas da nossa sociedade. O descontentamento, o isolamento e a súbita virtualização da vida trarão impactos significativos nos nossos modos de vida e de consumo, constituindo novas problemáticas, no que diz respeito à saúde mental coletiva e a maneira com que nos relacionamos e vivemos em comunidade. Por ora, me apego a um conselho muito sábio que uma amiga me deu durante uma de nossas conversas: “tudo poderá ser melhor, como nunca foi”. Queridos leitores e amigos: nós sairemos dessa! Pularemos em festas, beberemos cerveja na mesa do bar, suaremos muito, nas imensas filas do Restaurante Universitário. Faremos tudo o que queríamos poder ter feito e o que ainda não sabíamos que queríamos. Tudo poderá ser melhor, como nunca foi. E com certeza será!
*Fotodescrição: imagem de uma placa de concreto com o logotipo da UFSC. A placa está suja, com a pintura desgastada, e repleta de fungos, como líquens, e algumas outras plantas acopladas em toda a placa. Ao fundo, é possível ver árvores e, ao lado direito, um prédio da UFSC, com uma pessoa caminhando na calçada.
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