Através dos olhos de Rigoberta Menchú
Sarah de Carvalho Ortega,
Bolsista PET Letras
Letras – Espanhol
Você já ouviu falar sobre Rigoberta Menchú? Mulher que, apesar de ter realizado inúmeras ações dignas de reconhecimento, ainda permanece oculta. Uma das poucas ganhadoras do Nobel da Paz, Menchú revolucionou a história guatemalteca. Com o intuito de compartilhar mais sobre sua trajetória, segue uma breve apresentação de uma das obras dedicadas a ela.
O livro “Me llamo Rigoberta Menchú y así me nació mi conciencia”, escrito por Elizabeth Burgos, dedicou-se a narrar a vida de Rigoberta, de maneira sensível, levando o leitor a conhecer parte da cultura quiche e, sobretudo, as diferentes violencias simbólicas sofridas pelos indígenas. Tal obra não se minimiza a uma mera biografia, mas fala sobre a vida de uma comunidade expressa de maneira subjetiva e complexa.
Fonte: Imagem da Internet*
É válido ressaltar que o livro foi produzido de forma distinta: Rigoberta, nascida em 1959, um ano antes da Guerra Civil da Guatemala (1960-1966), conta oralmente sua história no idioma espanhol, uma língua que começou a estudar há apenas três anos. Enquanto narrava partes de sua vida, a escritora gravou audios de maneira que, pode preservar na escrita a forma e as estruturas linguísticas utilizadas. Mais além, o livro está dividido em trinta e três capítulos que objetivam expor momentos de sua vida desde a infância, compartilhando práticas culturais de sua comunidade, até o início de sua militância na história da Guatemala.
Ao longo da leitura, Rigoberta relata a relação do indígena com o trabalho, desde os produzidos na comunidade até os das Fincas — terras pertencentes a famílias ricas, responsáveis pela exploração em massa e, por consequência, pela morte de muitos indígenas. Nestes capítulos iniciais, a narrativa foca em descrever a relação de sua comunidade com a natureza, as relações sociais e suas tradições, contrastando-as com as relações familiares dos ladinos.
Posteriormente, é possível observar na história de Menchú seu crescimento político tendo como exemplo seus familiares, abarcando o desenvolver nas ações de militância e da própria consciência das múltiplas violências as quais foi submetida. Ao fim, é inegável concluir que o livro de Rigoberta envolve o leitor em sua narrativa, convidando-o a inúmeras reflexões, uma obra essencial para a compreensão da história da Guatemala e, portanto, dos povos indígenas.
*Foto Descrição: Na foto, o rosto Rigoberta Menchú, uma mulher indígena de pele parda, veste uma blusa colorida com estampas bordadas e usa um colar vermelho com uma grande medalha de cor prata e usa, também, um brinco de pedrinhas brancas. Tem seus cabelos, pretos e lisos, presos, e sobre a cabeça um lenço com listras de diversas cores. Ao fundo, há uma parede de tom bege claro. Seu olhar está direcionado para o canto direito e esboça um sorriso.
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