“Os problemas nas aulas on-line e propostas de solução”: assinado, uma professora.

03/11/2020 16:29

Luciana dos Santos,
Voluntária PET-Letras
Letras – Inglês

Como muitos(as) professores(as), sofri com a necessidade de ensinar de forma remota durante a pandemia. Ninguém esperava por isso. E eu, por exemplo, nunca tive a intenção de dar aulas on-line. Contudo, a vida mudou da noite para o dia e todos(as) tivemos que nos adaptar à nova realidade, denominada por alguns de “novo normal”, e aos problemas que ela trouxe.

É evidente que nós podemos aprender com essa situação e nos tornarmos melhores profissionais. No entanto, isso é um processo e, como todo processo, leva tempo. Ele requer reflexão sobre os problemas que vão surgindo e suas causas, demandando proatividade para encontrar soluções, bem como flexibilidade para mudar.

Fonte: Arquivo pessoal

Considerando isso, discuto os principais problemas que enfrentei durante esse período e apresento algumas soluções que encontrei e que podem ajudar outros(as) professores(as):

1- Escolher a plataforma de reunião on-line que você usará para ensinar: Zoom, Google Meet, Big Blue Button, Jitsi, Skype, Conferênciaweb etc. São tantas opções, certo? Então, como podemos escolher?

Minha sugestão é perguntar a seus(uas) amigos(as) e colegas quais plataformas eles(as) conhecem e utilizam e, em seguida, testar o máximo de sites / aplicativos que puder com seus(uas) alunos(as). E está tudo bem se você não encontrar a plataforma perfeita na primeira tentativa. Portanto, minha sugestão é que você escolha a que tiver mais funções para uma aula mais dinâmica, como salas separadas onde os(as) alunos(as) podem fazer atividades em pequenos grupos e em pares.

2- Como disponibilizar o material para os alunos?

Como você enfrentará situações em que seus(uas) alunos(as) podem ter problemas de conexão, ou talvez você mesmo(a) tenha esse problema e desapareça no meio da aula, é necessário disponibilizar o material posteriormente. Meu conselho é criar uma turma no Google Classroom ou no Edmodo. Você pode postar qualquer coisa lá: o material da aula, tarefas para os(as) alunos(as) fazerem, curiosidades, informações sobre o conteúdo ministrado em aula, memes e vídeos que se relacionam aos conteúdos, ou seja, qualquer coisa que seja relevante à sua aula.

3- As aulas on-line têm um rendimento diferente do das aulas presenciais. Em outras palavras, você se verá criando planos de ensino e planos de aula longos e produtivos, mas nem sempre será capaz de concretizar tudo o que planejou.

Isso ocorre por vários motivos: assistir às aulas on-line demanda uma dinâmica diferenciada e um outro foco atencional. Pode-se dizer que fica mais difícil prestar atenção quando você está em casa, precisando fazer o seu almoço e limpar a casa, por exemplo, ou enquanto toma sol pela janela. Viver um acontecimento histórico chamado “2020”, “COVID-19”, “crise do coronavírus”, ou sei lá como vai chamado esse período em que vivemos hoje, exige muito de cada um de nós, tanto física quanto emocionalmente. E nós, professores(as), não podemos resolver esse tipo problema, por mais que você receba de seus(uas) alunos(as) feedback-desabafos sobre o quanto as aulas presenciais eram melhores para eles(as).

Entretanto, você pode tentar ser mais flexível. Então, faça aulas de Yoga! Brincadeira! Seja flexível e compreensivo(a) com seus(uas) alunos(as) e com você mesmo(a). Ensine, sim, a eles(as) conteúdos relevantes que podem melhorar suas vidas, mas ao menos tente fazer isso de forma um pouco mais leve, priorizando as conexões humanas nesta situação em que você e seus(uas) alunos(as) estão separados(as) e restritos(as) por ferramentas tecnológicas de uma forma um tanto quanto “robotizada”.

4- Você não tem uma resposta tão imediata dos(as) alunos(as) como tem durante as aulas presenciais.

Por isso, durante as aulas, sempre pergunte aos alunos se eles estão bem, peça que liguem a câmera e, se não puderem ou não quiserem fazer isso, peça que respondam via microfone ou chat. Todavia, pergunte se está tudo bem o tempo todo.

5- Ausência por esquecimento da aula. Na quarentena, às vezes, as pessoas não sabem que dia é hoje, que horas são…

Portanto, peça a eles(as) para programarem alarmes e configure, você mesmo(a), lembretes no Google Agenda, por exemplo. E se isso ainda acontecer, seja paciente e tente não levar isso para o lado pessoal. Vivemos tempos complicados em que podemos nos perder em meio às rotinas.

6- Às vezes, os(as) alunos(as) — e você — não estarão tão engajados ou motivados.

Nessas situações, você pode propor aos(às) alunos(as) atividades mais interativas, mais divertidas, nas quais se converse mais. Além de poder explorar jogos durante as aulas. E é importante que você se anime, então prepare um bom espaço em sua casa para dar as aulas, se arrume, e faça dessa ocasião um ótimo momento de interação com seus(uas) alunos(as). Brinque com eles(as).

7- É difícil avaliar se você está exigindo muito ou pouco deles(as).

Alguns(mas) alunos(as) são mais produtivos(as) e outros(as) ficam mais sobrecarregados. Todos nós estamos passando por tempos de produtividade e tempos de improdutividade no famigerado home office. E está tudo bem. Portanto, preste atenção se eles(as) estão fazendo o que você pede e que tipo de feedback eles(as) estão dando sobre as aulas (peça feedback regularmente).

Fonte: Internet*

E meu último conselho é, se você puder, participe de aulas como aluno(a). Esta é uma ótima oportunidade de ver como outros(as) professores(as) estão trabalhando, inspirar-se e, também, entender melhor o ponto de vista de seus(uas) alunos(as).

* Descrição: Imagem de um twite de W. Todd Kaneko (@ToddKaneko). Na sua imagem de perfil, ele é um homem careca, que usa óculos de grau e tem uma barba comprida, atrás dele há livros. O twite está em letras pretas em fundo branco. Nele se pode lerO twite diz: Dear student emailing to assure me you are usually a better student than you have been so far in our class this semester: You are fine. I believe you. We are in a pandemic and I am usually a better teacher than I have been this semester, too. Signed, me. Tradução: Prezado aluno enviando um e-mail para me garantir que você geralmente é um aluno melhor do que tem sido até agora em nossa classe neste semestre: Você está bem. Eu acredito em você. Estamos em uma pandemia e geralmente sou um professor melhor do que fui neste semestre também. Assinado, eu.

** Descrição: Imagem com o print de uma aula na plataforma WebConferência, no topo, as câmeras do petiano Vitor à esquerda e da petiana Luciana à direita, e no meio duas alunas. No centro inferior, um slide com figuras em desenho de ativistas famosos e o título “Human rights activists” em um fundo roxo.

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