Percepção musical dos surdos e sua relação com os sons e a vibração

25/07/2024 14:14

Por Andreza Vitória Bobsin Batista

Bolsista de Acessibilidade PET-Letras

Letras-Libras

 

Há muitos de identidades surdas. Um surdo pode tocar pandeiro, bateria, chocalho, tamborim, triângulo e tambores de maneira geral por conta da vibração, que deixa tudo mais perceptível para eles. Um surdo tem a visão e vibração, e, por isso, consegue se concentrar na música e dançar.

Descrição da Imagem: um DJ (Afonso Loss) no centro. Ao fundo, pessoas com instrumentos musicais e camisetas onde se lê “Surdodum”

Fonte: produzido pela autora

Os surdos conseguem desfrutar da música por meio de vibrações, por sons e de forma visual. As pessoas surdas sentem a música de dois jeitos diferentes: por meio de vibração ou por meio da interpretação da Língua Brasileira de Sinais- Libras. Por não conseguir ouvir, sentem a música pela vibração no corpo e também pela visão – por exemplo quando uma pessoa utiliza uma dança se movimentando e o surdo visualiza e copia todos os movimentos, gestos e expressões do artista. Deste modo existe uma ajuda para sentir a música, permitindo aguçar o sentido de percepção e ampliando o espectro de captação.

Os eventos que geralmente são promovidos por associações de surdos, e conta com a presença de surdos e ouvinte, os surdos gostam de dançar. A música faz parte da cultura surda e por sua vez que quando eles se reencontram sentem mais necessidade da vibração da música e da dança. A cultura surda é o modo como o surdo compreende o mundo a fim de modificá-lo tornando mais acessível e habitável de acordo com ajustes das percepções visuais que contribuem nas diferentes identidades e comunidades surdas. (Strobel, 2020, p. 30). Sendo assim, essa identidade envolve a língua, as ideias, as crenças, os costumes e os hábitos para os surdos.

‘’[…] As identidades surdas são construídas dentro das representações possíveis da cultura surda, elas moldam-se de acordo com maior ou menor receptividade cultural assumida pelo sujeito. E dentro dessa receptividade cultural, também surge aquela luta política ou consciência o posicional pela qual o indivíduo representa a si mesmo, se defende da homogeneização, dos aspectos que o tornam corpo menos habitável, da sensação de invalidez, de inclusão entre os deficientes, de menos valia social”. (Perlin, 2014, p. 77-78).

No caso da música, ainda, a maioria dos surdos procuram imitar os passos de dança e tenta adivinhar os ritmos musicais que estão sendo tocados. Eles, também observam os outros dançando ou dançam à sua maneira: “bailes e festas de cultura surda não têm regras de ritmo musical correto e muitas vezes, acontece que quando acaba a música, eles continuam dançando” (Strobel, 2008, p. 64).

REFERÊNCIAS

PERLIN, Gladis. História cultural dos surdos: desafio contemporâneo. Educar em Revista, Curitiba, v. 2, n. 1, p. 17-31, ago. 2014.

 

STROBEL, Karin. As imagens do outro sobre a cultura surda. Florianópolis: Editora Ufsc, 2020.

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