Greve Estudantil no CCE da UFSC: Estudantes em Luta por Condições Dignas

14/06/2024 12:18

Ingryd Lima e Manoela Raymundo

Letras-Inglês

Bolsistas PET-Letras

Descrição da Imagem 1:. Um cartaz feito por alunos do CCE. Nele, está escrito em caixa alta: “PERIGO É NORMALIZAR A PRECARIZAÇÃO!”. Foto retirada do perfil instagram @ocupacce.ufsc.

 

Em um cenário de descontentamento, diversos estudantes do Centro de Comunicação e Expressão (CCE) da Universidade Federal Santa Catarina (UFSC) declararam estado greve em 28 de março de 2024, em conformidade com a paralisação docente iniciada em 07 de maio do mesmo ano. A assembleia estudantil decretou a mobilização por melhores condições de estudo, pesquisa e permanência. Em carta aberta à comunidade universitária destinada à Reitoria, os alunos expressaram suas demandas, preocupações e a insatisfação com a precariedade das condições estruturais dos prédios do Centro, que fornece cursos de Animação, Artes Cênicas, Cinema, Design, Jornalismo, os sete cursos de Letras da instituição e Secretariado Executivo.

Problemas Estruturais e Sanitários

Descrição da Imagem 2: A foto mostra as condições de uma sala de aula do CCE no período de chuvas constantes em Santa Catarina dos últimos meses, com cadeiras empilhadas umas em cima da outra e chão alagado. Foto retirada do perfil do instagram  @ocupacce.ufsc.

 

A carta dos estudantes denuncia uma série de problemas que comprometem a saúde e a segurança de toda a comunidade que frequenta o centro. No Bloco A do CCE (Centro de Comunicação e Expressão), por exemplo, há infiltrações que causam mofo nas salas de aulas e nos banheiros. Além do mofo, as salas de aula sofrem com maçanetas quebradas, forros caindo e cortinas defeituosas que impedem a visibilidade de projetores. Ademais, frequentemente, há inoperância nos banheiros, devido a goteiras, interdição de mictórios, vasos sanitários danificados, espelhos soltos e cupins que atacam as portas de madeira tanto das salas de aula quanto dos sanitários.

O Bloco B do mesmo centro, que abriga os cursos de pós-graduação e laboratórios, enfrenta situações igualmente precárias, enquanto o Bloco D, inaugurado em 2016, sofre com a falta de água devido a bebedores danificados. Este bloco também apresenta partes do teto abertas, paredes de concreto exposto e elevadores com falhas. Vale ressaltar que as obras do prédio C nunca foram concluídas; sendo assim, o prédio nunca foi inaugurado – ele sediaria as aulas do curso de Letras-Libras.

Críticas e demandas

Descrição da Imagem 3: Cartazes feitos por alunos do CCE. O primeiro, à esquerda, diz “Que conhecimento permanece quando os tetos desmoronam?” e, o segundo, à direita, “Paramos agora para não pararmos para SEMPRE! Letras na Luta”. Foto retirada do perfil do instagram do @call.ufsc.

Os estudantes criticam o governo atual por não cumprir suas promessas de campanha de reparar os danos causados pelos cortes orçamentários às universidades públicas feitos pelos governos anteriores. Como se sabe, a persistência desses cortes impactou severamente as universidades e seus gastos discricionários, essenciais para cobrir despesas básicas como luz e água, o que resolveria uma grande parte dos problemas enfrentados.

Em consequência dos cortes que prejudicam os gastos discricionários, algumas necessidades básicas do centro, como por exemplo, o conserto dos bebedouros e ar-condicionados, foram custeados pelo Departamento de Língua Estrangeira (DLLE) através de recursos arrecadados pelos Cursos Extracurriculares de Letras-Estrangeiras da UFSC.

Os discentes ressaltam que o bloqueio de R$119 milhões destinados à educação superior, realizado pelo governo atual, é considerado insuficiente pela ANDIFES (Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior). Segundo a associação, seria necessário um repasse mínimo de R$2,5 bilhões para garantir o funcionamento básico das instituições federais. O baixo valor do repasse impacta diretamente setores fundamentais da universidade, como o Restaurante Universitário, que pode ter suas atividades parcialmente ou totalmente afetadas. Por fim, a carta dos estudantes solicita uma mobilização coletiva da comunidade universitária e uma postura ativa da reitoria para pressionar o governo federal pela restituição orçamentária universitária.

 

Sessões Ordinárias do CUn e Resolução 132

Descrição da Imagem 4: Um cartaz feito por alunos do CCE foi fixado na porta de entrada do Bloco A do CCE. Nele, está escrito “Vamos lutar e ninguém vai impedir!”, acompanhado de um desenho de uma pessoa segurando uma bandeira. A imagem está em tons de cinza. Foto retirada do perfil do Instagram @ocupacce.ufsc.

 

Nos últimos meses, diversas Sessões Ordinárias Abertas vem acontecendo trazendo discussões estudantis que visam contemplar as necessidades dos discentes e dos envolvidos na greve. Em uma destas sessões, realizada no dia 28 de maio de 2024, foi discutida, votada e aprovada a Resolução Normativa Nº 132/2019, que garante a reposição das atividades afetadas devido a paralisação dos estudantes. Além disso, a resolução também inclui a suspensão do controle de frequência e avaliação durante o período de paralisação.

Não só visando benefícios à comunidade discente, foi aprovada pelo CUn (Conselho Universitário), em Sessão Aberta, uma Moção de Apoio à greve dos TAEs (Técnico-administrativos da Educação) e Docentes, manifestando apoio à recomposição orçamentária da UFSC, à reestruturação das carreiras dos servidores docentes e técnico-administrativos e à recomposição salarial dos grupos. Visto que estas mudanças favoráveis à toda comunidade acadêmica foram aprovadas em Sessão Aberta, é essencial frisar a importância da participação estudantil dentro das questões que fundamentam a universidade e visam melhorar as condições da mesma.

 Engajamento Discente e Docente na greve estudantil no CCE

 

Dentre os estudantes do Centro de Comunicação e Expressão surgem diversos movimentos que visam mobilizar e informar estudantes em prol da organização e paralisação estudantil, como o CALL (Centro Acadêmico Livres de Letras) e outros centros acadêmicos. A participação discente na greve é fundamental para levantar reivindicações em prol da construção de uma educação pública efetiva de qualidade. Os estudantes possuem o papel central na identificação, exposição e expressão dos problemas estruturais e pedagógicos que afetam a comunidade acadêmica. Com a união e mobilização dos estudantes, as vozes da comunidade discente se amplificam, demonstrando comprometimento com o futuro da educação, pressionando as autoridades competentes a enxergarem as reivindicações e adotarem medidas concretas.

No caso do CCE da UFSC, a participação dos discentes na greve tem sido expressiva e organizada, através de movimentos como o OcupaCCE e do  CALL, que tem sido primordial para a mobilização e comunicação referente a paralisação estudantil. Tais grupos, através de posts e assembleias, reforçam a participação ativa nas discussões, no apoio às reivindicações estudantis por condições dignas de estudo e permanência na universidade, pois frisam a importância de tal participação para alcançar mudanças e garantir uma educação de qualidade.

Para aqueles que desejam obter informações sobre os acontecimentos da greve e apoiar a batalha estudantil, é fundamental acompanhar as atualizações nos perfis do Instagram do CALL (@call.ufsc) e do OcupaCCE (@ocupacce.ufsc). Esses canais fornecem informações em tempo real sobre as ações, reuniões e manifestações relacionados à greve, além de servir como um espaço para a discussão e engajamento da comunidade acadêmica.

Comments